sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Pausa no seriado para uma simples pergunta...

Somos frutos da mesma árvore, farinha do mesmo saco, seres humanos, com quantidades incontáveis de células pelo corpo, com dois olhos, nariz e boca. Sobrevivemos com a luz do sol, com a água e os alimentos, mas o que nos faz ser tão diferente um do outro?
Respondemos nossas ações por instintos, emoções ou razões? Qual a maneira de você tomar a decisão certa? Seguindo quais dessas premissas citadas? De que jeito é o certo? Existe um errado?
Alguns pensamentos me rodeiam, ao perceber que somos tão semelhantes, porém tão diferentes. Diferenças físicas podem ser explicadas pela genética, mas e as diferenças psicológicas? Por que seguimos diferentes religiões? Por que gostamos de certos estilos musicais? O que nos faz crer que tal time de futebol é melhor que o outro, ou ainda, o que nos leva a pensar que somos obrigados a gostar de pessoas do sexo oposto? Por que nos apaixonamos por algumas pessoas em tão pouco tempo e deixamos de gostar num espaço menor ainda?
Por que existem seres humanos que não ligam para nada? Por que existem os que ligam para tudo? O que faz uma pessoa ser má? E o que faz outra ser boa? Quando o mundo começou a ficar de ponta cabeça, todo mundo sabe que ele está assim e ninguém faz nada para colocá-lo de volta no eixo?
Por que certas coisas nos interessam e outras simplesmente passam batido? O que te faz pensar que quando você morrer você irá pro céu, ou pior, quando você morrer, acabou? Ou existe um paraíso?
Deus criou o homem à sua semelhança. Qual semelhança? A física? Então Deus é um homem? Não dizem que ele não tem fisionomia alguma?
Lhes pergunto, bem humildimente, qual a semelhança que temos, além da física, para podermos nos considerar seres soberbos? Será que somos mesmo racionais?
Será que essa vida toda é um sonho? Ou será que ela é real? Quem garante? Você? Ele? Ela? Eles ou nós?
Eu tinha uma pergunta a ser feita, mas eu me perdi no meio de tantas que vieram me seguir...

O amor existe mesmo?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

S02E11

"Outono de Vivaldi tocava no último volume do seu quarto, tudo escuro. Um feixe de luz saía da tela do celular, com o flip aberto, iluminando parcialmente o rosto de Marcos, o travesseiro e seu cigarro.
Na tela do celular aparecia Roberta Cel Chamando... pela quinta vez, mas nada dela atender. Tentou pela sexta vez e então desistiu, apertando o celular na mão, apoiando sua testa nela e começou a chorar. Estava depressivo, carente e precisava de alguém, alguém em expecífico, e esse alguém era a dona do celular que não o atendia.
Fechou o celular, colocou-o na escrivaninha e pegou seu notebook e entrou no orkut, sua última saída era mandar um recado para ela e ver se ela respondia. Quando abriu o livro de recados viu algo que não o agradou, Roberta estava de rolo com um cara, e ele nem sabia quem era. Sentiu-se traído, passado pra trás, como uma roupa velha que não poderia mais ser usada por causa de uma mancha ou dano.
Fechou os olhos e se lembrou da noite que teve com Renato. Foram ao PUB ver o jogo do Palmeiras, a vitória sobre 4 x 1 em cima do Flamengo, beberam até não aguentar mais e seguiram para casa. A cena trocou rápidamente e agora ele estava em uma floresta, mas totalmente diferente.
As árvores eram feitas de tinta, como um quadro impressionista do século XVI. O chão, também feito de tinta, era escorregadio e por onde ele pisava deixava marcado seus passos, como cimento fresco. Mais adiante as árvores sumiam, parcialmente, até chegar no topo de uma colina.
Olhou para o horizonte e via uma cadeia de montanhas adiante, desceu seu olhar e encontrou um rio estreito que corria ao pé das montanhas. Correu colina abaixo e caiu, rolou e chegou no final da colina, deitado de barriga pra cima, rindo desesperadamente. Fechou os olhos e abriu.

Seu quarto tocava Inverno de Vivaldi e a tranquilidade veio à tona... Era um dia a menos na contagem para sexta-feira, onde seria o grande dia de colocar todas os problemas na pauta. Ele mal esperava a hora de poder olhar pra Roberta e abraçá-la..."

terça-feira, 28 de outubro de 2008

S02E10

"Marcos estava deitado na cama do seu quarto, já em casa. Com a cabeça sobre o travesseiro, fumava um cigarro, com a perna ainda engessada pelo acidente, mas totalmente recuperado do resto. Olhava para o teto com um ar triste nos olhos.
- Deixa eu ver se eu entendi então. - Começou Renato, que estava sentado na cadeira do computador virado para a cama. - A Roberta acha que você está com a Stela, sendo que na verdade você nem curte mais ela. Por outro lado, Stela acha que você não quer nada com ela por causa da Roberta, é isso?
- Eu tô fudido, Re. Eu fudi tudo, de vez.
Marcos estava abalado com a última vez que vira Roberta e Stela, as duas no mesmo dia, ao mesmo tempo. Havia se passado uma semana, desde então não viu mais nenhuma das duas. Roberta não atendia as ligações dele e Stela não o via, pois ele tinha que ficar em casa de repouso.
No hospital, Roberta havia deixado a sala assim que vira os dois na cama. Sem falar nada, deixando apenas o buquê na mesa e saindo, provocando um enjôo estomacal absurdo no menino.
- Calma, cara. - continuo o irmão. - Sexta você vai na festa com a Fabi e a Anahí, elas falaram que a Rô vai tá lá, quem sabe vocês não conversam né? Sei lá, tenta falar com ela direitinho... talvez dê certo. Ela vai ver que tá pensando merda e vai te dar uma chance...
- Velho, eu nem sei se ela quer mesmo algo comigo. Ela acabou de terminar o namoro, eu vou lá saber o que tá se passando naquela cabecinha? Que merda...
A porta do quarto se abriu e então apareceu Anahí, sorridente como sempre.
- E aí, menino! Melhor? - foi até Marcos e o cumprimentou, então sentou-se no colo de Renato e o beijou.
Marcos soltou um muxoxo inaudível e continuou fumando seu cigarro. Agora era esperar sexta-feira e ver o que seria da sua vida com Roberta depois disso. Enquanto sexta não chegava, ele continuava tentando ligar para ela, que só o ignorava."

S02E09.I e S02E09.II

"Marcos abriu os olhos mas estava tudo escuro. Via de relance algumas pessoas que julgava serem paramédicos. Ouvia burbúrios e gritos de muitas pessoas, como também várias sirenes distintas e algumas mais ao longe, cada vez mais se aproximando. Seu carro estava tombado para o lado e vidros estavam espalhados por todo chão, em cacos. Do seu lado esquerdo tinha um outro carro com a parte frontal amassada e o vidro rachado. A chuva caía em seu rosto, tentava falar algo, mas não conseguia abrir a boca. Estava vivo e pensava muito nisso, para não cessar e morrer e estava com muito medo, pois sua perna esquerda não se mexia de jeito algum, e sentia seu braço esquerdo cortado, com o sangue escorrendo até a mão, esquentando-lhe o corpo.
Uma coberta o cobriu até o pescoço, enquanto alguém imobilizava o seu pescoço, e então o puseram em uma maca. A última lembrança que teve antes de apagar era a imagem de Bernardo e Renato conversando com dois policiais.
*
Marcos acordou assustado, com os olhos bem arregalados. Estava numa cama de hospital, com a perna esquerda para cima, engessada, um curativo no braço e uma mangueira de ar em seu nariz. Um pi pi constante ecoava pelo local, mostrando que seu coração estava firme e forte, batendo sem nenhum problema.
Na mesa, em sua frente, havia um arranjo de flores que, sem sobra de dúvidas, tinha sido feito pela sua mãe. Olhou para o lado e, ao invés de vê-la, encontrou Renato dormindo num sofá, meio desconfortável. Lá fora a noite estava linda, com um céu estrelado e, com uma dor de cabeça, olhou para o relógio que marcava meia noite e quinze.

Heis que a porta do quarto se abriu e Anahí entrou, com cautela. Olhou para Marcos e sorriu com surpresa:
- Até que enfim, menino! Achamos que você jamais iria acordar. Está se sentindo bem? Vou chamar a enfermeira...
- Estou bem sim. - disse Marcos ainda confuso. - Só uma dor de cabeça chata. Dormi muito?
- Há, apenas por três dias. Hoje é segunda-feira já. Sua mãe estava aqui até ontem, mandamos ela pra casa hoje e o Renato veio pra cá depois do serviço.
Marcos não acreditava. Ficou três dias desacordado:
- Ela está bem, minha mãe? Não queria deixá-la preocupada... - olhou para o arranjo de flores e notou que, além dele, tinha outro vaso com rosas brancas. - Quem mais veio me visitar?
- Ela está ótima. Os médicos disseram que você teve sorte de sair com vida e praticamente ileso do acidente, só quebrou a perna. - a cunhada apontou para o pé do garoto engessado e logo depois para as rosas brancas - Essas foram da Fabi, minha e do seu irmão. Rachamos para não gastarmos muito, afinal, temos que comemorar em grande estilo quando você se recuperar.
Marcos riu e olhou para o irmão, ainda adormecido. Sentia um remorso por ter causado todo aquele problema, não queria preocupar ninguém.
- Roberta passou por aqui também, no dia do acidente. Ela chorou muito, não entendi direito o porque, mas ela se sentia muito culpada. Alguns amigos seus passaram aqui também, da faculdade. Mandaram melhoras e fizeram uma cartinha com o nome de todos, com mensagem de todos, está na gaveta.
Marcos abriu a gaveta lentamente e leu a carta que iniciava com a caligrafia já conhecida de Anita. Mensagem de muitos amigos, motivando-o para sair logo e voltar a viver normalmente. Ficou muito feliz em saber que eles estavam se importando, por mais que esses últimos dias ele mal se importava com a faculdade. Percebeu, então, que era apenas a faculdade e não as pessoas que a freqüentavam. Pensou muito em Roberta, o que será que ela queria e se sentiu mal ao ouvir que ela pensava que era culpa dela. A culpa era dele, somente dele.
- Os médicos disseram que, assim que você acordasse, você ficaria mais um ou dois dias em observação e depois te dariam auta. - continuou Anahí, que tinha uma mãe enfermeira e então estava acostumada com essas situações. - Ah! E antes que eu me esqueça, tem uma menina que veio aqui todos os dias, uma tal de Stela. Disse para eu avisar à você que ela quer muito saber a hora que você acordar, que ela vem te ver no mesmo instante.
- Não avise ainda. Não estou muito bem para visitas. - Marcos respondeu instantaneamente. Não queria ver Stela, não alí no hospital, nas condições que ele estava.
A cunhada fez que sim com a cabeça e seguiu para o sofá. Levantou a cabeça do namorado e sentou, pousando a cabeça dele nas pernas dela, começou a fazer carinho e olhava para a janela:
- Ficamos assustados, menino! Isso não é coisa para se repetir, hein? - começou a menina.
- Eu sei, fiz a maior merda, desculpe. A Rô me ligou e eu fui às pressas para casa dela.
Anahí riu:
- É... Ela também estava aqui, batendo o cartão todos os dias, entrava no quarto e ficava horas sentada do seu lado. Eu jurava que um dia eu entrei e ela estava falando com você, mas ela parou assim que a porta se abriu.
Marcos ficou lisongeado e pasmo. Não imaginaria que Roberta visitaria-o tanto no hospital, como a cunhada estava dizendo.
- E ela não gostaria de saber a hora que eu acordei? Para ela você pode ligar, se quiser...
A cunhada riu. Balançou a cabeça negativamente e continuou fazendo carinho nos cabelos de Renato, que ainda dormia como uma pedra. Marcos sabia que o irmão só estava dormindo porque, provavelmente, ficou acordado os últimos três dias, sem sair do hospital (exceto na segunda que teve que trabalhar) e não aguentou mais e dormiu. O menino reclamou de fome e a cunhada, pacientemente, levantou-se e foi pedir uma refeição para as enfermeiras.
No momento em que ela saiu, a porta mal se fechara quando alguém entrou. Era Stela, com um ursinho na mão. Marcos não entendia como, mas parecia que ela sentiu alguma intuição, dizendo que ele acordou. Ainda em silêncio e com uma grande quantidade de lágrima no olhos, Stela se dirigiu para o lado da cama e deixou o ursinho no peito de Marcos, então o abraçou com cuidado e caiu nas lágrimas.
- Rezei tanto por você. Tive medo de te perder.
- Eu tô bem, Sté. - disse Marcos sem nenhum tom carinhoso ou rancoroso - Não precisa se preocupar tanto. Obrigado... pelo ursinho.
A menina levantou e enxugou as lágrimas, então sorriu. Passou as mãos delicadas pelo cabelo de Marcos e deslizou para seu rosto, que esquentou conforme corava. Os olhares se frizaram e continuavam em silêncio. Stela, com os olho ainda molhados pelas lágrimas, aproximou sua cabeça da de Marcos, como quem o tentasse te beijar:
- Não faça isso, Sté. - o menino cortou o momento que parecia-lhe mágico meses atrás. - Temos que conversar e entender exatamente o que está acontecendo...
- É verdade, me desculpa.
Stela ainda estava com a cabeça próxima de Marcos e foi se afastando lentamente. Quem visse agora acharia que os dois acabavam de trocar um beijo. Marcos ainda sorriu para a amiga e percebeu então que a sala não estava somente os, até então, três.
A sombra no chão o fez perceber que havia uma quarta pessoa na porta, parada. Achou que era a enfermeira e seu prato de comida, mas notou que estava errado quando viu os longos cabelos loiros já conhecidos. Roberta estava alí, parada, olhando para a cena e imaginando as hipóteses mais plausíveis para o que acabava de ver. Olhou secamente para Stela, que no momento se afastava da cama, abrindo espaço para Marcos ver que a menina, na porta, segurava um buquê de flores.
O quarto ficou em extremo silêncio, podendo-se só ouvir os pi pi's da máquina, que aceleraram um pouco com a aparição da dito cuja princesinha do menino."

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

S02E08

"O fim de semana demorou para chegar, mas quando chegou Marcos agradecia eternamente, pelo fato de não ter que ver Stela. A primeira semana de aula pós-feriado foi terrível, não pelo fato de Stela correr atrás dele, porque ela não estava fazendo isso, mas pelo fato de ele saber que agora ele tinha chances com ela, a sua musa inspiradora de anos, que sempre fora apaixonado.
Na mesma semana tentou evitar o máximo que podia Stela, faltou quase todos os dias na faculdade ou então ficava dentro da sala o tempo inteiro, assim ela não o incomodaria. No entanto, ao chegar na faculdade, ele passava pelo andar dela, em frente à sua sala, saía da aula para ir ao banheiro ou beber água umas cinco vezes.
Estava confuso, mas deixou Stela de lado no fim de semana, pois saíria com Renato e Bernardo para assistir ao jogo de futebol num PUB perto da Paulista. Durante o intervalo do jogo, seu celular tocou com um número desconhecido, atendeu rapidamente, meio alterado pelas inúmeras canecas de cerveja que havia tomado.
- Oi Má, é a Roberta, tudo bem? - a voz da menina estava diferente, meio baixa e dramática.
- Rô? Aconteceu algo?
A menina suspirava ofegantemente e soltou um pequeno choro no telefone. Disse que precisava de Marcos, que ela se sentia sozinha e só ele poderia acalmá-la.
Era a última grama de pólvora que caiu na cabeça de Marcos para a bomba explodir. Não sabia mais o que pensar. Stela, que antes namorava e o via como amigo, agora estava solteira e via que era ele o cara ideal para ficar com ela. Roberta, o dava bola enquanto namorava, parecia estar interessada quando tinha Silvio, mas quando ficou solteira começou o ignorar e não ligava mais para ele. E agora, depois de um tempo, ela ligava chorando, dizendo se sentir sozinha?
- Estou indo. - Marcos se levantou, pegou a chave do carro e se despediu do irmão e do amigo jogando o dinheiro dele na mesa. Os amigos o alertaram sobre a bebida, mas ele não os ouviu.
Entrou no carro às pressas e deu partida no carro, saindo cantando pneu, seguindo pela avenida molhada da chuva que caíra pouco tempo atrás.
Pensava no caminho se era exatamente isso que ele queria, ir e abraçar Roberta, ou ficar com seus amigos e ignorá-la como ela andou fazendo. Pensou também se ele não queria Stela, se ele estava apenas querendo encontrar na Roberta uma fuga para não gostar mais da outra.
E em meio de um pensamento ou outro ele atravessou um cruzamento e uma luz branca do seu lado esquerdo foi a última coisa que viu. E então, alguns minutos mais tarde, ouviu barulhos de sirene."

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

S02E07

"O feriado chegou ao fim e estava na hora de retomar os estudos, e foi exatamente isso que Marcos fez naquela quarta feira chuvosa. Tudo que precisou ele encontrou nessa semana do feriado, onde ele saiu com seus melhores amigos, pode desfrutar de companhias ótimas como do seu irmão Renato e sua respectiva namorada, Anahí, além de ter conhecido uma garota incrível, que o fazia perder o folêgo toda vez que olhava-a nos olhos, a Roberta.
Deixou seu carro no estacionamento, colocou o fone no ouvido e seguiu pela avenida movimentada até sua faculdade. A chuva diminuíra e as pessoas já andavam sem seus guarda-chuvas, apressadas, olhando para frente, sem olhar para quem estava à sua frente ou ao seu lado.
Marcos chegou mais cedo na faculdade, então resolveu passar por um café antes da aula para poder apreciar seu cigarro juntamente com a cafeína. Abriu a porta de vidro lentamente, se dirigiu até o balcão e pediu um expresso grande sem açúcar e foi se sentar na área descoberta. Sentou-se na cadeira meio molhada, de costas para a porta, acendeu um cigarro, tragou e soltou a fumaça lentamente. Parecia uma eternidade o tempo que passou longe da faculdade, não se sentia mais a vontade como antes naquele lugar, parecia uma obrigação ir. Antes até tinha Stela, que o fazia ter a vontade de se arrumar, vestir suas melhores roupas e ir todo sorridente para impressioná-la, mas nem de Stela se lembrava mais.
Seu café chegou logo em seguida, agradeceu a garçonete com um sorriso e deu um pequeno gole na xícara esfumaçante, estava quente! Decidiu tomar mais devagar do que o costume, curtindo cada momento naquele lugar que o deixava em paz, tranqüilo e sossegado. No celular tocava Linger do The Cranberries, quando a porta de vidro se abriu e alguém lhe tampou os olhos com as mãos, permanecendo em silêncio.
Sem tirar os fones, Marcos passou a mão nas que o estavam lhe cobrindo os olhos e sentiu uma pele macia, numa mão delicada e pequena, de unhas não tão compridas, porém não tão curtas. Era uma mão de menina, de uma mulher. As unhas estavam lisas, talvez pintadas num esmalte claro. Correu suas mãos para o braço da anônima, cobertos por uma manga de um casaco feito em tecido suave.
Desistiu de tentar adivinhar e uma risada já conhecida foi dada pela anônima. Inacreditável! Pensara nela minutos atrás, e como estava boa a vida sem sua presença, mas alí ressurgira Stela, mais bonita do que nunca, com os cabelos morenos longos soltos, caindo maciosamente pelas suas costas. Estava dignamente bem vestida, com um sorriso nunca visto, abraçou Marcos com uma vontade jamais sentida pelo menino antes, dizendo que estava com saudades dele e perguntou se podia sentar com ele.
- É... claro, claro. - disse Marcos tirando sua mochila da outra cadeira, secando-a com alguns guardanapos e dando outro gole no seu café. - Vai beber algo?
- Um café, eu já até pedi. - Stela riu e apoiou os cotovelos na mesa.
Marcos olho para a menina e sorriu, dando um trago em seu cigarro, apagando-o no cinzeiro e olhando para a mesa. Naquele momento viu algo que não gostaria de ter visto. Stela não usava mais aliança e aquilo o deixou hipnotizado por alguns instantes, olhando sem pestanejar para o dedo anelar direito da menina.
- E agora é de vez, posso te dar certeza disso. - disse a menina percebendo que ele havia notado. - Você sumiu no feriado, tentei te ligar várias vezes, mas seu celular só caía na caixa postal. Ele foi um ridículo, Má. Ai, você sempre teve razão... Não sei porque nunca te escutei antes...
- Nunca falei um A dele. - cortou Marcos.
- Talvez não tenha, diretamente, mas sempre vi que você era contra. Eu precisei tanto de você, obrigada. - fez uma pausa para agradecer seu café que acabava de chegar. - Queria te ver, te abraçar, mas você não estava lá para mim, onde você se meteu?
- Por aí... - Marcos estava nervoso, não sabia o que sentir, o que falar, o que fazer. Então, puxou mais um cigarro e acendeu.
A conversa durou e ficou naquilo durante alguns minutos, até que a garota terminou seu café e se levantou, dando a mão para Marcos.
- Vamos juntos? - sem responder, a menina já pegou a mão dele e foi andando para a faculdade. - Devíamos sair juntos esse fim de semana, você está livre?
- Tenho que ver, Sté. - Marcos soltou a mão dela rapidamente. - Tenho que ir para o meu carro, te encontro na faculdade mais tarde.
A menina concordou e, num movimento rápido, mas com muito carinho, roubou um selinho de Marcos, que ficou paralizado, mas curtiu cada segundo que os seus lábios tocaram o de Stela. Depois de tanto tempo, seu sonho se tornara real, e o beijo era exatamente como pensava. A menina ainda olhou nos olhos de Marcos e disse ao seu pé do ouvido:
- Não sei porque demorei tanto tempo para perceber que era você a pessoa certa.
Marcos permaneceu em silêncio. A chuva caía forte novamente e, sem pensar direito, ele deu as costas para Stela e seguiu para o estacionamento. Longe da vista da menina, começou a correr sem pensar, já não sabendo o que era lágrima e o que era chuva em seu rosto.
Chegou no estacionamento encharcado, abriu seu carro às pressas e sentou no banco, então fechou a porta. Estava ofegante, chorava de raiva, de ódio, de confuso e por não saber o que fazer. Pegou seu celular, queria falar com alguém, mas não sabia quem. Discou o número e o telefone começou a chamar.
- Alô? - a voz suave do outro lado da linha o fez acalmar um pouco, mas continuar em silêncio. - Alô? Má? É você? Aconteceu algo? Alô?
A voz era de Roberta.
- Desculpa Rô, liguei errado. - então desligou.
Encostou a cabeça no banco do carro e esmurrou repetidamente o volante. Stela tinha voltado para confundir sua cabeça, mas seu coração já tinha novo dono. Estava perdido, e alí ficou, no carro, olhando a chuva caindo."

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

S02E06

"Marcos abriu os olhos lentamente. Estava totalmente leve, se sentindo numa flutuante nuvem fina e densa que o carregava por entre as árvores que tinham flores roxas e amarelas. Olhou para cima e viu um céu azul claro, limpo, sem uma única nuvem ou sinal algum de poluição. Ouvia o som suave da água do rio que corria à sua direita, suave, criando uma melodia sólida diante do canto dos pássaros que alí estavam tomando um sol nos galhos das árvores, uma melodia única que ele jamais ouvira antes ou ouviria depois. Aquele momento era único.
Seus olhos percorreram do rio para o céu e do céu para seu lado esquerdo, onde estava o sol se pondo, alaranjando metade do céu, criando uma obra prima magnífica em pleno paraíso, alí era o paraíso. Fechou os olhos e relaxou deitado naquela densa nuvem que o levava para os lugares mais belos do mundo.
Mais na frente a paisagem escureceu-se. Uma enorme gruta engoliu Marcos e agora ouvia o eco da água que pingava da estalquitites no chão, onde o rio cortava, seguindo seu caminho. Alguns morcegos voavam sobre Marcos, fornecendo-lhe uma pequena brisa de vento que provinha das suas asas, mas aquilo não assustava o garoto, que sorria, se sentindo muito bem.
Fechou os olhos novamente e abriu. Acima dele estava uma fumaça, o barulho da água caindo cessara e a paisagem estava muito diferente. Um som alto de Polythene Pam, Beatles, tocava num quarto fechado. Estava na sua cama e encostado nela, sentado no chão, estava Renato.
Riu alto ao olhar para o irmão e então fechou os olhos. Voltou para seu próprio mundo."

terça-feira, 21 de outubro de 2008

S02E05

"A água morna corria da cabeça aos pés de Marcos, enquanto ensaboava seu corpo inteiro, num banho tranquilizador. Lavou cada parte do corpo com um perfeccionismo típico, lavou os cabelos e desligou o chuveiro, pegando as toalhas e se secando.
Saiu de roupão e foi para o quarto, abriu seu guarda-roupa e alí ficou parado analisando qual seria a melhor roupa para aquela ocasião. Por fim, escolheu sua melhor calça, vestiu sua camiseta e um casaco, colocou seu cachecol, voltou para o banheiro, onde fez a barba e arrumou o cabelo e, para finalizar, borrifou do seu melhor perfume pelo corpo.
Subiu as escadas, foi para o banheiro do andar de cima, escovou seus dentes, pegou a chave do carro e partiu para a casa de Roberta. Os dois tinham combinado de sair com Renato e Anahí, iam fazer um programa cultural, teatro, e depois iriam para a Avenida Paulista tomar um café no Starbucks. Queriam algo mais light, e a proposta de Marcos foi aceita.
Parou o carro no condomínio e buzinou duas vezes, desligou a chave e encostou no banco, olhando para o céu. A noite estava muito bonita e Marcos estava contente com a vida que levava, com os amigos que estava saindo, com os dias que estava tendo ao lado deles. O pensamento cessou ao ouvir o barulho do portão se abrindo e avistou Roberta, linda como sempre. Usava uma calça jeans, uma bota preta e um sobretudo cinza fechado que caía até seus joelhos. Os seus cabelos loiros estavam soltos, caindo sobre as costas e os olhos verdes estavam mais belos do que nunca. Entrou no carro sorrindo, como de costume, e deu um beijo estalado na buchecha de Marcos.
Foram ao Teatro Brigadeiro, e lá encontraram Anahí e Renato, abraçados no frio, esperando os dois chegarem para comprar os ingressos juntos e escolher assentos próximos. Marcos sorriu para o casal, eles sabiam que o garoto invejava a vida que os dois levavam, tão serena e romântica, sempre de bem, nunca brigando e se amando a cada segundo.
Marcos não estava com Roberta, isso ele sabia, e aquele encontro de casais não significava nada para ela, nem para ele. A única coisa que Marcos não esperava era que, ao chegar no teatro e sair do carro, Roberta segurou o braço dele e foi andando ao seu lado durante todo o tempo.
Assistiram a peça e então partiram para o café. A noite estava fria e uma garoa fina caía em plena Paulista, mas nada impedia os garotos de irem até o Starbucks tomarem um café.
Sentaram em uma mesa, pediram alguns capuccinos e conversaram sobre inumeros assuntos, como a peça que tinham acabado de assistir, sobre a faculdade de alguns que faziam e, no fim da noite, Anahí disse que viajaria com Renato no fim de semana seguinte. Marcos ficou feliz pelo jeito que as coisas andavam com os dois, e desejou que um dia pudesse ter essa vida com alguém, de preferência a princesa loira que estava sentada do seu lado, no momento rindo de alguma piada que ele tinha feito.
Pagaram a conta e cada um foi para seu carro. Marcos abriu a porta para Roberta que o agradeceu com um enorme sorriso, então seguiu para a casa dela. No caminho conversavam sobre Renato e Anahí.
- Anahí tem sorte, seu irmão é um cara legal!
- Sim, ele é foda! Tenho saudade da época que morávamos juntos, a gente é muito unido.
- Eles formam um casal lindo! - Roberta olhava a rua lá fora.
- Espero encontrar alguém que me faça feliz, assim como os dois se encontraram. - Marcos lançou um olhar para Roberta e sorriu.
Estacionou o carro em frente ao portão de madeira e desligou o carro. Respirou fundo, olhou para a menina e então disse:
- Você estava linda essa noite. Aliás, você é linda sempre. Obrigado por estar fazendo parte da minha vida e ser uma ótima companhia para mim.
Roberta sorriu e corou levemente.
- Má... - ficou em silêncio. - Você quase sempre me deixa sem palavras...
O beijo de boa noite foi dado."

domingo, 19 de outubro de 2008

S02E04

"O carro parou em frente da casa de portão de madeira. A chuva caía fina la fora e um abraço de longos segundos aconteceu, seguido por um beijo carinhoso na buxexa, a porta se abriu depois e a menina saiu, abriu seu portão e ainda acenou, dizendo silábicamente um boa noite, então entrou.
O carro não andou. A chuva caía, sem um único movimento do para-brisa, causando um mosaico no vidro da frente. O vidro do motorista desceu e uma chama fez-se dentro do carro, acendendo um cigarro que fora baforado pela janela aberta. A rua do condomínio deserta dava um ar de serenidade para Marcos, que olhava para frente sem um simples piscar de olhos. Terminou seu cigarro, o jogou no asfalto molhado e ligou o carro.
- Muito obrigado, Má. - disse a menina minutos antes. - Você é muito importante para mim.
Cansado! Era assim que Marcos se sentia. Cansado de viver daquele jeito, de ser quem era, de achar que gostava de alguém, de sempre estar (ou ser) enganado. Ele era o amigo, não o pretendente.
Claro que ainda era cedo, mas ele tinha iniciado tudo da maneira mais errada. Agora eles eram amigos, e não era isso que Marcos queria como um 'definitivamente'. Suspirava forte enquanto seguia pela avenida praticamente vazia.
- Esqueça-a, antes que seja tarde. - pensava Marcos.
Uma única semana, apenas uma, e Marcos já se sentia diferente em relação à Roberta. Péssimo para ele, péssimo para ela, péssimo para todos que estavam em sua volta. Ele conseguiu esquecer Stela, de uma maneira rápida e prática, trocando-a por uma outra, em uma mesma épica amorosa: nunca a teria.
Não, ele não estava apaixonado, nem pensava estar, como pensou com Stela. Mas foi em um único momento que ele conseguiu pensar nos dois juntos, como um casal e não como amigos. Até o momento em que outro rapaz tentou algo e ela jogou o jogo proposto, de maneira peculiar.
Chegou em casa e desceu para seu quarto, estava de saco cheio. Abriu sua gaveta e pegou o resto do que tinha e começou a dichavar, nervoso com toda a situação. Pegou um pedaço da seda e fez um pequeno cigarro e acendeu, enquanto colocava Magical Mistery Tour para rodar em seu computador. Deitou na cama, fumou metade e guardou o restante.
Se arrependeu, por um instante, de ter ido nesta noite. Depois riu e pensou que o tempo era o que ele precisava, decidiu que iria parar de ser Marcos."

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

S02E03

“O sol estava torrando, desculpa ideal para Marcos ir até o quiosque da praia, para tomar uma cerveja. Fora com Renato, enquanto Fabiana e Anahí iam no mar e Jorge e Bernardo ficavam na casa para arrumar o resto da bagunça.
Renato comentava sobre as brisas da noite passada, Marcos ria freneticamente, se lembrando, entre um gole e outro, dos absurdos que falou. Ele pediu outra cerveja e acendeu um cigarro, olhou para o mar. Seu irmão ainda comentava sobre a noite, mas Marcos já não ria mais, sequer prestava atenção. Algo havia lhe chamado a atenção. Vindo em direção dos quiosques, Anahí e Fabiana andavam e conversavam com outra menina.
Seus cabelos loiros estavam grudados na pele branca e macia, devido a água do mar. Em um caminhar perfeito, com um corpo frágil, porém bonito, a menina soltou uma risada que o encantou. Seu sorriso era perfeito, simétrico e delicado, tanto quanto seu rosto angelical e seus olhos verdes escuros que, como pêndulos, hipnotizaram Marcos instantaneamente. Poderia jurar que, se a menina usasse uma coroa, seria uma princesa. Elas se aproximaram.
- Oi gente! – disse Fabi. – Essa é a Roberta, estudo com a gente e encontramos ela aqui na praia! Coincidência, né?
Marcos sorriu e disse oi, simpaticamente e só naquela hora se deu conta de que havia deixado seu cigarro cair.
Roberta se sentou na cadeira desocupada que, por sorte, era do lado da de Marcos. Conversaram a tarde inteira sobre diversas coisas. Em tão pouco tempo, os dois estavam quase íntimos, trocando flertes nas entrelinhas.
A noite chegou e ali estavam todos, inclusive Jorge e Bernardo. Num lance rápido, Roberta beliscou Marcos, numa brincadeira onde os dois riram sozinhos. O menino estava feliz e, pela primeira vez em muito tempo, não era por causa das estúpidas drogas; foi revidar o beliscão quando...
- Oi, meu amor. – disse Roberta para um rapaz sem graça que chegou sem ninguém notar.
Aquele era Silvio, namorado de Roberta.
Marcos acendeu um cigarro. Definitivamente não tinha sorte...”

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

S02E02

"A casa estava uma bagunça. Limpa, porém bagunçada. Na sala, na mesa de centro, não se via o vidro com tantas latas de cerveja. O cinzeiro estava preto de tantas cinzas e branco com tantas bitucas de cigarro, no sofá Bernardo dormia de bruços, sem camisa, com um braço caido no chão e o outro em cima do encosto do sofá. A porta de vidro para a varanda estava aberta e o sol lá fora ardia forte, entrando pelas aberturas da persiana, cegando os olhos de Marcos, que dormia no chão, próximo à parede.
Marcos abriu os olhos lentamente, se espriguiçou e se sentou. Olhou para a sala, com uma dor de cabeça, mas mesmo assim sorriu. Estava feliz. Levantou-se e foi para o banheiro lavar o rosto, passou pelo quarto e viu Renato e Ahaní, sua cunhada, dormindo juntos, abraçados naquele calor. Resolveu encostar a porta e foi para o outro quarto onde deveriam estar seus amigos Fabiana e Jorge, mas eles não estavam.
Voltou para a sala e pegou o último cigarro que havia no maço, acendeu e foi para a cozinha. Abriu a geladeira, pegou uma garrafa de gatorade e foi para a varanda. O vento soprava sereno no quinto andar, Marcos puxou o cigarro e olhou para o mar, então sorriu. A praia estava cheia, as pessoas andavam pelo calçadão e o sol estava bem no meio do céu, ardendo seu rosto recém acordado. Decidiu voltar para dentro da casa, ligou o rádio e colocou Rodeo Clowns para tocar.
Pegou um saco de lixo e começou a juntar as inúmeras latinhas que estavam pela mesa de centro da sala e na mesa de jantar.
O fim de semana estava apenas começando..."

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

S02E01

"Fodido na vida, desempregado e sem muita percepção, Marcos levava uma vida desnorteada, sem saber ao certo o seu caminho.
Andava meio de saco cheio da faculdade, vivia mal, saia pouco e vagava pelas ruas, noite afora com seu irmão Renato, sempre se irritando com o tédio e a mesmice de sempre.
Não estava acostumado a sentir o tédio. Estava sentindo que era hora de voltar atrás, deixar o orgulho de lado e assumir que ainda amava Stela.
Ele olhou para a lua, em um céu sem estrelas pensando que o universo conspirava contra ele, tentando encontrar resposta do que teria feito na vida para sofrer de tudo aquilo.
Então levantou-se da mesa, pagou a conta e seguiu com Renato àlguma praça deserta e acendeu seu baseado. Deu o primeiro trago, mais um e mais um, passou para Renato e, milimetricamente, sentiu o seu corpo formigar. Não pensava mais em Stela."

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Season Finale

"Marcos e Stela estavam sentados no terraço do prédio 2 da faculdade, em completo silêncio por cinco minutos, tempo necessário para Marcos obervar a avenida lá embaixo e os prédios brilhando com as luzes de cores diversificadas, saindo de cada janela. Encostou na parede, subiu seus joelhos até o queixo e acendeu seu cigarro, deu uma tragada bem longa, assoprou a fumaça, olhou para as estrelas no céu e então seus lábios se descolaram:
- Então? - perguntou o garoto, ainda olhando para a avenida lá embaixo
- Eu é que lhe pergunto, você não me chamou para conversar? Estou aqui. - Stela parecia um tanto quanto ansiosa para sair do terraço. Marcos não pode distingüir se era o medo de altura que ela provavelmente tinha ou se era a vontade de estar longe do dito cujo psicótico.
- É uma coisa simples, Sté. Você sabe, eu sei que você sabe e o resto do mundo sabe, não entendo porque não falamos disso frentemente. Eu gosto de você, e não é só como amigo. Tenho vontade de poder segurar a sua mão, de olhar nos seus olhos e dizer o quanto eu poderia te amar. Sinto minhas pernas tremerem, minhas mãos suarem e minha cabeça gira, tudo ao mesmo tempo quando vejo você, porque não sei o que fazer, se te cumprimento, se te ignoro. Essa é a verdade e eu sei que a verdade é que não te terei, não agora... talvez nunca.
Stela olhava para Marcos em silêncio, abriu e fechou a boca algumas vezes antes de falar:
- Eu sei, Marcos. Eu sempre soube, até quando eu estava com o Antônio, mas é complicado e sempre foi, nós temos essa "coisinha" entre a gente, mas não sei o que fazer...
- Eu sei o que fazer. - Stela olhou-o nos olhos. - Eu não vou mais te infernizar a vida, não serei mais um "pain in the ass" com você. Essa é a última vez que falarei tudo, agora te deixarei em paz.
Marcos se levantou e jogou seu cigarro lá embaixo e seguiu para dentro da faculdade. Desceu as escadas e pegou o elevador. Colocou seu fone de ouvido e começou a ouvir The Verve - Bittersweet Simphony, passou a catraca e seguiu pela avenida.
- Marcos! - Stela estava alguns passos atrás, parada, o olhando. Tinha o seguido até lá embaixo, com uma cara perplexa. - O que você vai fazer agora? Então é isso?
Marcos sorriu, um sorriso com muita ternura e paixão:
- Acabou nossa história, Sté. E ela não tem um final feliz. Deixa como está, eu vou deixar.
A música explodiu nos ouvidos de Marcos, então ele se virou e continuou a caminhar, olhando para frente, seguindo para o ponto de ônibus, para ir embora. Ele sorriu, estava livre novamente."

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Parte X

"Após ter ficado minutos de olhos fechados, Marcos abriu os olhos. Nem sequer se lembrava de onde estava, apenas se sentia bem. Estava com seu irmão mais velho, Renato, em um campo, de grama bem verde e poucas árvores. Era tarde, o sol estava se pondo, deixando o céu alaranjado que, junto das nuvens brancas, deixava um quê de obra de arte.
Ali ficaram por horas, conversando sobre coisas. Renato e Marcos eram irmãos e muito amigos, eles sabiam o que o outro pensava sem precisar falar, bastava um gesto, um olhar ou uma risada. Aqueles dias estavam sendo importantes para Marcos, ele havia se esquecido um pouco de Stela, que nessa altura já estava com outro, provavelmente.
Heis que o celular de Marcos começou a tocar When my guitar gently weeps, dos Beatles. Os dois permaneceram em silêncio, as risadas cessaram, e ambos olharam para o céu, criando seu próprio mundo. Marcos fechava e abria o olho em longas piscadas que duravam, para ele, mais de 20 minutos, para quem estava vendo, apenas alguns segundos.
A sensação era impossível de se descrever. Os dois irmãos riam e conversavam sobre assuntos diversos, cada assunto que puxava o outro, criando uma teia, onde o primeiro assunto era o criador de todos os outros. Estavam felizes, em um mundo a parte, sem guerras, sem fome, sem corações partidos; eram eles e suas teorias malucas.
Os olhos descansados, quase fechados davam à eles a sensação de uma certa liberdade, estavam leves, despidos do ódio. Só existia o amor e a paz com os irmãos, alí ficaram por mais algumas horas.
E, ao som de Here comes the sun, se levantaram da grama. O sol já estava coberto pela noite, era hora de ir. Marcos deu sua última tragada e jogou a ponta fora.
Era hora de voltar para a realidade."

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Parte IX 1 e 2

"Marcos travou. Estava tão confiante que conseguiria abrir seus sentimentos de vez para Stela, mas não conseguiu. Nessa altura, ela já sabia que ele a amava, o que já não era tão importante para um segredo, segundo Marcos. Ele já não ligava, ele queria desabafar, mas não para todas as pessoas a quem desabafou. Ele sentia a necessidade de olhar nos olhos de Stela e dizer: Me note, eu estou aqui.
Na sexta-feira estava decidido e chamou Stela para conversar. Travou. Só conseguia dizer obrigado e como ele era ridículo. Até que o mais ridículo aconteceu. Antônio estava alí, olhando para ele nos olhos, com um ódio no olhar que fez Marcos hesitar:
- Ele está aqui, não consigo. Ele não quer a gente conversando.
- Para de ser bobo.
Ele a ouviu e parou. Não poderia continuar esse amor platônico para sempre, então decidiu Stela viver a vida dela. Não iria mais se meter ou se envolver.
Quase uma semana se passou. Marcos adoeceu e faltou muito na faculdade, tentou esquecer de Stela e não foi mais procurá-la. Na quinta-feira recebeu uma notícia: Stela não namorava mais. Ela teve apenas uma recaída com Antônio e viu que ele não era nada do que ela queria em um homem. Ela queria uma companhia e não alguém que tinha posse der algo.
Marcos sorriu ao saber da notícia. Fazia tempo que seu coração não acelerava tanto como nesse dia."

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

I won't give in....

Não desisto de você. Posso não falar com você, posso não ver como está seu cabelo hoje, posso não sentir o cheiro de Tarsila ou Florata'n'Blue (não sei escrever) ou 2n2 Sexy, mas isso não quer dizer que não penso em você.Penso sim, porque vc foi alguém especial em minha vida, passou, mas deixou marcado algo que nunca irá se apagar, nunca mesmo. Não peço seu perdão, nem sua compaixão, eu não preciso dela. Mas eu quero que você viva e seja feliz, bem perto ou a distâncias quilométricas de mim, contando que viva bem.

Foi com você que aprendi que amar é um sentimento e não um showzinho que precisa ser mostrado a cada segundo. Existem maneiras e maneiras de amar e demonstrar esse sentimento. O meu agora é apenas viver minha vida, mas com a segurança em saber que você vive a sua, e está feliz nela.Sua felicidade faz parte da minha vida, e, infelizmente (ou felizmente), você não pode fazer nada a respeito.