segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

S03E04

"Fazia tempo em que Marcos não via seus amigos. Começou a trabalhar em uma agência de publicidade e há mais de um mês não via seu irmão, sua cunhada, Roberta e qualquer outra pessoa. Se dedicou ao máximo no fim do ano na faculdade, correndo atrás das notas que precisava e também se dedicou a aprender ao máximo as coisas do seu novo emprego.
Conversava muito pouco com Renato, estranhando passar mais tempo conversando com a cunhanda Anahí. Os dois estavam super bem juntos e estavam saindo, curtindo o namoro e até planejavam uma viagem para o fim do ano juntos, o que agradava Marcos, mas o deixava com uma pequena parcela de inveja, pois ele queria alguém assim com ele.
Roberta nunca mais deu as cara, entrou em semana de prova que parecia durar meses. Marcos sabia que, no fundo, era apenas uma desculpa para se distanciar e ele entendeu e nunca mais correu atrás dela.
Mas foi numa terça feira que a bola de neve, que havia parado de rolar, voltou. Estava andando em plena Avenida Paulista, debaixo de um sol ardente, com muita pressa que esbarrou-se, literalmente, na sua menina loira perfeita. Marcos andava com pressa, com seus fones no ouvido e os tirou assim que esbarrou na menina para se desculpar.
- Descul.... - Assim que avistou a menina, Marcos tirou seus óculos escuros e sorriu.
Roberta estava linda, com seus cabelos longos e loiros radiantes à luz do sol. A menina abriu um sorrisou ao ver o menino e o abraçou fortemente, gritando que estava com saudades.
E alí ficaram, parados em frente ao metrô, conversando sobre diversas coisas. Marcos contou as novidades sobre o novo emprego, sobre a faculdade e Roberta apenas falava o quanto corria com as provas e trabalhos pra entregar. Marcos não prestava muita atenção em nada que ele ou ela falavam, apenas ficavam deslumbrando o sorriso da menina, não se lembrava de como era sentir o coração bater tão rápido como naquele momento.
A conversa durou poucos minutos e os dois seguiram o caminho, mas antes se despediram com um forte abraço e Marcos ainda disse:
- Foi a melhor coisa que me aconteceu e acontecerá nessa semana, te encontrar...
Roberta corou levemente. Sorriu e seguiu para o metrô.
Marcos continuou andando, Paulista à frente e então pegou seu celular.
- Faaaaaaaala menino! - atendeu a voz de Anahí do outro lado da linha.
- Ela voltou, Mi. - disse Marcos sorrindo. - Ela voltou e pra ficar... Não tem como não amá-la."

domingo, 16 de novembro de 2008

S03E03

"Uma pequena praça circular, com a grama bem verde, estava posta na avenida. Um caminho cruzava os lados dela, formando uma cruz equilatera. Não havia árvores, mas alguns arbustos decoravam o local.
Alguns bancos de madeira, sem encosto, foram colocados na grama e algumas crianças jogavam bola, em uma alegria tremenda naquela noite quente. Ao olhar para frente podia-se ver a praia. A areia escurecida e as ondas do mar quebrando, fazendo um barulho calmo e sereno.
Marcos sentava exatamente no banco que dava de frente para o mar. Com o olhar fixo no mar, fumava seu cigarro na companhia, meio distante de Renato, Anahí, Roberta e Fabi. Se concentrava no mar pois estava puto e não queria ouvir ou falar com Roberta, que falava frenéticamente sobre os mil e um homens de sua vida, e ele não estava incluso na lista.
- Que foi, hein? - perguntou Anahí se aproximando mais do cunhado.
Marcos sorriu e apenas abraçou-a com um braço, passando-o por detrás dos ombros da menina. Eles haviam feito as pazes algumas semanas antes, afinal, ela era sua cunhada e ele sabia os motivos que ela tinha para não dizer algumas coisas.
- Não é nada, Mi. - Mi era o apelido que ele tinha dado para a menina, pois ele sempre a chamou de "MInha vida", e o apelido acabou pegando. - Só estou meio bodiado hoje, poderíamos fazer algo, né? Ficar aqui ouvindo ela falar me enche a paciência.
- Você ainda gosta dela? - perguntou inocentemente.
Marcos apenas a fitou os olhos. A resposta era óbvia. Não gostava mais de Roberta, sentia um certo repúdio da parte dela, que da mesma maneira rápida que o adorou, o rejeitou. Mas era Marcos e ele não sentia rancor de ninguém, mas não aguentava mais ficar alí, era apenas isso.
Decidiu se levantar e foi andando para a praia. Anahí o acompanhou, correndo atrás dele, gritando para ele a esperar. Roberta fez um comentário desnecessário para Renato, que nem ligou e nem sentiu ciúmes dos dois saírem juntos.
- O que você tem, menino?
- Nada... De verdade! - completou o menino ao ver os olhares irritados da cunhada. - Estou me sentindo sozinho, mesmo que esteja feliz assim e não queira compromisso com ninguém. Estou sentindo falta de alguém me adorar, andar de mão dada comigo, dormir comigo e me fazer cafuné, sabe?
Anahí sorriu e balançou a cabeça. Estavam parados na beira do mar, com a água batendo na canela dos dois, então a menina abraçou carinhosamente o cunhado, bem forte e com sinceridade. Soltou-o alguns segundos depois e então segurou a mão dele, com a outra o fez cafuné e disse:
- Eu te adoro, senhor Marcos. Agradeço muito por ter te conhecido e por você fazer parte da minha vida. Muita coisa do que tenho agora é culpa sua! O Renato, minha estadia no Brasil, minha felicidade todas as manhãs! Só não durmirei com você porque ficaria muito chato, né?
Os dois riram e Marcos ficou muito feliz com a cena que se passou alí na beira-mar. Jamais esperaria algo assim de Anahí, e ficou contente que, apesar da briga infantil dos dois, eles superaram e estavam alí, aproveitando o momento. Marcos sorriu para a cunhada e a abraçou:
- Muito obrigado, cunhas. Por tudo, por você sempre me fazer feliz. Sempre.
Os dois ficaram alí mais alguns minutos, conversaram sobre diversas coisas bizarras, como o mar, as estrelas, as pegadas gigantes na areia fofa, alegaram ser de um Deus do mar. Depois resolveram voltar, Marcos já melhor comprou uma garrafa de vodka e duas de refrigerante. Misturaram tudo e ficaram alí, os cinco, bebendo e conversando a noite inteira.
E ora ou outra, Marcos olhava para Anahí e dizia silábicamente: muito obrigado!"

terça-feira, 11 de novembro de 2008

S03E02

"Marcos não confiava em ninguém, só nele mesmo. Renato era seu irmão, seu melhor amigo, mas ainda precisava amadurecer um pouco, por isso não confiava nele em cem por cento. Anahí, sua cunhada, a quem ele considerava uma grande amiga, não passava de mais uma mentirosa. Marcos estava puto.
Era bem cedo, numa terça-feira, que ele levantou-se da cama e foi para a rua. O sol nem havia nascido, os pássaros começavam a cantar e as ruas ainda estavam desertas, pouco a pouco sendo preenchidas pelos carros e seus faróis cegantes. O frio era absurdamente maltratante, em um inverno fora de época, em pleno outono.
Com seu cachecol e sua jaqueta, Marcos andava pela rua com pressa, sem saber ao certo onde ia e com quem falaria. Acendeu um cigarro e continuou a caminhada, pensando em muitas coisas, mas principalmente em sua cunhada.
A história dos dois era praticamente um filme dramático de adolescentes. Quando Marcos conheceu sua atual cunhada, ele teve uma pequena "quedinha" por ela, achou-a muito bonita, simpática e tentou um romance, porém a menina era o tipo de garota durona, daquelas que não amavam amar e tinham pavor da palavra romance. Marcos prometeu à ele e à si mesmo que mudaria esse jeito dela, que a faria mudar os pensamentos e que a faria se apaixonar. A idéia, até então, era ela se apaixonar por ele, mas o jogo virou e as cartas foram para na mão de Renato.
Certo dia, Marcos apresentou o irmão à amiga e eles acabaram se apaixonando e se tornaram um casal. Mas naquele momento, Marcos já estava com todos os seus pensamentos em Stela, e não se importou e até ficou feliz com a união dos dois, se tornou um grande amigo de Anahí, que um dia disse que confiaria até a vida no cunhado. Mas era mentira.
Enquanto ele confiava tudo à ela e contava tudo, ela omitia as coisas mais simples para ele, e isso o chateava. Ele não aceitava uma amizade assim, se é que ele poderia chamar aquilo de amizade.
Continuou andando até chegar em uma casa, tocou a campanhia e uma menina abriu a porta, sorridente e o abraçou. Ele retribuiu com um forte abraço, ainda na calçada, e a chuva começou a cair em sincronia com o nascer do sol."

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

S03E01

"O céu estava preto azulado, sem nenhuma estrela no céu. As nuvens nublavam acima, sem deixar vestígios de alguma estrela. Uma pequena praça deserta se encontrava no meio da rua, com alguns postes iluminando certos pontos, folhas secas pairavam sobre o chão de concreto e algumas árvores faziam juz ao nome praça.
Um pequeno muro, com dois pés de altura, foi levantado em círculo, cercando uma grande árvore, no centro da praça. O chão de terra estava coberto pelas folhas e Marcos estava alí, sentado, vestindo sua camisa preta, com as mangas dobradas até o cotovelo, sua calça jeans justa e seu tênis. Nas costas, sua mochila e na mão, seu cigarro.
O vento assobiava entre os galhos das árvores, movimentando as folhas de um lado para o outro. Marcos não sentia frio, estava muito concentrado, olhando fixamente para a casa que estava na sua frente, verde de portões chumbo, fumando seu cigarro gradativamente, sem temer a escuridão das ruas a sua volta.
Fazia dois meses que não tinha contado com nenhuma de suas duas meninas. Stela arranjara um emprego novo e mudou o período da faculdade, frenqüentando-a apenas pelas manhãs, dificultando os encontros com Marcos pelos corredores do prédio, o que, de fato, o deixava mais tranqüilo, pois ele não queria mais saber de Stela, era uma página virada, em branco.
Sobre Roberta, Marcos preferia nem tocar no nome dela. Não sentia mais toda aquela paixão que sentira no começo, perdeu o tesão, dizia ele. Viu que ela não era o tipo de menina que ele procurava, pois ele queria algo sério, alguém para estar com ele, e ela só queria curtir. Desde a festa, que Marcos a deixou em casa, nunca mais falou com ela, não ligou, não marcou encontros, nem nada do gênero.
Após pensar um pouco na vida, Marcos levantou-se e jogou o cigarro no chão. Olhou para o céu, em meio aos fios elétricos e sentiu um pingo d'água cair em seu rosto. Secou-o e acendeu outro cigarro, e sentou novamente.
Estava feliz do jeito que estava alí, sozinho. Ele gostava de ter o tempo dele, o tempo para pensar, refletir o que a vida o trouxe de bom e ruim até aquele momento. Pensava no como foi tolo ao se entregar em duas relações amorosas que mal chegaram a acontecer e isso o irritava muito, pois não gostava de ser assim.
O celular tremeu no seu bolso e interrompeu seus pensamentos, era Renato ligando.
- Faz meia hora que tô aqui, cara. Vem logo.
Desligou o celular e tragou seu cigarro. Uma chuva fina começou a cair, então sentou-se na mureta e alí ficou."

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Is this...?

O tiro foi dado e um rápido coelho começa a correr. Em sua cola cães de corrida famintos correm em velocidades exorbitantes atrás de uma recompensa, correm como nunca correram antes. Ao mesmo tempo você pode sentir o batuque de uma bateria inteira de escola de samba ao seu lado, sentindo cada batida nos pontos vitais de seu corpo.
As suas pernas amolecem feito gelatina, sua mão sua e você mal consegue achar uma explicação do suor, pois a temperatura ambiente é de 10ºC e o vento está cortante. A hipnóse foi feita e seus olhos estão vidrados, olhando fixamente para o mesmo ponto. Você fecha os olhos e sempre vê a mesma coisa.
O ar é rarefeito e você pode ter certeza que você está no pico da mais alta montanha ou ainda metros, quilometros de distância abaixo do nível do mar, o que parece ser muio estranho, pois em ambos os locais, você sentiria frio, mas o que você sente é o seu sangue esquentando cada célula que compõe a sua derme e epiderme.
Enfim o cérebro transmite a imagem para seus olhos e você vê o que está em sua frente e todos os sintomas descritos acima desabrocham em seu corpo inteiro.
Termino o post perguntando, à voz de Bob Marley:

"is this love, is this love, is this love
IS THIS LOVE THAT I'M FEELING?"


Obrigado.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Faz parte do meu show...

"Há um mundo ao redor que a gente nem percebe."
Não sabemos quem é a pessoa ao lado da gente, sentada no ônibus. Não sabemos o nome, qual a profissão e muito menos se ela é ou não uma assassina. O que nos faz pensar que sabemos muito, se mal conhecemos quem está ao nosso lado? Vivemos e morremos egoístas, pensando e vivendo o nosso mundo, sem pensar o suficiente no próximo, olhando apenas para o nosso mundo e quem está nele, deixando de lado o que está ao redor.
*
"Sou muito sincero e às vezes até me arrependo disso. Se estou batendo um papo com um jornalista, eu estou sendo eu o tempo todo. Não tenho uma armadura..."
Há sempre os dois lados da moeda para tudo. Sempre digo que toda qualidade agrega um defeito, e vice-versa. Se temos como qualidade a bondade, temos o defeito de sermos ingênuos demais de tão bons que somos. Sou muito sincero no que digo, penso e faço e sei que nem sempre é o melhor a se fazer. Não uso armaduras, nem máscaras, mas estou aprendendo a deixar algumas coisas omitidas, desfarçando entre uma pincelada e outra da minha história...
*
"Eu tenho vários lados. O lado escuro é um lado muito forte, porque sou muito boêmio, vivo muito de noite. Gosto muito da noite, acho que ela é um espaço, um território livre para tudo."
Sou receptivo para vários ambientes, mas o ambiente noturno me facina. Se pudesse trocar a noite pelo dia, faria isso sem pensar. Ando levando uma vida boêmia, não daquelas de beber, mas de sair, desfrutar as ruas mais desertas. A noite é o momento em que as pessoas se libertam, tiram a máscara que usam nos trabalhos e acabam sendo elas mesmas, por inteiro.
*
"Sempre tive horror de política, mas tem coisas que você não precisa saber, qualquer burro vê."
Preciso comentar? Quem me conhece sabe que a política para mim é uma página em branco, para sempre. Voto nulo mesmo, pois não acho correto dar voto para um ladrão que no caso é todo político ou pessoa envolvida com esse tipo de quadrilha.
*
"Tenho a fantasia de ficar para sempre com uma pessoa só, ter filhos, constituir família."
Tenho o sonho de poder chegar em casa, após um cansativo dia de trabalho e ser recebido por minha filha, que sairá correndo do seu quarto com sua boneca nas mãos, gritando "Papai" ao ouvir a chave girar na fechadura. Entrar na sala e ver que minha esposa está no sofá, descansando depois de um também cansativo dia de trabalho, seja em casa ou no escritório, não tenho a escolha machista de ter uma mulher dona de casa. E construir essa família, dar a base necessária para meus filhos, poder dar diversão e segurança para eles.

"Nunca passou pela minha cabeça ter uma imagem. Nunca procurei isso..."
Não procuro ser alguém para os outros. Eu sou Thiago Klein para Thiago Klein, e não Thiago Klein para a sociedade. O que sou, como sou e como ajo são as maneiras que, penso eu, são as melhores para mim. Julgo-me uma pessoa transparente, mas que não fala muito sobre eu mesma.
*
"Ao contrário de todo mundo, que fica se ressentindo 'porque ela me deixou, não sabe o que perdeu', eu não tenho medo de dizer: Eu é que fui covarde e babaca."
Não sinto-me envergonhado de errar. Sou um eterno errôneo na arte de amar, mas a cada romance, um novo aprendizado. Me torno mais maduro e experiente e acabo por pensar que, quando vejo o merecimento, que o amor não deu certo pelos meus erros. Alguns eu até tento o conserto, outros eu deixo onde estão, afinal, eu não posso criar ou ser criado nos moldes alheios. As pessoas têm que gostar de mim pelo que sou.
*
"Sinto pouco o desejo de vingança. Sou muito critão nesse aspecto, no sentido da compaixão, da piedade, tenho pena das pessoas. Quando alguém me sacaneia, penso: 'coitada daquela pessoa'. Não estou dando uma de grandioso, mas não sinto vontade de me vingar..."
O desejo pela vingança remete ao ódio e à infantilidade. Existem motivos para as pessoas quererem meu mal, mas eu não uso esses motivos para querer uma vingança. Até quero descobrir os motivos, mas para tentar revertê-los, quando eu achar necessário.
*
"Sou muito animado, para sentir tédio!!! Sou animado à beça, qualquer coisa me anima. Se você me convida para ir na Barra da Tijuca, eu te digo logo: 'Vaaaamos!!!'Qualquer besteira me anima."
Se você quer sair em um final de semana e não tem companhia, pode contar comigo! Estou sempre por aí, querendo sair, sociabilizar e conhecer gente nova. Sou tímido, mesmo não parecendo, mas animado demais. Uma simples reunião de três pessoas em algum lugar é o suficiente para eu correr pro chuveiro e me arrumar.
*
"Para mim, o amor é o contrário da morte. Por isso não tenho medo de morrer. Eu estou amando."
Estou sempre amando, o que me faz pensar apenas na vida que tenho e que poderei ter ao lado das pessoas que amo. Amo viver, amo amar e amo aqueles que me querem bem. Não penso em morrer e penso que amar é viver. Para mim, o amor é o contrário da morte também.
*
"No geral eu gosto de dar entrevistas. Gosto de falar, sou falastrão."
O tamanho do post já diz a semelhança com a frase acima.
*
"Eu tenho um lado que leva as coisas muito a sério. Eu pareço ser uma pessoa que não leva nada a sério!"
Sempre levando as melhores (e piores) maneiras com um bom humor, acabo transmitindo a idéia de um moleque, que não leva nada a sério. Diferente do que alguns pensam, eu sou alguém com bom humor e cabeça. Sei o que acontece com o mundo, entendo os problemas dos outros e sei como enfrentar os meus próprios. Talvez seja um escudo protetor, esse meu excesso de bom humor, mas garanto que se você precisar de alguém para conversar, chorar e ouvir conselhos, eu estarei aqui, sem fazer piadinhas e confortar, até onde for plausível e necessário.
*
E viva Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza. Um poeta que conseguiu enfrentar, à sua maneira, grandes empecilhos em sua vida, e até hoje encanta os ouvidos e o coração da sua, da nossa e das próximas gerações.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Palavras... palavras

Dê um sentindo pra sua vida, ou então virará escravo dela.
Você pode amar uma ou dez pessoas, desde que ame sempre e mais intensamente o reflexo que vê todo dia no espelho.
Ainda quero conhecer alguém que tenha entendido o ser-humano por completo e vou querer as respostas para todas as minhas perguntas.
O grande erro do homem é ensinar às crianças que o ódio existe.
A mentira bem contada é a verdade mal mentida.
Fingir é a melhor fuga para a realidade.

domingo, 2 de novembro de 2008

De volta à realidade (pelo menos até o fim do post)

Pois é, mais um fim de temporada das grandes peripécias de Marcos, com aquela grande emoção de sempre, quem ainda não leu, leia, começa no post chamado PARTE I e não sei para quem estou dizendo isso, levando-se em conta que só existem talvez de três a quatro pessoas que visitem este humilde diário e lê, frequentemente, as minhas idéias malucas.
Explicarei um pouco sobre o título do post desta belíssima madrugada. Voltando à realidade significa deixar o "seriado" um pouco de lado, voltar a escrever em NÃO-Itálico e falar sobre coisas, diga-se de passagem, reais. Não que a história do Marcos seja algo absurda, pois tento me apegar ao máximo à chamada realidade de razões e emoções.
Enfim, o "pelo menos até o fim do post" entre parentêses entra num âmbito onde eu começarei a falar sobre o assunto que quero hoje, neste, já dito antes, humilde diário e começarei a viajar.

Se existisse algo no mundo inalimentício (acho que acabei de inventar essa palavra) que nos fizesse sobreviver, ou seja, algo que não faz parte das nossas necessidades fisiológicas para sobrevivência, tais como comer, beber, respirar, transar e amar, eu optaria pela opção de poder sonhar.
Sonhar é algo que vai além de meras explicações, pois não existe definição completa e plausível que encaixe nos pensamentos alheios em sua semelhança. Complicou a cabecinha pensar nisso? Eu vou mais longe então.
Sou um típico sonhador por natureza, adoro viver as duas vidas que tenho: a real e a dos sonhos, sempre tentando fazer com que a vida que tenho hoje se assemelhe ao máximo com a vida dos meus sonhos. De uma coisa tenho certeza, todos, sem uma única exceção, sonhamos na busca pela perfeição, mas como disse anteriormente, cada um tem sua própria perspectiva a respeito disso.
Sonhar é algo digno, transpõe a idéia de sentimento e passa longe de ser um simples verbo transitivo indireto (se não me falha a memória das regras gramáticais). Sonhar, para mim, é viver, ainda mais em um mundo como o que vivemos, onde todos sabem o que acontece, onde a fome (assunto já discutido no meu blog), a miséria, a pobreza, a violência e a desigualdade (idem ao último parentêse) andam lado a lado, como uma grande gangue. Ninguém em sua sanidade mental controlada viveria nesse mundo enxergando o mesmo.
Por isso eu prefiro me sentar, seja onde for, acender o meu cigarro (ou não, quem sabe, espero), olhar as estrelas e sonhar... Sonhar em como seria belo se a vida fosse vivida. E não desperdiçada.


Obrigado!

sábado, 1 de novembro de 2008

Season Finale

"Após uma eternidade, sexta-feira estava aí. Marcos planejou passo a passo como faria para tentar falar com Roberta, sem amedrontá-la, sem deixar ela fazê-lo de cachorrinho dela também. Renato acabou desistindo de ir, pois tinha que jantar com pessoas do trabalho, mas deixou Anahí ir, contando com os olhos bem observadores de Marcos nela.
Separou sua roupa, tomou um belo de um banho, se ajeitou e foi para casa de Fabi, onde estariam as duas o esperando para irem para a festa. Marcos estava nervoso, fumava um cigarro atrás do outro para tentar conter os nervos que estavam praticamente pulando pela sua pele.
A festa estava acontecendo na casa de Katarina, uma amiga das meninas, conhecida de Marcos. Uma casa com um salão grande, onde fora instalado equipamentos de luzes, uma mesa de som do DJ e na cozinha estavam baldes e mais baldes de cerveja. O menino passou rapidamente pelo salão e foi pegar uma cerveja para ele e as meninas, e então voltou para o quintal.
A noite estava fria, gélida e obscura, mas tudo parece ter mudado depois que viu sua princesa lá fora. Vestida com uma calça preta e um vestidinho xadrez, com os cabelos loiros soltos, Roberta estava alí conversando com as duas, sorridente, tomando uma cerveja. Seus olhos verdes radiavam o local e era difícil algum homem que passasse por elas e não notasse a beleza rara da menina. Marcos respirou fundo e caminho até elas.
A cena repetiu-se muitos momentos na festa, e Marcos lembrava-se dela como um fanático por futebol relembra os títulos ganhos pelo seu time que foram assistidos. Roberta parou de conversar com as meninas e olhou para Marcos, abriu um sorriso que só ela podia dar, com os dentes bem expostos, numa felicidade sincera e soltou os braços no garoto. Dizia que estava com saudade e que estava feliz por ele estar bem, sem soltá-lo um instante sequer. Marcos tremia por dentro, não sabia como estava a cena por fora, mas em seu interior os órgãos se rebatiam em uma festa tremenda. Ela estava feliz por ele estar alí.
- Preciso falar com você. - disse a menina olhando, com seus olhos verde esmeralda, nos olhos de Marcos. - Você vai se arrepender se não ouvir.
O coração de Marcos parou, e então acelerou rapidamente, como um carro que saí cantando pneu em uma corrida candlestina. Abraçou-a e ela falou no seu ouvido:
- Você é foda, Má! - começou ela sussurrando no ouvido dele. - Você tem sido um cara muito importante para mim, suas mensagens no meu celular, orkut, os depoimentos, tudo me faz chorar sempre que vejo, você é um amigo que...
- Eu não quero ouvir isso, Rô. - interrompeu Marcos. Ele não queria ser amigo dela, não queria que ela o visse como amigo. Ele tentou de diversas maneiras mostrá-la que ele estava alí, para ela, sempre, mas não só como um amigo. - Você sabe que não é só isso, para mim...
Roberta o soltou e o olhou profundamente, como quem gostaria de dizer algo apenas com o olhar:
- Você sabe que você é para casar, Má! Eu sei que você é para casar...
Marcos bombardeou seu coração de alegria e sorriu, depois de muito tempo sem sorrir, numa felicidade extrema:
- Quer saber algo engraçado, mas que é a verdade? - disse ele a abraçando. - Você também é para casar...
Roberta o abraçou bem forte, calorosamente, e então, em uma complicação de ambos, foram se beijar no rosto, mas parte do canto do lábio de Roberta pegou nos lábios de Marcos. O silêncio veio à tona e eles não se olharam mais, cada um foi para seu canto. Mas antes de ir, o menino tentou pegar na mão de Roberta, que apenas disse:
- Não, Má. Você é só daqui dez anos...
*
Após beber muito, Fabi começou a passar mal, impossibilitando Marcos de ir atrás de Roberta, para poder cuidar da amiga, junto de sua cunhada. Ele estava puto da vida, pois Roberta não estava dando muita atenção para amiga e estava falando com um cara que tinha conhecido na festa, o que piorava a raiva de Marcos.
Em um certo momento da noite, Marcos foi buscar água na cozinha para Fabi tomar e não achava um copo limpo. Saiu para a parte de trás da casa, na procura de um copo plástico. Aquela área era simples, com um pequeno tanque onde estavam as cervejas para gelar, engradados de refrigerante e cerveja no chão e, mais para o lado, um pequeno corredor escuro. Marcos cochichou consigo algo sobre não estar achando nenhum copo e ficou em silêncio quando viu o que jamais gostaria de ter visto.
Roberta estava de costas para a parede do corredor escuro, dando uns amassos no garoto que estava conversando com ela, e nem notou a presença de Marcos alí.
O mundo girou ao contrário, a terra desprendeu a gravidade e Marcos flutuava, alí, perante todas as pessoas. Engoliu um seco, fechou os olhos e foi para o quintal da frente. Sua mão tremia enquanto ele pegava um cigarro e tentava acender, seu coração estava dolorido, machucado e estraçalhado. Sentou no chão, longe de todos, e começou a fumar compulsivamente. Era um otário, um babaca e não conseguia pensar em mais nada do que isso. Com tanta experiência nesses casos, não acreditava que caíra mais uma vez. Ninguém é perfeito mesmo, pensava ele.
Apoioi sua cabeça nos joelhos e alí ficou, pasmo com a vida. Ele merecia aquilo, por ter sido um inútil, por ter sofrido um acidente e ter dado brexa para Stela estragar sua vida, mas depois pensou que, talvez, a conversa que Roberta queria ter com ele no dia do acidente era apenas um ombro amigo que ela precisasse, e ela considerava Marcos apenas e somente isso. Uma lágrima escorreu pelos seus olhos.
- Que foi menino? - uma voz saía de trás dele. Era Anahí, sua cunhada, percebendo a tristeza do menino. Marcos olhou para ela com os olhos cheios d'água e então ela tinha percebido o que era. - Não fique assim... Ela é assim, ela quer curtir, te garanto que uma hora ela cansa e vai querer ter alguém assim como você.
Marcos abraçou sua cunhada. Adorava ela, e ela o fez mais feliz durante o resto da noite. Os dois fizeram companhia um ao outro a noite inteira, pois os dois estavam sem seu "par" na festa, o que deixou o menino mais feliz e ele acabou por nem pensar direito na sua princesa.
Na hora de ir embora, Marcos deixou Fabi e Anahí na casa da primeira, pois a cunhada iria dormir lá e deu carona para Roberta até sua casa.
No caminho ficaram conversando sobre outras coisas, sobre ter família, filhos, quantidade de fihos, nome de filhos, entre outras coisas, mas Marcos nem chegou a comentar sobre o fato que ele sabia que tinha acontecido.
Entrou no condomínio de Roberta e estacionou o carro na frente da casa dela.
- Obrigada, Má. - Roberta o agradeceu com um beijo super longo na buchecha e abriu a porta do carro. Ao fechar a porta, o garoto desceu o vidro e falou:
- Durma bem, Rô. A gente se vê daqui dez anos.
Sem fechar o vidro, nem nada, partiu com o carro e foi embora. No carro tocava You and Me do Lifehouse, e Marcos seguiu para sua casa, novamente sozinho. Estava cansado disso, mas ele não deixaria mais uma escapar dele. Ele estava verdadeiramente apaixonado."

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Pausa no seriado para uma simples pergunta...

Somos frutos da mesma árvore, farinha do mesmo saco, seres humanos, com quantidades incontáveis de células pelo corpo, com dois olhos, nariz e boca. Sobrevivemos com a luz do sol, com a água e os alimentos, mas o que nos faz ser tão diferente um do outro?
Respondemos nossas ações por instintos, emoções ou razões? Qual a maneira de você tomar a decisão certa? Seguindo quais dessas premissas citadas? De que jeito é o certo? Existe um errado?
Alguns pensamentos me rodeiam, ao perceber que somos tão semelhantes, porém tão diferentes. Diferenças físicas podem ser explicadas pela genética, mas e as diferenças psicológicas? Por que seguimos diferentes religiões? Por que gostamos de certos estilos musicais? O que nos faz crer que tal time de futebol é melhor que o outro, ou ainda, o que nos leva a pensar que somos obrigados a gostar de pessoas do sexo oposto? Por que nos apaixonamos por algumas pessoas em tão pouco tempo e deixamos de gostar num espaço menor ainda?
Por que existem seres humanos que não ligam para nada? Por que existem os que ligam para tudo? O que faz uma pessoa ser má? E o que faz outra ser boa? Quando o mundo começou a ficar de ponta cabeça, todo mundo sabe que ele está assim e ninguém faz nada para colocá-lo de volta no eixo?
Por que certas coisas nos interessam e outras simplesmente passam batido? O que te faz pensar que quando você morrer você irá pro céu, ou pior, quando você morrer, acabou? Ou existe um paraíso?
Deus criou o homem à sua semelhança. Qual semelhança? A física? Então Deus é um homem? Não dizem que ele não tem fisionomia alguma?
Lhes pergunto, bem humildimente, qual a semelhança que temos, além da física, para podermos nos considerar seres soberbos? Será que somos mesmo racionais?
Será que essa vida toda é um sonho? Ou será que ela é real? Quem garante? Você? Ele? Ela? Eles ou nós?
Eu tinha uma pergunta a ser feita, mas eu me perdi no meio de tantas que vieram me seguir...

O amor existe mesmo?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

S02E11

"Outono de Vivaldi tocava no último volume do seu quarto, tudo escuro. Um feixe de luz saía da tela do celular, com o flip aberto, iluminando parcialmente o rosto de Marcos, o travesseiro e seu cigarro.
Na tela do celular aparecia Roberta Cel Chamando... pela quinta vez, mas nada dela atender. Tentou pela sexta vez e então desistiu, apertando o celular na mão, apoiando sua testa nela e começou a chorar. Estava depressivo, carente e precisava de alguém, alguém em expecífico, e esse alguém era a dona do celular que não o atendia.
Fechou o celular, colocou-o na escrivaninha e pegou seu notebook e entrou no orkut, sua última saída era mandar um recado para ela e ver se ela respondia. Quando abriu o livro de recados viu algo que não o agradou, Roberta estava de rolo com um cara, e ele nem sabia quem era. Sentiu-se traído, passado pra trás, como uma roupa velha que não poderia mais ser usada por causa de uma mancha ou dano.
Fechou os olhos e se lembrou da noite que teve com Renato. Foram ao PUB ver o jogo do Palmeiras, a vitória sobre 4 x 1 em cima do Flamengo, beberam até não aguentar mais e seguiram para casa. A cena trocou rápidamente e agora ele estava em uma floresta, mas totalmente diferente.
As árvores eram feitas de tinta, como um quadro impressionista do século XVI. O chão, também feito de tinta, era escorregadio e por onde ele pisava deixava marcado seus passos, como cimento fresco. Mais adiante as árvores sumiam, parcialmente, até chegar no topo de uma colina.
Olhou para o horizonte e via uma cadeia de montanhas adiante, desceu seu olhar e encontrou um rio estreito que corria ao pé das montanhas. Correu colina abaixo e caiu, rolou e chegou no final da colina, deitado de barriga pra cima, rindo desesperadamente. Fechou os olhos e abriu.

Seu quarto tocava Inverno de Vivaldi e a tranquilidade veio à tona... Era um dia a menos na contagem para sexta-feira, onde seria o grande dia de colocar todas os problemas na pauta. Ele mal esperava a hora de poder olhar pra Roberta e abraçá-la..."

terça-feira, 28 de outubro de 2008

S02E10

"Marcos estava deitado na cama do seu quarto, já em casa. Com a cabeça sobre o travesseiro, fumava um cigarro, com a perna ainda engessada pelo acidente, mas totalmente recuperado do resto. Olhava para o teto com um ar triste nos olhos.
- Deixa eu ver se eu entendi então. - Começou Renato, que estava sentado na cadeira do computador virado para a cama. - A Roberta acha que você está com a Stela, sendo que na verdade você nem curte mais ela. Por outro lado, Stela acha que você não quer nada com ela por causa da Roberta, é isso?
- Eu tô fudido, Re. Eu fudi tudo, de vez.
Marcos estava abalado com a última vez que vira Roberta e Stela, as duas no mesmo dia, ao mesmo tempo. Havia se passado uma semana, desde então não viu mais nenhuma das duas. Roberta não atendia as ligações dele e Stela não o via, pois ele tinha que ficar em casa de repouso.
No hospital, Roberta havia deixado a sala assim que vira os dois na cama. Sem falar nada, deixando apenas o buquê na mesa e saindo, provocando um enjôo estomacal absurdo no menino.
- Calma, cara. - continuo o irmão. - Sexta você vai na festa com a Fabi e a Anahí, elas falaram que a Rô vai tá lá, quem sabe vocês não conversam né? Sei lá, tenta falar com ela direitinho... talvez dê certo. Ela vai ver que tá pensando merda e vai te dar uma chance...
- Velho, eu nem sei se ela quer mesmo algo comigo. Ela acabou de terminar o namoro, eu vou lá saber o que tá se passando naquela cabecinha? Que merda...
A porta do quarto se abriu e então apareceu Anahí, sorridente como sempre.
- E aí, menino! Melhor? - foi até Marcos e o cumprimentou, então sentou-se no colo de Renato e o beijou.
Marcos soltou um muxoxo inaudível e continuou fumando seu cigarro. Agora era esperar sexta-feira e ver o que seria da sua vida com Roberta depois disso. Enquanto sexta não chegava, ele continuava tentando ligar para ela, que só o ignorava."

S02E09.I e S02E09.II

"Marcos abriu os olhos mas estava tudo escuro. Via de relance algumas pessoas que julgava serem paramédicos. Ouvia burbúrios e gritos de muitas pessoas, como também várias sirenes distintas e algumas mais ao longe, cada vez mais se aproximando. Seu carro estava tombado para o lado e vidros estavam espalhados por todo chão, em cacos. Do seu lado esquerdo tinha um outro carro com a parte frontal amassada e o vidro rachado. A chuva caía em seu rosto, tentava falar algo, mas não conseguia abrir a boca. Estava vivo e pensava muito nisso, para não cessar e morrer e estava com muito medo, pois sua perna esquerda não se mexia de jeito algum, e sentia seu braço esquerdo cortado, com o sangue escorrendo até a mão, esquentando-lhe o corpo.
Uma coberta o cobriu até o pescoço, enquanto alguém imobilizava o seu pescoço, e então o puseram em uma maca. A última lembrança que teve antes de apagar era a imagem de Bernardo e Renato conversando com dois policiais.
*
Marcos acordou assustado, com os olhos bem arregalados. Estava numa cama de hospital, com a perna esquerda para cima, engessada, um curativo no braço e uma mangueira de ar em seu nariz. Um pi pi constante ecoava pelo local, mostrando que seu coração estava firme e forte, batendo sem nenhum problema.
Na mesa, em sua frente, havia um arranjo de flores que, sem sobra de dúvidas, tinha sido feito pela sua mãe. Olhou para o lado e, ao invés de vê-la, encontrou Renato dormindo num sofá, meio desconfortável. Lá fora a noite estava linda, com um céu estrelado e, com uma dor de cabeça, olhou para o relógio que marcava meia noite e quinze.

Heis que a porta do quarto se abriu e Anahí entrou, com cautela. Olhou para Marcos e sorriu com surpresa:
- Até que enfim, menino! Achamos que você jamais iria acordar. Está se sentindo bem? Vou chamar a enfermeira...
- Estou bem sim. - disse Marcos ainda confuso. - Só uma dor de cabeça chata. Dormi muito?
- Há, apenas por três dias. Hoje é segunda-feira já. Sua mãe estava aqui até ontem, mandamos ela pra casa hoje e o Renato veio pra cá depois do serviço.
Marcos não acreditava. Ficou três dias desacordado:
- Ela está bem, minha mãe? Não queria deixá-la preocupada... - olhou para o arranjo de flores e notou que, além dele, tinha outro vaso com rosas brancas. - Quem mais veio me visitar?
- Ela está ótima. Os médicos disseram que você teve sorte de sair com vida e praticamente ileso do acidente, só quebrou a perna. - a cunhada apontou para o pé do garoto engessado e logo depois para as rosas brancas - Essas foram da Fabi, minha e do seu irmão. Rachamos para não gastarmos muito, afinal, temos que comemorar em grande estilo quando você se recuperar.
Marcos riu e olhou para o irmão, ainda adormecido. Sentia um remorso por ter causado todo aquele problema, não queria preocupar ninguém.
- Roberta passou por aqui também, no dia do acidente. Ela chorou muito, não entendi direito o porque, mas ela se sentia muito culpada. Alguns amigos seus passaram aqui também, da faculdade. Mandaram melhoras e fizeram uma cartinha com o nome de todos, com mensagem de todos, está na gaveta.
Marcos abriu a gaveta lentamente e leu a carta que iniciava com a caligrafia já conhecida de Anita. Mensagem de muitos amigos, motivando-o para sair logo e voltar a viver normalmente. Ficou muito feliz em saber que eles estavam se importando, por mais que esses últimos dias ele mal se importava com a faculdade. Percebeu, então, que era apenas a faculdade e não as pessoas que a freqüentavam. Pensou muito em Roberta, o que será que ela queria e se sentiu mal ao ouvir que ela pensava que era culpa dela. A culpa era dele, somente dele.
- Os médicos disseram que, assim que você acordasse, você ficaria mais um ou dois dias em observação e depois te dariam auta. - continuou Anahí, que tinha uma mãe enfermeira e então estava acostumada com essas situações. - Ah! E antes que eu me esqueça, tem uma menina que veio aqui todos os dias, uma tal de Stela. Disse para eu avisar à você que ela quer muito saber a hora que você acordar, que ela vem te ver no mesmo instante.
- Não avise ainda. Não estou muito bem para visitas. - Marcos respondeu instantaneamente. Não queria ver Stela, não alí no hospital, nas condições que ele estava.
A cunhada fez que sim com a cabeça e seguiu para o sofá. Levantou a cabeça do namorado e sentou, pousando a cabeça dele nas pernas dela, começou a fazer carinho e olhava para a janela:
- Ficamos assustados, menino! Isso não é coisa para se repetir, hein? - começou a menina.
- Eu sei, fiz a maior merda, desculpe. A Rô me ligou e eu fui às pressas para casa dela.
Anahí riu:
- É... Ela também estava aqui, batendo o cartão todos os dias, entrava no quarto e ficava horas sentada do seu lado. Eu jurava que um dia eu entrei e ela estava falando com você, mas ela parou assim que a porta se abriu.
Marcos ficou lisongeado e pasmo. Não imaginaria que Roberta visitaria-o tanto no hospital, como a cunhada estava dizendo.
- E ela não gostaria de saber a hora que eu acordei? Para ela você pode ligar, se quiser...
A cunhada riu. Balançou a cabeça negativamente e continuou fazendo carinho nos cabelos de Renato, que ainda dormia como uma pedra. Marcos sabia que o irmão só estava dormindo porque, provavelmente, ficou acordado os últimos três dias, sem sair do hospital (exceto na segunda que teve que trabalhar) e não aguentou mais e dormiu. O menino reclamou de fome e a cunhada, pacientemente, levantou-se e foi pedir uma refeição para as enfermeiras.
No momento em que ela saiu, a porta mal se fechara quando alguém entrou. Era Stela, com um ursinho na mão. Marcos não entendia como, mas parecia que ela sentiu alguma intuição, dizendo que ele acordou. Ainda em silêncio e com uma grande quantidade de lágrima no olhos, Stela se dirigiu para o lado da cama e deixou o ursinho no peito de Marcos, então o abraçou com cuidado e caiu nas lágrimas.
- Rezei tanto por você. Tive medo de te perder.
- Eu tô bem, Sté. - disse Marcos sem nenhum tom carinhoso ou rancoroso - Não precisa se preocupar tanto. Obrigado... pelo ursinho.
A menina levantou e enxugou as lágrimas, então sorriu. Passou as mãos delicadas pelo cabelo de Marcos e deslizou para seu rosto, que esquentou conforme corava. Os olhares se frizaram e continuavam em silêncio. Stela, com os olho ainda molhados pelas lágrimas, aproximou sua cabeça da de Marcos, como quem o tentasse te beijar:
- Não faça isso, Sté. - o menino cortou o momento que parecia-lhe mágico meses atrás. - Temos que conversar e entender exatamente o que está acontecendo...
- É verdade, me desculpa.
Stela ainda estava com a cabeça próxima de Marcos e foi se afastando lentamente. Quem visse agora acharia que os dois acabavam de trocar um beijo. Marcos ainda sorriu para a amiga e percebeu então que a sala não estava somente os, até então, três.
A sombra no chão o fez perceber que havia uma quarta pessoa na porta, parada. Achou que era a enfermeira e seu prato de comida, mas notou que estava errado quando viu os longos cabelos loiros já conhecidos. Roberta estava alí, parada, olhando para a cena e imaginando as hipóteses mais plausíveis para o que acabava de ver. Olhou secamente para Stela, que no momento se afastava da cama, abrindo espaço para Marcos ver que a menina, na porta, segurava um buquê de flores.
O quarto ficou em extremo silêncio, podendo-se só ouvir os pi pi's da máquina, que aceleraram um pouco com a aparição da dito cuja princesinha do menino."

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

S02E08

"O fim de semana demorou para chegar, mas quando chegou Marcos agradecia eternamente, pelo fato de não ter que ver Stela. A primeira semana de aula pós-feriado foi terrível, não pelo fato de Stela correr atrás dele, porque ela não estava fazendo isso, mas pelo fato de ele saber que agora ele tinha chances com ela, a sua musa inspiradora de anos, que sempre fora apaixonado.
Na mesma semana tentou evitar o máximo que podia Stela, faltou quase todos os dias na faculdade ou então ficava dentro da sala o tempo inteiro, assim ela não o incomodaria. No entanto, ao chegar na faculdade, ele passava pelo andar dela, em frente à sua sala, saía da aula para ir ao banheiro ou beber água umas cinco vezes.
Estava confuso, mas deixou Stela de lado no fim de semana, pois saíria com Renato e Bernardo para assistir ao jogo de futebol num PUB perto da Paulista. Durante o intervalo do jogo, seu celular tocou com um número desconhecido, atendeu rapidamente, meio alterado pelas inúmeras canecas de cerveja que havia tomado.
- Oi Má, é a Roberta, tudo bem? - a voz da menina estava diferente, meio baixa e dramática.
- Rô? Aconteceu algo?
A menina suspirava ofegantemente e soltou um pequeno choro no telefone. Disse que precisava de Marcos, que ela se sentia sozinha e só ele poderia acalmá-la.
Era a última grama de pólvora que caiu na cabeça de Marcos para a bomba explodir. Não sabia mais o que pensar. Stela, que antes namorava e o via como amigo, agora estava solteira e via que era ele o cara ideal para ficar com ela. Roberta, o dava bola enquanto namorava, parecia estar interessada quando tinha Silvio, mas quando ficou solteira começou o ignorar e não ligava mais para ele. E agora, depois de um tempo, ela ligava chorando, dizendo se sentir sozinha?
- Estou indo. - Marcos se levantou, pegou a chave do carro e se despediu do irmão e do amigo jogando o dinheiro dele na mesa. Os amigos o alertaram sobre a bebida, mas ele não os ouviu.
Entrou no carro às pressas e deu partida no carro, saindo cantando pneu, seguindo pela avenida molhada da chuva que caíra pouco tempo atrás.
Pensava no caminho se era exatamente isso que ele queria, ir e abraçar Roberta, ou ficar com seus amigos e ignorá-la como ela andou fazendo. Pensou também se ele não queria Stela, se ele estava apenas querendo encontrar na Roberta uma fuga para não gostar mais da outra.
E em meio de um pensamento ou outro ele atravessou um cruzamento e uma luz branca do seu lado esquerdo foi a última coisa que viu. E então, alguns minutos mais tarde, ouviu barulhos de sirene."

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

S02E07

"O feriado chegou ao fim e estava na hora de retomar os estudos, e foi exatamente isso que Marcos fez naquela quarta feira chuvosa. Tudo que precisou ele encontrou nessa semana do feriado, onde ele saiu com seus melhores amigos, pode desfrutar de companhias ótimas como do seu irmão Renato e sua respectiva namorada, Anahí, além de ter conhecido uma garota incrível, que o fazia perder o folêgo toda vez que olhava-a nos olhos, a Roberta.
Deixou seu carro no estacionamento, colocou o fone no ouvido e seguiu pela avenida movimentada até sua faculdade. A chuva diminuíra e as pessoas já andavam sem seus guarda-chuvas, apressadas, olhando para frente, sem olhar para quem estava à sua frente ou ao seu lado.
Marcos chegou mais cedo na faculdade, então resolveu passar por um café antes da aula para poder apreciar seu cigarro juntamente com a cafeína. Abriu a porta de vidro lentamente, se dirigiu até o balcão e pediu um expresso grande sem açúcar e foi se sentar na área descoberta. Sentou-se na cadeira meio molhada, de costas para a porta, acendeu um cigarro, tragou e soltou a fumaça lentamente. Parecia uma eternidade o tempo que passou longe da faculdade, não se sentia mais a vontade como antes naquele lugar, parecia uma obrigação ir. Antes até tinha Stela, que o fazia ter a vontade de se arrumar, vestir suas melhores roupas e ir todo sorridente para impressioná-la, mas nem de Stela se lembrava mais.
Seu café chegou logo em seguida, agradeceu a garçonete com um sorriso e deu um pequeno gole na xícara esfumaçante, estava quente! Decidiu tomar mais devagar do que o costume, curtindo cada momento naquele lugar que o deixava em paz, tranqüilo e sossegado. No celular tocava Linger do The Cranberries, quando a porta de vidro se abriu e alguém lhe tampou os olhos com as mãos, permanecendo em silêncio.
Sem tirar os fones, Marcos passou a mão nas que o estavam lhe cobrindo os olhos e sentiu uma pele macia, numa mão delicada e pequena, de unhas não tão compridas, porém não tão curtas. Era uma mão de menina, de uma mulher. As unhas estavam lisas, talvez pintadas num esmalte claro. Correu suas mãos para o braço da anônima, cobertos por uma manga de um casaco feito em tecido suave.
Desistiu de tentar adivinhar e uma risada já conhecida foi dada pela anônima. Inacreditável! Pensara nela minutos atrás, e como estava boa a vida sem sua presença, mas alí ressurgira Stela, mais bonita do que nunca, com os cabelos morenos longos soltos, caindo maciosamente pelas suas costas. Estava dignamente bem vestida, com um sorriso nunca visto, abraçou Marcos com uma vontade jamais sentida pelo menino antes, dizendo que estava com saudades dele e perguntou se podia sentar com ele.
- É... claro, claro. - disse Marcos tirando sua mochila da outra cadeira, secando-a com alguns guardanapos e dando outro gole no seu café. - Vai beber algo?
- Um café, eu já até pedi. - Stela riu e apoiou os cotovelos na mesa.
Marcos olho para a menina e sorriu, dando um trago em seu cigarro, apagando-o no cinzeiro e olhando para a mesa. Naquele momento viu algo que não gostaria de ter visto. Stela não usava mais aliança e aquilo o deixou hipnotizado por alguns instantes, olhando sem pestanejar para o dedo anelar direito da menina.
- E agora é de vez, posso te dar certeza disso. - disse a menina percebendo que ele havia notado. - Você sumiu no feriado, tentei te ligar várias vezes, mas seu celular só caía na caixa postal. Ele foi um ridículo, Má. Ai, você sempre teve razão... Não sei porque nunca te escutei antes...
- Nunca falei um A dele. - cortou Marcos.
- Talvez não tenha, diretamente, mas sempre vi que você era contra. Eu precisei tanto de você, obrigada. - fez uma pausa para agradecer seu café que acabava de chegar. - Queria te ver, te abraçar, mas você não estava lá para mim, onde você se meteu?
- Por aí... - Marcos estava nervoso, não sabia o que sentir, o que falar, o que fazer. Então, puxou mais um cigarro e acendeu.
A conversa durou e ficou naquilo durante alguns minutos, até que a garota terminou seu café e se levantou, dando a mão para Marcos.
- Vamos juntos? - sem responder, a menina já pegou a mão dele e foi andando para a faculdade. - Devíamos sair juntos esse fim de semana, você está livre?
- Tenho que ver, Sté. - Marcos soltou a mão dela rapidamente. - Tenho que ir para o meu carro, te encontro na faculdade mais tarde.
A menina concordou e, num movimento rápido, mas com muito carinho, roubou um selinho de Marcos, que ficou paralizado, mas curtiu cada segundo que os seus lábios tocaram o de Stela. Depois de tanto tempo, seu sonho se tornara real, e o beijo era exatamente como pensava. A menina ainda olhou nos olhos de Marcos e disse ao seu pé do ouvido:
- Não sei porque demorei tanto tempo para perceber que era você a pessoa certa.
Marcos permaneceu em silêncio. A chuva caía forte novamente e, sem pensar direito, ele deu as costas para Stela e seguiu para o estacionamento. Longe da vista da menina, começou a correr sem pensar, já não sabendo o que era lágrima e o que era chuva em seu rosto.
Chegou no estacionamento encharcado, abriu seu carro às pressas e sentou no banco, então fechou a porta. Estava ofegante, chorava de raiva, de ódio, de confuso e por não saber o que fazer. Pegou seu celular, queria falar com alguém, mas não sabia quem. Discou o número e o telefone começou a chamar.
- Alô? - a voz suave do outro lado da linha o fez acalmar um pouco, mas continuar em silêncio. - Alô? Má? É você? Aconteceu algo? Alô?
A voz era de Roberta.
- Desculpa Rô, liguei errado. - então desligou.
Encostou a cabeça no banco do carro e esmurrou repetidamente o volante. Stela tinha voltado para confundir sua cabeça, mas seu coração já tinha novo dono. Estava perdido, e alí ficou, no carro, olhando a chuva caindo."

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

S02E06

"Marcos abriu os olhos lentamente. Estava totalmente leve, se sentindo numa flutuante nuvem fina e densa que o carregava por entre as árvores que tinham flores roxas e amarelas. Olhou para cima e viu um céu azul claro, limpo, sem uma única nuvem ou sinal algum de poluição. Ouvia o som suave da água do rio que corria à sua direita, suave, criando uma melodia sólida diante do canto dos pássaros que alí estavam tomando um sol nos galhos das árvores, uma melodia única que ele jamais ouvira antes ou ouviria depois. Aquele momento era único.
Seus olhos percorreram do rio para o céu e do céu para seu lado esquerdo, onde estava o sol se pondo, alaranjando metade do céu, criando uma obra prima magnífica em pleno paraíso, alí era o paraíso. Fechou os olhos e relaxou deitado naquela densa nuvem que o levava para os lugares mais belos do mundo.
Mais na frente a paisagem escureceu-se. Uma enorme gruta engoliu Marcos e agora ouvia o eco da água que pingava da estalquitites no chão, onde o rio cortava, seguindo seu caminho. Alguns morcegos voavam sobre Marcos, fornecendo-lhe uma pequena brisa de vento que provinha das suas asas, mas aquilo não assustava o garoto, que sorria, se sentindo muito bem.
Fechou os olhos novamente e abriu. Acima dele estava uma fumaça, o barulho da água caindo cessara e a paisagem estava muito diferente. Um som alto de Polythene Pam, Beatles, tocava num quarto fechado. Estava na sua cama e encostado nela, sentado no chão, estava Renato.
Riu alto ao olhar para o irmão e então fechou os olhos. Voltou para seu próprio mundo."

terça-feira, 21 de outubro de 2008

S02E05

"A água morna corria da cabeça aos pés de Marcos, enquanto ensaboava seu corpo inteiro, num banho tranquilizador. Lavou cada parte do corpo com um perfeccionismo típico, lavou os cabelos e desligou o chuveiro, pegando as toalhas e se secando.
Saiu de roupão e foi para o quarto, abriu seu guarda-roupa e alí ficou parado analisando qual seria a melhor roupa para aquela ocasião. Por fim, escolheu sua melhor calça, vestiu sua camiseta e um casaco, colocou seu cachecol, voltou para o banheiro, onde fez a barba e arrumou o cabelo e, para finalizar, borrifou do seu melhor perfume pelo corpo.
Subiu as escadas, foi para o banheiro do andar de cima, escovou seus dentes, pegou a chave do carro e partiu para a casa de Roberta. Os dois tinham combinado de sair com Renato e Anahí, iam fazer um programa cultural, teatro, e depois iriam para a Avenida Paulista tomar um café no Starbucks. Queriam algo mais light, e a proposta de Marcos foi aceita.
Parou o carro no condomínio e buzinou duas vezes, desligou a chave e encostou no banco, olhando para o céu. A noite estava muito bonita e Marcos estava contente com a vida que levava, com os amigos que estava saindo, com os dias que estava tendo ao lado deles. O pensamento cessou ao ouvir o barulho do portão se abrindo e avistou Roberta, linda como sempre. Usava uma calça jeans, uma bota preta e um sobretudo cinza fechado que caía até seus joelhos. Os seus cabelos loiros estavam soltos, caindo sobre as costas e os olhos verdes estavam mais belos do que nunca. Entrou no carro sorrindo, como de costume, e deu um beijo estalado na buchecha de Marcos.
Foram ao Teatro Brigadeiro, e lá encontraram Anahí e Renato, abraçados no frio, esperando os dois chegarem para comprar os ingressos juntos e escolher assentos próximos. Marcos sorriu para o casal, eles sabiam que o garoto invejava a vida que os dois levavam, tão serena e romântica, sempre de bem, nunca brigando e se amando a cada segundo.
Marcos não estava com Roberta, isso ele sabia, e aquele encontro de casais não significava nada para ela, nem para ele. A única coisa que Marcos não esperava era que, ao chegar no teatro e sair do carro, Roberta segurou o braço dele e foi andando ao seu lado durante todo o tempo.
Assistiram a peça e então partiram para o café. A noite estava fria e uma garoa fina caía em plena Paulista, mas nada impedia os garotos de irem até o Starbucks tomarem um café.
Sentaram em uma mesa, pediram alguns capuccinos e conversaram sobre inumeros assuntos, como a peça que tinham acabado de assistir, sobre a faculdade de alguns que faziam e, no fim da noite, Anahí disse que viajaria com Renato no fim de semana seguinte. Marcos ficou feliz pelo jeito que as coisas andavam com os dois, e desejou que um dia pudesse ter essa vida com alguém, de preferência a princesa loira que estava sentada do seu lado, no momento rindo de alguma piada que ele tinha feito.
Pagaram a conta e cada um foi para seu carro. Marcos abriu a porta para Roberta que o agradeceu com um enorme sorriso, então seguiu para a casa dela. No caminho conversavam sobre Renato e Anahí.
- Anahí tem sorte, seu irmão é um cara legal!
- Sim, ele é foda! Tenho saudade da época que morávamos juntos, a gente é muito unido.
- Eles formam um casal lindo! - Roberta olhava a rua lá fora.
- Espero encontrar alguém que me faça feliz, assim como os dois se encontraram. - Marcos lançou um olhar para Roberta e sorriu.
Estacionou o carro em frente ao portão de madeira e desligou o carro. Respirou fundo, olhou para a menina e então disse:
- Você estava linda essa noite. Aliás, você é linda sempre. Obrigado por estar fazendo parte da minha vida e ser uma ótima companhia para mim.
Roberta sorriu e corou levemente.
- Má... - ficou em silêncio. - Você quase sempre me deixa sem palavras...
O beijo de boa noite foi dado."

domingo, 19 de outubro de 2008

S02E04

"O carro parou em frente da casa de portão de madeira. A chuva caía fina la fora e um abraço de longos segundos aconteceu, seguido por um beijo carinhoso na buxexa, a porta se abriu depois e a menina saiu, abriu seu portão e ainda acenou, dizendo silábicamente um boa noite, então entrou.
O carro não andou. A chuva caía, sem um único movimento do para-brisa, causando um mosaico no vidro da frente. O vidro do motorista desceu e uma chama fez-se dentro do carro, acendendo um cigarro que fora baforado pela janela aberta. A rua do condomínio deserta dava um ar de serenidade para Marcos, que olhava para frente sem um simples piscar de olhos. Terminou seu cigarro, o jogou no asfalto molhado e ligou o carro.
- Muito obrigado, Má. - disse a menina minutos antes. - Você é muito importante para mim.
Cansado! Era assim que Marcos se sentia. Cansado de viver daquele jeito, de ser quem era, de achar que gostava de alguém, de sempre estar (ou ser) enganado. Ele era o amigo, não o pretendente.
Claro que ainda era cedo, mas ele tinha iniciado tudo da maneira mais errada. Agora eles eram amigos, e não era isso que Marcos queria como um 'definitivamente'. Suspirava forte enquanto seguia pela avenida praticamente vazia.
- Esqueça-a, antes que seja tarde. - pensava Marcos.
Uma única semana, apenas uma, e Marcos já se sentia diferente em relação à Roberta. Péssimo para ele, péssimo para ela, péssimo para todos que estavam em sua volta. Ele conseguiu esquecer Stela, de uma maneira rápida e prática, trocando-a por uma outra, em uma mesma épica amorosa: nunca a teria.
Não, ele não estava apaixonado, nem pensava estar, como pensou com Stela. Mas foi em um único momento que ele conseguiu pensar nos dois juntos, como um casal e não como amigos. Até o momento em que outro rapaz tentou algo e ela jogou o jogo proposto, de maneira peculiar.
Chegou em casa e desceu para seu quarto, estava de saco cheio. Abriu sua gaveta e pegou o resto do que tinha e começou a dichavar, nervoso com toda a situação. Pegou um pedaço da seda e fez um pequeno cigarro e acendeu, enquanto colocava Magical Mistery Tour para rodar em seu computador. Deitou na cama, fumou metade e guardou o restante.
Se arrependeu, por um instante, de ter ido nesta noite. Depois riu e pensou que o tempo era o que ele precisava, decidiu que iria parar de ser Marcos."

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

S02E03

“O sol estava torrando, desculpa ideal para Marcos ir até o quiosque da praia, para tomar uma cerveja. Fora com Renato, enquanto Fabiana e Anahí iam no mar e Jorge e Bernardo ficavam na casa para arrumar o resto da bagunça.
Renato comentava sobre as brisas da noite passada, Marcos ria freneticamente, se lembrando, entre um gole e outro, dos absurdos que falou. Ele pediu outra cerveja e acendeu um cigarro, olhou para o mar. Seu irmão ainda comentava sobre a noite, mas Marcos já não ria mais, sequer prestava atenção. Algo havia lhe chamado a atenção. Vindo em direção dos quiosques, Anahí e Fabiana andavam e conversavam com outra menina.
Seus cabelos loiros estavam grudados na pele branca e macia, devido a água do mar. Em um caminhar perfeito, com um corpo frágil, porém bonito, a menina soltou uma risada que o encantou. Seu sorriso era perfeito, simétrico e delicado, tanto quanto seu rosto angelical e seus olhos verdes escuros que, como pêndulos, hipnotizaram Marcos instantaneamente. Poderia jurar que, se a menina usasse uma coroa, seria uma princesa. Elas se aproximaram.
- Oi gente! – disse Fabi. – Essa é a Roberta, estudo com a gente e encontramos ela aqui na praia! Coincidência, né?
Marcos sorriu e disse oi, simpaticamente e só naquela hora se deu conta de que havia deixado seu cigarro cair.
Roberta se sentou na cadeira desocupada que, por sorte, era do lado da de Marcos. Conversaram a tarde inteira sobre diversas coisas. Em tão pouco tempo, os dois estavam quase íntimos, trocando flertes nas entrelinhas.
A noite chegou e ali estavam todos, inclusive Jorge e Bernardo. Num lance rápido, Roberta beliscou Marcos, numa brincadeira onde os dois riram sozinhos. O menino estava feliz e, pela primeira vez em muito tempo, não era por causa das estúpidas drogas; foi revidar o beliscão quando...
- Oi, meu amor. – disse Roberta para um rapaz sem graça que chegou sem ninguém notar.
Aquele era Silvio, namorado de Roberta.
Marcos acendeu um cigarro. Definitivamente não tinha sorte...”

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

S02E02

"A casa estava uma bagunça. Limpa, porém bagunçada. Na sala, na mesa de centro, não se via o vidro com tantas latas de cerveja. O cinzeiro estava preto de tantas cinzas e branco com tantas bitucas de cigarro, no sofá Bernardo dormia de bruços, sem camisa, com um braço caido no chão e o outro em cima do encosto do sofá. A porta de vidro para a varanda estava aberta e o sol lá fora ardia forte, entrando pelas aberturas da persiana, cegando os olhos de Marcos, que dormia no chão, próximo à parede.
Marcos abriu os olhos lentamente, se espriguiçou e se sentou. Olhou para a sala, com uma dor de cabeça, mas mesmo assim sorriu. Estava feliz. Levantou-se e foi para o banheiro lavar o rosto, passou pelo quarto e viu Renato e Ahaní, sua cunhada, dormindo juntos, abraçados naquele calor. Resolveu encostar a porta e foi para o outro quarto onde deveriam estar seus amigos Fabiana e Jorge, mas eles não estavam.
Voltou para a sala e pegou o último cigarro que havia no maço, acendeu e foi para a cozinha. Abriu a geladeira, pegou uma garrafa de gatorade e foi para a varanda. O vento soprava sereno no quinto andar, Marcos puxou o cigarro e olhou para o mar, então sorriu. A praia estava cheia, as pessoas andavam pelo calçadão e o sol estava bem no meio do céu, ardendo seu rosto recém acordado. Decidiu voltar para dentro da casa, ligou o rádio e colocou Rodeo Clowns para tocar.
Pegou um saco de lixo e começou a juntar as inúmeras latinhas que estavam pela mesa de centro da sala e na mesa de jantar.
O fim de semana estava apenas começando..."

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

S02E01

"Fodido na vida, desempregado e sem muita percepção, Marcos levava uma vida desnorteada, sem saber ao certo o seu caminho.
Andava meio de saco cheio da faculdade, vivia mal, saia pouco e vagava pelas ruas, noite afora com seu irmão Renato, sempre se irritando com o tédio e a mesmice de sempre.
Não estava acostumado a sentir o tédio. Estava sentindo que era hora de voltar atrás, deixar o orgulho de lado e assumir que ainda amava Stela.
Ele olhou para a lua, em um céu sem estrelas pensando que o universo conspirava contra ele, tentando encontrar resposta do que teria feito na vida para sofrer de tudo aquilo.
Então levantou-se da mesa, pagou a conta e seguiu com Renato àlguma praça deserta e acendeu seu baseado. Deu o primeiro trago, mais um e mais um, passou para Renato e, milimetricamente, sentiu o seu corpo formigar. Não pensava mais em Stela."

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Season Finale

"Marcos e Stela estavam sentados no terraço do prédio 2 da faculdade, em completo silêncio por cinco minutos, tempo necessário para Marcos obervar a avenida lá embaixo e os prédios brilhando com as luzes de cores diversificadas, saindo de cada janela. Encostou na parede, subiu seus joelhos até o queixo e acendeu seu cigarro, deu uma tragada bem longa, assoprou a fumaça, olhou para as estrelas no céu e então seus lábios se descolaram:
- Então? - perguntou o garoto, ainda olhando para a avenida lá embaixo
- Eu é que lhe pergunto, você não me chamou para conversar? Estou aqui. - Stela parecia um tanto quanto ansiosa para sair do terraço. Marcos não pode distingüir se era o medo de altura que ela provavelmente tinha ou se era a vontade de estar longe do dito cujo psicótico.
- É uma coisa simples, Sté. Você sabe, eu sei que você sabe e o resto do mundo sabe, não entendo porque não falamos disso frentemente. Eu gosto de você, e não é só como amigo. Tenho vontade de poder segurar a sua mão, de olhar nos seus olhos e dizer o quanto eu poderia te amar. Sinto minhas pernas tremerem, minhas mãos suarem e minha cabeça gira, tudo ao mesmo tempo quando vejo você, porque não sei o que fazer, se te cumprimento, se te ignoro. Essa é a verdade e eu sei que a verdade é que não te terei, não agora... talvez nunca.
Stela olhava para Marcos em silêncio, abriu e fechou a boca algumas vezes antes de falar:
- Eu sei, Marcos. Eu sempre soube, até quando eu estava com o Antônio, mas é complicado e sempre foi, nós temos essa "coisinha" entre a gente, mas não sei o que fazer...
- Eu sei o que fazer. - Stela olhou-o nos olhos. - Eu não vou mais te infernizar a vida, não serei mais um "pain in the ass" com você. Essa é a última vez que falarei tudo, agora te deixarei em paz.
Marcos se levantou e jogou seu cigarro lá embaixo e seguiu para dentro da faculdade. Desceu as escadas e pegou o elevador. Colocou seu fone de ouvido e começou a ouvir The Verve - Bittersweet Simphony, passou a catraca e seguiu pela avenida.
- Marcos! - Stela estava alguns passos atrás, parada, o olhando. Tinha o seguido até lá embaixo, com uma cara perplexa. - O que você vai fazer agora? Então é isso?
Marcos sorriu, um sorriso com muita ternura e paixão:
- Acabou nossa história, Sté. E ela não tem um final feliz. Deixa como está, eu vou deixar.
A música explodiu nos ouvidos de Marcos, então ele se virou e continuou a caminhar, olhando para frente, seguindo para o ponto de ônibus, para ir embora. Ele sorriu, estava livre novamente."

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Parte X

"Após ter ficado minutos de olhos fechados, Marcos abriu os olhos. Nem sequer se lembrava de onde estava, apenas se sentia bem. Estava com seu irmão mais velho, Renato, em um campo, de grama bem verde e poucas árvores. Era tarde, o sol estava se pondo, deixando o céu alaranjado que, junto das nuvens brancas, deixava um quê de obra de arte.
Ali ficaram por horas, conversando sobre coisas. Renato e Marcos eram irmãos e muito amigos, eles sabiam o que o outro pensava sem precisar falar, bastava um gesto, um olhar ou uma risada. Aqueles dias estavam sendo importantes para Marcos, ele havia se esquecido um pouco de Stela, que nessa altura já estava com outro, provavelmente.
Heis que o celular de Marcos começou a tocar When my guitar gently weeps, dos Beatles. Os dois permaneceram em silêncio, as risadas cessaram, e ambos olharam para o céu, criando seu próprio mundo. Marcos fechava e abria o olho em longas piscadas que duravam, para ele, mais de 20 minutos, para quem estava vendo, apenas alguns segundos.
A sensação era impossível de se descrever. Os dois irmãos riam e conversavam sobre assuntos diversos, cada assunto que puxava o outro, criando uma teia, onde o primeiro assunto era o criador de todos os outros. Estavam felizes, em um mundo a parte, sem guerras, sem fome, sem corações partidos; eram eles e suas teorias malucas.
Os olhos descansados, quase fechados davam à eles a sensação de uma certa liberdade, estavam leves, despidos do ódio. Só existia o amor e a paz com os irmãos, alí ficaram por mais algumas horas.
E, ao som de Here comes the sun, se levantaram da grama. O sol já estava coberto pela noite, era hora de ir. Marcos deu sua última tragada e jogou a ponta fora.
Era hora de voltar para a realidade."

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Parte IX 1 e 2

"Marcos travou. Estava tão confiante que conseguiria abrir seus sentimentos de vez para Stela, mas não conseguiu. Nessa altura, ela já sabia que ele a amava, o que já não era tão importante para um segredo, segundo Marcos. Ele já não ligava, ele queria desabafar, mas não para todas as pessoas a quem desabafou. Ele sentia a necessidade de olhar nos olhos de Stela e dizer: Me note, eu estou aqui.
Na sexta-feira estava decidido e chamou Stela para conversar. Travou. Só conseguia dizer obrigado e como ele era ridículo. Até que o mais ridículo aconteceu. Antônio estava alí, olhando para ele nos olhos, com um ódio no olhar que fez Marcos hesitar:
- Ele está aqui, não consigo. Ele não quer a gente conversando.
- Para de ser bobo.
Ele a ouviu e parou. Não poderia continuar esse amor platônico para sempre, então decidiu Stela viver a vida dela. Não iria mais se meter ou se envolver.
Quase uma semana se passou. Marcos adoeceu e faltou muito na faculdade, tentou esquecer de Stela e não foi mais procurá-la. Na quinta-feira recebeu uma notícia: Stela não namorava mais. Ela teve apenas uma recaída com Antônio e viu que ele não era nada do que ela queria em um homem. Ela queria uma companhia e não alguém que tinha posse der algo.
Marcos sorriu ao saber da notícia. Fazia tempo que seu coração não acelerava tanto como nesse dia."

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

I won't give in....

Não desisto de você. Posso não falar com você, posso não ver como está seu cabelo hoje, posso não sentir o cheiro de Tarsila ou Florata'n'Blue (não sei escrever) ou 2n2 Sexy, mas isso não quer dizer que não penso em você.Penso sim, porque vc foi alguém especial em minha vida, passou, mas deixou marcado algo que nunca irá se apagar, nunca mesmo. Não peço seu perdão, nem sua compaixão, eu não preciso dela. Mas eu quero que você viva e seja feliz, bem perto ou a distâncias quilométricas de mim, contando que viva bem.

Foi com você que aprendi que amar é um sentimento e não um showzinho que precisa ser mostrado a cada segundo. Existem maneiras e maneiras de amar e demonstrar esse sentimento. O meu agora é apenas viver minha vida, mas com a segurança em saber que você vive a sua, e está feliz nela.Sua felicidade faz parte da minha vida, e, infelizmente (ou felizmente), você não pode fazer nada a respeito.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Parte VIII e VII.2 (nessa ordem)

"Marcos ficou doente, estava mal e a culpa era do cigarro, é claro. Perguntaram-no se tinha ficado com medo, se tinha decidido parar após o susto. A resposta foi mais do que imediata. Não precisou de um dia para voltar a fumar. Estava de saco cheio da vida, com muitos problemas e nada o acalmava.
Acordou na manhã de sexta, uma manhã fria e chuvosa, que o fez pensar exatamente o mesmo quando foi dormir: estava na hora de se declarar para Stela. Estava decidido e iria fazer isso assim que a visse, e ela não o rejeitasse.
Esse pensamento o veio na cabeça há um bom tempo atrás. Stela tinha comparecido no seu show, abraçou-o, sorriu aquele sorriso momentâneo, mas que, para Marcos, era eterno. Estava com Anita, mas a beleza de Stela radiou por todo o local, ela fora um espetáculo a parte.
Marcos há muito tempo não conversava, trocava palavras ou via sua ex-namorada, Camila. Marcos não negava que ainda gostava muito dela, que se sentia bem ao falar com ela, mas após uma infantilidade da parte de Camila, onde ela disse que não o queria mais por perto, que a vida deles não poderiam andar mais lado a lado, Marcos percebeu o quanto Stela era importante.
Ele queria agradecer Stela por o ter feito esquecer sua ex, por ter feito acreditar novamente no amor, por mudá-lo, o ter feito crescer a amadurecer.
Era isso que ele queria. Era isso que ele iria fazer..."

domingo, 21 de setembro de 2008

Parte VII

"Stela jamais deveria ter ido naquele Sábado. E ainda o chamou de fofo e o fez sorrir.
Stela não deveria ter ido..."

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Parte VI

"Marcos se sentia patético, e com razão. Antes fosse patético pelo simples fato de ser apaixonado por alguém que mal conhecia, que trocava palavras picadas durante a semana e que, o pior de tudo, namorava e mal dava bola para ele. Mas não, Marcos não se sentia patético por isso.
Se sentia também sozinho, sem alguém para abraçar, alguém para dar a mão, alguém que o fizesse sentir vontade de acordar no frio e viver. Depressivo? Não, patético.
Conheceu Débora, uma colega de trabalho de Stela, que era muito simpática e atraente, o que chamou a atenção de Marcos. Conversaram pouco, mas deram boas risadas e Marcos se sentira bem ao lado dela, fazendo-o sentir vontade de talvez tê-la, ou não. Ele não sabia mais, ele não sentia algo por ninguém fazia tanto tempo que mal sabia o que era isso que estava sentindo.
Atração. Dizia ele. Stela não havia sumido de sua cabeça, mas se sentia mal por ter vontade de beijar outras. Desceu para as escadarias e acendeu um cigarro. Estava louco! Ou começando a ficar...
- E ai menino... - A voz que vinha de trás de Marcos já era muito bem conhecida. Stela chegou com aquele sorriso angelical, o deixando desnorteado. Assim como no sonho, Stela chegou por trás dele. Estranho...
Trocaram algumas palavras, mas Marcos já sentia que a menina não queria nada com ele, algo que ele já sabia e não estava querendo assumir. Mas agora ele estava começando a assumir e, por mais que seu coração ainda batesse muito forte ao ver Stela, já conseguia controlar seus sentimentos com sua mente.
Como todos os dias, a conversa durou menos de dois minutos e Marcos levantou-se e partiu. Colocou seu fone, respirou fundo e sorriu. Estava mudando."

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pausa na história...

Dê sempre um passo à frente, mas nunca deixe de olhar para trás. Pessoas que tendem a olhar somente o que está na sua frente acabam deixando de viver, só almejando o futuro. Pior são aquelas que olham por cima e acabam tropecendo nos pequenos erros, despercebidos por tais.
Não negue suas origens, não desrespeite sua família. São eles o ponto de partida, o marco zero da sua estrada, sua vida. Antes de fazer um comentário, antes de sentir qualquer coisa, olhe para trás.
Não deixe o preconceito falar mais alto, olhe para trás. Veja o quanto a história nos conta sobre o racismo, o xenofobismo, o homofobismo, o nazismo, facismo, entre outros tipos de pré julgamento, onde o final foi sempre o mesmo: massacre de ambos os lados. Esse sentimento tem que ser bem observado, e tente olhar para trás antes de ter algum preconceito, afinal de contas você pode sofrer com algum desses lá na frente.
Não seja tolo e infantil, olhe para trás. Se você errou, assuma seus erros. Se erraram com você, não sinta ódio e rancor. Tome como lição todos os erros que você cometeu, e tome como aprendizado aqueles que fizeram com você, para que você possa não cometer os mesmos com outras pessoas. Agradeça todos os seus romances, existentes ou platônicos, pois esses te fortalecem e te fazem adquirir experiências necessárias para crescer.
Não esqueça dos velhos amigos, olhe sempre para trás. Aqueles que sempre te ajudaram quando você precisava e estavam do seu lado nos bons e mals momentos, mostram a capacidade do ser humano de ter compaixão com o próximo. Não deixe que um pequeno deslize ou uma pequena distância faça essa amizade acabar. Por isso, olhe sempre para trás.

Continue sua vida, ande sempre para frente e não viva do passado, mas nunca deixe de olhar para trás...

Parte V

"O frio invadia o cérebro de Marcos a cada respiro dado, inalando um ar gelado que fazia sua cabeça doer. Aquela era uma tarde depressiva, onde a chuva caía fina em seu rosto congelante, enquanto andava pela avenida, indo para o seu trabalho. Com passos lentos, fumava seu cigarro pensando no dia. Era segunda-feira, dia de encontrar Stela, se assim fosse possível, já que ela quase nunca estava lá quando ele chegava.
Se arrumou e se produziu melhor do que os outros dias, algo lhe dizia que hoje ela o veria. E tinha razão.
Subindo as escadas do segundo andar, passando pela biblioteca, avistou Anita, um rapaz e Stela, conversando. Respirou fundo e acenou para Anita (Stela estava de costas para ele) e passou reto por eles. Suspirou e voltou. Cumprimentou Anita e o menino, depois deu um beijo mais carinhoso em Stela, que retribuiu com um sorriso. Aquilo valeu mais que qualquer outra coisa. Marcos estava apaixonado, e ele odiava isso. Se sentia péssimo, com uma âncora em seu coração e que cada vez que via sua menina, essa âncora o levava mais para o fundo do poço.
Após um tempo, avistou Anita sentada sozinha e resolveu lhe fazer companhia. Sentou-se ao lado da amiga e permaneceu em silêncio, mas mesmo assim conseguindo transmitir o que sentia naquele exato momento. Stela voltou.
- Já vai embora? - perguntou Anita.
- Sim. - Stela veio dar um beijo nos dois e, ao olhar para Marcos, perguntou. - Óun, meu pequeno. Tá triste? Não fique, irei nesse fim de semana te prestigiar no seu show.
Marcos apenas sorriu. A âncora o afundou cada vez mais."

domingo, 14 de setembro de 2008

Parte IV.3

"Marcos acordou naquele domingo descansado. Sentia-se bem, não pensava tanto em Stela, exatamente como queria. No dia anterior, ao pisar no aeroporto, ficou com o coração acelerado. Iria ele encontrar Stela? Alí, no meio de tanta gente...
Não.
Levantou-se da cama e foi tomar um banho, se arrumou e foi ao shopping com um de seus irmãos, Diego. Comprou umas calças, camiseta e foi embora. Se preparava agora para ir jogar seu futebol de fim de semana, com amigos.
E assim foi o seu domingo..."


Muita gente anda perguntando se a história é verídica. Não, não é. Obrigado à quem comenta e quem lê também.
Bom restinho de domingo.... sem muitas peripécias de Marcs por hoje...

sábado, 13 de setembro de 2008

Parte IV.2

"Marcos foi deitar se sentindo com raiva. Acordou se sentindo com remorso. Era um idiota, e sabia disso. As duas pouquíssimas horas de sono o deixaram complexado, pensativo e numa vontade de sumir. Queria liberdade, mas não queria estar só.
Desceu o elevador do prédio do amigo, sozinho, e foi pegar um ônibus. O vento gélido batia em seu rosto, enquanto, em jejum, acendia um cigarro. Colocou o fone no ouvido e decidiu ouvir algo agitado, NOFX, e sentou no ponto esperando seu ônibus. Estava sentindo uma mistura de sentimentos que não conseguia explicar exatamente o que era, sentia ódio de amar, ou vice-versa.
Na noite passada, não se lembra o que aconteceu. Prefere não lembrar, fingir que nada do que viu realmente existiu. Estava com medo e sem entender coisas. Odiava guardar segredos, mas esse ele levaria para o túmulo. A cada tragada, um surto.
Pensou, como sempre, e não chegou à conclusão alguma. Levantou-se e deu o sinal. Entrou no ônibus e a última coisa que pensou, antes de partir, foi: 'você é um idiota, Marcos.' E seguiu viagem."

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Parte IV

"Marcos estava bem. Passava uma sexta-feira tranqüila e feliz e a noite ainda lhe preparia algumas surpresas, da quais nem este humilde trovador saberá o que acontecerá. (Parte V contará mais).
Anahí, uma amiga de Marcos, foi à casa dele. Passou o dia lá, com ele, conversando e o deixando mais alegre, fazendo-o esquecer da vida universitária. Com uma voz meiga e gentil, foi lhe falando sobre coisas variadas, quando parava por algum segundo de cantar Entra en mi vida do Sin Bandera. Marcos gostava dela, e muito.
Anahí era uma menina difícil de se lidar. No começo da amizade, se é que poderia chamar aquilo de amizade, ela era uma pessoa fria, sem sentimentos, que nem gostava de dar um simples abraço no menino, tão carinhoso como ele era.
Naquela noite, aconteceu algo muito estranho, por vários motivos seguidos. Anahí o abraçou diversas vezes, com um pequeno detalhe, porém importante, Marcos não pediu abraço uma vez sequer. Enquanto Marcos estava sentado no computador, combinando o que iriam fazer naquela noite, Anahí sentou na mesma cadeira e o abraçou, por trás, apoiando seu queixo em seu ombro, dando uma mordidinha em seu ombro.
Fatos bestas e simples, mas que vindos daquela menina , era surpreendente, o que deixou o menino feliz.
Partiram de casa, com um único guarda-chuva, momento romântico, mas de que nada significava para Marcos, muito menos para Anahí, afinal ambos sabíam que Stela era a única com quem ele se importava, no momento.
Marcos estava bem, passava uma sexta-feira tranqüila e feliz. E tudo graças à Anahí."

Parte III.2

"Marcos estava sentado nas escadarias da faculdade, olhando os carros passar velozmente num trânsito livre, durante a madrugada. Tossia muito, mas entre uma tosse e outra, arranjava tempo para as baforadas em seu cigarro, não deixando de reclamar daquela porcaria, pensando quando iria parar de ser escravo do tabaco.
Estava sozinho, ouvindo Cássia Eller - Por Enquanto, pensativo como sempre, olhando agora as estrelas. Já tinha parado de fumar.
- O moço bonito está sozinho? - Em uma sintonia perfeita com o término da música, Stela chegou por trás de Marcos, fazendo-o tirar os dois fones do ouvido e a olhar com um brilho nos olhos e um sorriso estampado no rosto, como nunca executados antes.
A menina se sentou ao lado de Marcos e apoio sua cabeça em seu ombro, com uma ternura jamais vista antes por parte dela para com ele. Contou-lhe sobre seu dia, como foi cansativo, sobre seu treino de vôlei, sobre suas aulas de Redação II e sobre a noite e como as estrelas estavam lindas.
- Você é tão linda, sabia? - Foi tudo que Marcos pode falar, quando Stela parou por um instante de falar. O silêncio veio à tona, podendo-se ouvir o vento soprando forte entre eles. A avenida estava vazia, as escadarias estavam desertas, fato nunca ocorrido até então.
Stela olhou-o nos olhos, encarando-o de forma meiga. Marcos fitou-a em um carinho imenso, percorrendo o olhar dos cabelos aos lábios da menina. Foi quando o momento mágico chegou. Stela inclinou sua cabeça para frente, encostando seus lábios nos de Marcos, que fechou os olhos e curtiu cada segundo daquele beijo, que pareceu durar uma eternidade. Seus dedos percorriam os cabelos de Stela, acariciando seu rosto com a outra mão, com uma ingenuidade sem explicações. O beijo cessou e Marcos, de olhos ainda fechados, abriu um sorriso.












Marcos abriu os olhos lentamente. O despertador tocava, serenimente, na escrivaninha. Estava em seu quarto escuro, deitado em sua cama quente. Suspirou, foi um sonho."

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Parte III

"Marcos sabia que um dia iria acontecer, mas não sabia que seria tão assim, cedo. Ainda estava mal. Acordara na quarta-feira decidido: não pensaria mais em Stela, pois não era amor aquilo. Deveras não era, mas aquela paixãozinha platônica e aquele friozinho na barriga não significava apenas um sentimento de amizade, afinal, ali nunca houve nada, sequer amizade.
Decidido, como nunca, Marcos foi ao trabalho e, como prometido, não pensou em Stela. Foi almoçar, e não pensou em Stela. Foi fumar, e não pensou em Stela. Nada, nadinha em seu mundinho era Stela, nem lembrava que um dia a tinha conhecido, tudo pelo simples fato dele ter achado que ela estava com medo dele, pois ele havia andado depressa demais.
Chegado o momento de ir para a universidade e, como antes, Stela não havia brotado em pensamento algum de Marcos, o que era uma luta difícil e as vezes deixava-o nocauteado, mas ele sabia que era para um bem maior.
Heis que quando bota os pés na faculdade, próximo à biblioteca, estava ela. Stela, radiante, com um sorriso no rosto, e mesmo com um jeitão largado que estava, com a aparência cansada e para baixo, ainda iluminava as proximidades com sua alegria, seu sorriso aberto e sua serenidade e beleza.
- Oi. - disse Stela. Neste instante, Marcos tremeu e soltou um muxoxo no lugar de um oi. Ela estava alí, ao mesmo tempo seu sonho e pesadelo, seu motivo de risadas e choros, alegrias e tristezas. Na frente dele, seu motivo de ódio e amor. Para ele, mais motivo de amor do que de ódio.
Ganhando um beijo estelado e bem significante, Marcos cumprimentou-a com um abraço apertado e um sorriso no rosto. A esperança de que o amor ainda existia, a paixão platônica, a paixãozinha do colegial estava acesa.
Alí, próximo à quadra, conversaram. Sobre a camiseta de Marcos, sobre o treino de Stela, sobre as apresentações musicais de Marcos, sobre o emprego dela. A menina ainda o prometeu ver em uma de suas apresentações.
Trocaram abraços e cada um foi para seu canto, fazer suas tarefas, e foram se encontrar novamente na saída da universidade. Marcos fora falar com um amigo e quando viu mais adiante, Anita estava com Stela, conversavam. Ele mandou um beijo para Anita e acenou para Stela.
Ali ficou, olhando sua menina indo embora, sem um olhar para trás, sem nenhuma mensagem ou sinal. Marcos decidiu ir embora, estava mal, e agora sim era pela falta que Stela o fazia..."

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Parte II...

"Marcos estava mal, mas não mal pela falta que Stela fazia, afinal ele nunca a teve para sentir-lhe a falta. Marcos estava doente e com muito medo.
Os dois dias se passaram numa sintonia monótona, onde Marcos sentia-se um robô, respeitando as ordens de seus atos, como programações feitas por alguém que o comandava. Ainda não havia encontrado-se com Stela, e para piorar a situação Anita faltou na aula, o deixando sozinho.
A sorte de Marcos era a Peixe, uma amiga confidente de Marcos, a quem ele confiava muito, seu nome na verdade era Pamela, mas ele a chamava de Peixe. Marcos havia lhe contado sobre Stela, sobre o seu amor platônico por ela, e contou que iria encontrar com ela no churrasco de Anita.
Nesta noite, Marcos estava sentado nas escadarias, fumando seu cigarro, pensativo, quando Peixe chegou, disponibilizando alguns minutos de alegria para Marcos, pois falar de Stela o deixava alegre, mesmo dando as péssimas notícias que iria dar. Fazia três dias que Stela não o dava notícias. Não respondia suas mensagens e ia embora cedo, estava o evitando. Marcos sabia que deixara as coisas transparecerem muito depressa, de uma maneira que ele não gostaria que fosse... Ele só desejava voltar no tempo para poder recomeçar, de uma maneira mais serena, do jeito que sempre foi.
Ele se sentia um idiota, mas ao mesmo tempo uma pessoa bondosa, cheia de carinho. Seus pensamentos eram transitórios, do bom para o ruim, do alegre para o triste, do feliz ao depressivo. Não sabia mais o que eram sentimentos. Ele sentia, e só.
Tentou a última vez entrar em contato com Stela, perguntando-a como estava, desejando-lhe boa noite. Tolo. Respostas só recebera de Anita, que fez uma falta enorme para Marcos e seu coraçãozinho estranho e melancólico.
Pois é, Marcos estava mal... Mas não mal pela falta que Stela o fazia."

Parte II completada. Mais peripécias de Marcos e sua vida inútil, em breve.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Parte I...

"Marcos não gostava de ninguém. Stela gostava de Antônio, que reciprocamente gostava de Stela.
Todos estudavam juntos. Marcos jamais conheceu Stela ou Antônio.
Após uma grande rave, que durou 4 dias seguidos onde muitos estudantes foram, menos Marcos, seus colegas foram em uma lanchonete comer e conversar sobre a rave. Ao sair, Marcos avistou uma menina, morena de olhos escuros, da pele meio escura, com um rapaz alto e forte. Eram Stela e Antônio.
Marcos ficou hipnotizado com a beleza pura e sincera de Stela e pediu para sua amiga, Vanessa, descobrir o nome dela. A coincidência maior era que Vanessa e Stela eram companheiras do time de vôlei, o que facilitou a descoberta do nome.
A paixão platônica de Marcos havia se acendido, como uma pequena chama, tímida, de uma vela. Meses se passaram e a paixão foi sucumbindo, e ele foi se esquecendo de sua musa inspiradora para tantos pensamentos sobre quanto o amor é real e belo. Foram dois meses depois que Marcos descobriu outra coincidência. Anita, uma grande amiga, praticamente irmã de Marcos, era muito amiga de Stela e ele resolveu encontrá-la com mais freqüência na universidade. A paixão platônica voltou, só que dessa vez maior e mais forte.

Certo dia Anita contou para Stela sobre os sentimentos de Marcos. Stela achou o menino fofo e manifestou um pequeno gesto de interesse que deixou Marcos com uma ponta de esperança. Dias mais tarde, Marcos, ao chegar na universidade, encontra-se com Stela e Anita conversando, próximo à biblioteca.
Stela confessa ter sentido um frio na barriga ao ver Marcos que, por sua vez, descobriu que ela e Antônio não estavam mais juntos. Era a hora de agir, mas com cautela, pois ele era tímido demais e não queria estragar tudo.
Anita convidou os amigos para um churrasco em seu sítio, no sábado próximo. Marcos e Stela estavam na lista de convidados.
Na sexta-feira, Marcos encontrou com Stela três vezes pela faculdade e na terceira vez brincou com ela, dizendo que ela estava o perseguindo. Ela, entrando na brincadeira, disse que ele havia a descoberto. E foi ali, entre o corredor dos laboratórios e o corredor dos banheiros que Stela e Marcos tiveram sua primeira conversa.
Falaram sobre o vôlei de Stela, sobre as apresentações de música de Marcos, sobre a festa de Anita, da qual Stela disse que iria, assim como Marcos, que sentiu mais ainda a ponta de esperança crescendo dentro de seu coração, quando a acompanhou até a biblioteca para ela alugar alguns livros que precisava.
Heis que chegou o grande dia, sábado. Marcos estava com o coração acelerado, havia prometido para si mesmo que não iria assustá-la com seu jeito bobo de ser e decidiu ir mais tarde. Chegando na festa, Stela não estava lá. Ficou perplexo e sem muita sintonia com os outros, quando decidiu beber e ir até uma roda de violão mostrar seus dotes musicais.
Minutos depois algo o chamou atenção na porta de entrada. Era Stela, radiante, com uma blusa rosa e uma calça jeans. Tão comum, mas ao mesmo tempo tão bela.
Não conversaram durante muito tempo, não tinham o que falar e os amigos de Stela estavam em grande maioria na festa. Marcos pegou o violão e entrou na casa e ficou tocando, quando Stela chegou e se sentou perto dele, pedindo para tocar uma música da qual ela cantou.
Marcos jamais se esquecerá do momento em que a voz de Stela invadiu seus ouvidos, fazendo os seus tímpanos gozarem de uma sensação incrível. Ele estava apaixonado.
*
A festa ia acabando e o povo foi indo embora, ou dormindo. Stela dormiu numa cama, sem nenhum cobertor, Marcos no chão, ao lado dela. No meio da noite, Marcos acordou e viu Stela encolhida, com frio, e decidiu ir até o quarto de Anita pegar um cobertor e, numa cena tão ingênua e romântica, a cobriu com cautela e com os olhos de um homem preocupado.
O dia nasceu e Marcos foi-se embora numa viagem de volta para São Paulo totalmente voltada para o interior, onde havia tido aqueles momentos lindos ao lado de Stela.
*
Na segunda, Marcos acordou e foi trabalhar. No caminho, Stela o mandou um torpedo, o que o deixou extremamente feliz e foi diretamente contar para Anita. Foi quando tudo pareceu um copo transbordando. Anita o contou a verdade:
- Marcos, não se iluda. Stela gostou MUITO de você, mesmo! Mas ela voltou com Antônio e ela te quer como amigo, não pare de falar com ela...

Marcos decidiu não parar... Mas até agora não encontrou com Stela novamente, e nem sabe qual será sua reação após... Está arrasado? Está desapontado? Está com esperanças? Só ele e o tempo poderão dizer...."

Essa é a parte 1 de uma história que estou criando. Parte 2 vem em breve, espero.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Linha do tempo...

Ah.... o tempo passa rápido, não? Em 1989, dezenove anos atrás, fatos bons e ruins ocorreram no mundo, como em todos os dias, meses e anos.
Ano em que o mundo dava um "basta" para a guerra fria, um basta na divisão e guerra entre o mundo capitalista e socialista (na teoria, por que na prática...), com a queda do Muro de Berlim. No mesmo ano começaram revoluções estudantis na China, onde um estudante anônimo ficou parado em frente de um tanque de guerra, até ser retirado aos puxões de soldados, e que resultou um massacre na praça de Tian'anmen (Praça da Paz Celestial), em Pequim.
E, acreditem se quiser, a Rede Record foi comprada por US$45 milhões, por um tal de Edir Macedo, no ano de 1989, há 19 anos atrás, quando essa pertencia ao Grupo Silvio Santos.
E foi bem no fim de 1989 que aconteceu a única revolta do Bloco Oriental que usou da violência para se desprender do regime comunista, na Romênia.
No Brasil, Fernando Collor de Mello foi eleito à presidência, e o resto vocês sabem, né?

Ah... Mil novecentos e oitenta e nove! Ano em que o grande pintor espanhol surrealista, Salvador Dalí, morre de insuficiência cardíaca, assim como o grande compositor e cantor Raul Seixas, que foi encontrado morto pela empregada, em seu apartamento.
Há dezenove anos atrás, exatamente há dois dias, nasceria um grande jogador brasileiro, Alexandre Pato e Dalai Lama ganhara seu 14º Prêmio Nobel da Paz.



É... eita aninho com grandes recordações!



Parabéns para mim, aliás.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Ando meio sem idéias, não sei o que está acontecendo... Logo, estava eu, aqui na agência, e perguntei para alguém sobre o que deveria falar. A resposta foi buraco, e depois fome. Gostei de fome.
Pode-se fazer uma variação enorme de fome, metáforas interessantes. A fome é um vazio causado para suprirmos nossas necessidades fisiológicas, ou seja, precisamos comer para sobreviver, o que me leva a crer que ninguém vive sem algumas coisas essenciais e "não-fisiológicas".
Mas como assim Thiago?
Ah... nunca ninguém ouviu a expressão fome de amor? Quando estamos tristes, para baixo, não sentimos um vazio dentro da gente? Um vácuo que parece apertar nossas entranhas, nos deixando completamente perdidos. Isso, meus caros, é a fome. A fome de felicidade.
E quando nos sentimos só? Como se ninguém ligasse para o que você sente, para o que você quer ou pensa. Parece que você vai viver para sempre sozinho, e assim morrerá. Esse vazio é péssimo, pois ele une a fome de felicidade, porque ninguém carente é feliz. Essa fome é a de amor, de carinho, de companhia.
Triste... essas fomes são terríveis, você sente um vazio que não é facilmente reposto, não tem como preencher esse vazio quando quer, é uma coisa mais complexa e confusa...



Há também a fome propriamente dita, sem nenhum fim metafórico. Essa mata com mais rapidez e crueldade. Pensei, pensei e pensei de novo.
Em 2002, a ONU anunciou que mais de 38 milhões. REPITO: TRINTA E OITO MILHÕES de pessoas na África estavam ameaçadas pela fome.
Em 2006, um país de pouco mais de 600 mil habitantes no nordeste africano, conhecido por Jibuti (Djibuti) tinha 20% da população (mais de 150 mil habitantes) sofrendo com a seca e a falta de comida.
Este ano, uma reunião em Londres da PAM (Programa Alimentar Mundial) com a ONU anunciou que a fome pode ameaçar mais de 100 milhões (isso mesmo, CEM MILHÕES) de habitantes, só na África. Disseram também que a fome é um tipo de "tsunami silencioso", remetente à morte de 220 mil pessoas nos países da costa asiática em 2004.
Agora pare, reflita e pense muito. Só na África são 100 milhões, este ano, imagine no resto do mundo? Se em 2002, apenas seis anos atrás, os ameaçados eram 38 milhões e, este ano, são 100 milhões, quase o triplo, imaginem daqui mais 6 anos. É a teoria do caos, a bola de neve que não para nunca de crescer.

E tem gente ainda sofrendo num egocentrismo enorme, vivendo no seu próprio mundo, sofrendo da fome de amor e felicidade.... sem saber que é feliz.

Nota do autor: Ju, obrigado pela idéia, até fiz pesquisa para desenvolver o texto!