segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O ritmo da chuva

As gotas de água que caem e batem na janela ditam o ritmo da noite.
Tortuosa e efervescente. Vez e outra avisam com fervor que estão ali, e que ali ficarão até o sol chegar e dar um fim em toda a festa.
Quando quer assustar, ela se faz aparecer com seus berros estrondosos depois da grande luz. "Estou aqui!", grita.
Mas o ritmo agrada e faz movimentar os pés do ouvido, as mãos do coração, os olhos do lábio. Ela ensina que temer é também para os fortes. Afinal, ela racha montanhas, deforma as rochas e transforma mundos.
Ela leva o que não quer e traz o que eles que não querem. A desilusão, um pesadelo e o começo de um fim. O fim por si só.
Mas no bater da minha janela, ela vai criando a harmonia.
O ritmo "tinlim tim tim", "tinlim chuá". É o ritmo da chuva.
E eu vou dançar conforme as gotas que caem na pista em que vivemos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Da última vez nem lembro

Nem Platão explica o amor que eu sinto por você.
Já tentei explicar, pra ele, pra ela, até mesmo pra ti, mas ninguém me entendeu.
Você ao menos me ouviu?
Se fosse apenas uma paixão, eu ia ter toda aquela necessidade de sentir cada parte sua no meu corpo, me causando arrepios e prazeres. Precisaria te ver todos os dias, ao meu lado, sempre.
Mas não tenho e por isso é amor. E ninguém me ouve, ninguém me entende.
E que saudade eu tenho do seu temperamento. Tranquilo pela manhã, agitado durante a noite.
De sentar naquele banquinho debaixo d'árvore e te ver de longe, brincando na areia, descansando debaixo do pôr do sol.
E só de lembrar agora, sei que preciso te ver. O dia não vem, a hora não passa.
Enquanto não chega, insisto e fechar os olhos e ouvir sua voz.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Olhar

Suas palavras atacam meu coração crédulo.
Seu sorriso afaga um peito adormecido na convulsão.
Seus abraços e suspiros escrevem uma história romântica.
Seu cochicho em meu ouvido, suas risadas repreensoras.
E no final de tudo isso, eu acabo acreditando.
Mas é no seu olhar que eu ainda não encontro a total verdade.

sábado, 27 de novembro de 2010

É piegas, mas é sincero.

Eu simplesmente não sei como diria isso.
Mas desde a primeira vez que vi teu sorriso, o meu mundo parece ter perdido o eixo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Essa é pra você

Pra você que acha que a roda gira apenas pela sua invenção.
Pra você que enxerga o certo apenas nas linhas escritas pela sua caneta.
O tesouro não está no xis que você marcou como fim do caminho.
E, felizmente ou não, sua vida não é apenas aquelas promessas que você fez durante quatro anos.
Você nunca mais vai dizer boa noite, nem mesmo abraçar enquanto declama as saudades.
Você pensa que o erro foi só deles, mas o erro caiu durante a guerra das armas.
E, infelizmente, você não teve a capacidade de uma grande potência pra dizer "eu errei" ou "eu estava errada".
Resumindo: você é medíocre.

sábado, 13 de novembro de 2010

Eu te amo

Quando se ama, se tem o direito de ser brega.
É por isso que todos dizem "eu te amo".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Meditação

De olhos fechados eu consigo ouvir bem melhor.
O chiado das árvores anunciando a tempestade.
Consigo enxergar através das lentes embaçadas,
Prevendo o próximo movimento do cavalo no xadrez.
Consigo imaginar toda minha vida.
Às vezes no céu, às vezes no inferno. Às vezes no limbo.
O bom mesmo é só enxergar a maçã no fundo branco.
Ou melhor, só o branco.
O abrir e fechar das narinas ensinam o coração ansioso.
Carregando os pulmões com ar puro,
Elevando meus pensamentos ao último andar.
As pernas cruzadas disciplinam a minha folga.
A coluna reta arde e assina a dor não sentida.
Até o rio, lá embaixo da colina, parece saudar a minha calmaria.
Uma gota de chuva parece cair ao meu lado.
O céu está limpo, claro e vívido.
Respiro fundo.
Treino a compreensão.
Abro os olhos e me vejo do outro lado.
Sentado em meu quarto.

sábado, 30 de outubro de 2010

Num gole só

Me dá esse copo, que eu já sei que ele é meu.
Faça eu engolir cada gota do seu rancor, da sua agonia, dessa loucura que diz ser amor.
Chore também as suas lágrimas e misture-as com uma colher de pau.
Diga que eu já fui melhor, que não lhe dou valor.
Vomite tudo o que você sente.
Bota no copo.
Que eu engulo num gole só.

domingo, 24 de outubro de 2010

Inspiração

Viagem de trêm. Um cigarro aceso no silêncio. Uma noite incrível! Uma resposta bem dada. Um livro lido na tarde de outono. A história criada no sonho mais íntimo.
Você dançando.
O desconhecido. A dúvida. O conhecido. A certeza. Uma conversa ao pé da janela. O observar das estrelas. Uma letra de música. Uma lembrança dolorosa.
Você de branco.
A experiência dos mais velhos. Os conselhos dos pais. Dos amigos. Dos não tão amigos assim. Dos quase desconhecidos. O som da água caindo do chuveiro. O pensamento antes de dormir. Um sentimento, ou dois.
Você sorrindo.
Um insight. Uma página em branco. Um sonho! O barulho que arrepia. A cerveja gelada acompanhada da risada. Um melhor amigo. Uma partida de futebol. O primeiro emprego, e o segundo também.
A sua voz.
Mais um aniversário. Um beijo e um abraço. Colo e carinho. Fantasmas, Deus e o Diabo. Céu e Inferno. Uma verdade e várias mentiras. Várias verdades. O frio e o sol. Uma carta, uma foto e uma taça de vinho.
Viver é uma inspiração interminável.

sábado, 23 de outubro de 2010

Adeus e boas vindas

É hora de puxar a corda e trazer a âncora pro barco.
É hora de ir pra alto mar. Sentir o balançar das ondas e olhar a terra firme pela popa, dando tchauzinho pra quem fica a observar.
O meu amor ficou, com as lágrimas regando a sua pele. O meu amor pulou n'água gelada e nadou até me encontrar. Já estava a bordo e me olhou, toda molhada. O meu amor ficou e deu adeus.
Deixa eu desbravar toda essa água. Me petrificar ao ver a pedra raspando na madeira, me embebedar no vai e vem da maré alta. Deixa eu pôr toda angústia para fora e declarar tudo que eu sinto.
Mas meu amor ficou em terra. Na terra firme. Firme e forte.
E eu nem trouxe mapa, só uns contos de carochas e um oceano de pensamentos para só eu navegar. Remando para o norte, sem a certeza de uma bússola. Enxergando, entre os sonos, terras para conhecer.
E veja só onde acabei toda a jornada.
Na companhia de uma sereia que nem sabe qual o meu nome.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A segunda carta

Não há muito que escrevi uma carta para você. Se me lembro bem, faz uns cinco meses, mas não lembro bem o motivo de não a ter colocado no correio. Talvez fosse o medo, talvez fosse a preguiça, não sei. Eu não me lembro.
Mas naquela noite em que rabisquei as folhas brancas, tinha acabado de ler um livro, de fazer um telefonema não atendido e me lembrei de velhos amigos. A saudade apertou, mas nem mesmo você derramou uma lágrima dos meus olhos.
Me recordo de ter reclamado da vida, de ter indagado Deus e ter feito brincadeirinhas com as minhas dúvidas e fé. Fiz perguntas das quais você jamais conseguiria responder, e outras que já sabia a resposta mas esperava ouví-las com seu tom de voz.
Filosofei sobre o agora e como o ontem veio se tornar assim tão hoje. Ele era tão diferente naqueles dias... Contei meus anseios para o emprego perfeito, o medo de não ser assim tão conciso no que falo, como agora estou sendo. E nessa hora, me lembro bem de abrir o armário de copos e enchê-lo com aquela vodka terrível. Argh! O sabor amargo da insônia.
Virei a folha e continuei, é claro. Não seria, aquele dia, o menos prolixo e puxei o papo para as donzelas que não existem. Perguntei pra você se todos mereciam ser o Johnny da June ou o Lennon da Ono. Eu nunca me preocupei com isso quando você estava comigo.
Eu te amava, talvez ainda ame. Mas nunca tive a oportunidade de sentir tudo isso quando você esteve ao meu lado. E há dias, como aqueles em que dou risadas intermináveis, ou até mesmo quando bate uma saudade daquelas tardes de março, que sinto você do meu lado. E enquanto escrevo essa carta, que talvez nunca vá para o correio, me pergunto se você não está aqui comigo.
Amigos pedem para eu te esquecer, seguir em frente... viver a vida. Outros já pensam que você ainda está em mim, por mais que eu não possa vê-la ou sentí-la. Ao seu lado eu era feliz! Sempre soube, mas hoje tenho certeza.
Minha última carta era um texto de adeus.
Mas hoje sei que não quero você assim tão longe.
Volte de vez em quando, e não me mate em doses homeopáticas.
Um grande abraço, minha infância.

domingo, 17 de outubro de 2010

A Baiana

A Baiana me chamou para um almoço. Com dendê no vatapá, acompanhando cururu, batida de coco e samba em sua cozinha simplória.
Uma mão na cintura e um pano branco na cabeça. Os "oxi" arretados eram frequentes quando errava na medida e, vez e outra, um olhar materno por trás do ombro me encarava na mesa, enquanto bebericava no copinho.
Alí fiquei horas, observando a saia rodada balançando para cá e para lá, acompanhando o choro do cavaquinho. Não tinha como não sorrir com a calma e felicidade daquela Baiana. Sua mão no meu ombro demonstrava um carinho quase que celestial e sua voz carregava conselhos e sabedorias milenares.
Naquela tarde se fez noite, ao pé do forno quente, suando e desejando água para afagar a minha seda. A Baiana não cansava de ensinar e nem percebi quando a lua deu lugar ao sol e já era almoço de novo.
Ah. Como eu sou apaixonado por essa Bahia.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

All in (II)

Me sento à mesa. Whisky, por favor. On the rocks, porque a noite vai ser longa - mas não precisa exagerar nas pedras de gelo. Suficiente é o suficiente, sem exageros e afobações. Um gole por vez, pra não perder o foco.
Saudações aos desconhecidos. Talvez grandes amigos, novos amores ou apenas adversários. O blefe é tão flerte, os sorrisos enganam e a preocupação é duvidosa. Brindo à noite e um sorriso amarelo, mas não menos verdadeiro do que a senhorita alí de preto.
Um par de cartas, por favor. Um olhar seco penetra em todos os desesperados pela vitória. O primeiro mente e o segundo acredita. Na próxima rodada eles trocarão de papéis e continuarão nessa gangorra de parque temático adulto que é a vida. Vezes se está por cima, vezes se está por baixo, procurando no céu o infinito de resposta.
Cartas na mesa. "Let the game begin" e não deixemos as apostas tomarem nossa consciência. Cada ficha é um enigma, e como dói não conseguir ler o que está escrito quando eles jogam sério nas entrelinhas.
O segundo copo e a quarta carta. A risada amistosa mostra que a cadeira do adversário já virou o seu divã. Mas ele estaria blefando? A quinta carta, ainda pra baixo, amarga minha ansiedade da verdade.
Eu entrei no jogo foi pra ganhar, mas não aposto todas as minhas fichas de que isso aconteça assim tão fácil.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Flutuando mais pensamentos

Pessoas olham o futuro pela janela e sonham a vida durante o banho. Enquanto outras apenas levantam para ir trabalhar.
Você pode ir a qualquer lugar do mundo se no seu mapa estiver como seu objetivo principal. Você pode também procurar o casamento perfeito em outro estado ou emprego. Você pode sonhar e ter medo da morte.
Mas e se você pudesse desenhar a sua própria história, como ela seria? Uma antiga revista russa ou um gibi convencional de hoje em dia. A mesmice ou o extremista? O minimalista, talvez.
Uma história escrita a lápis, para ser facilmente apagada.
Você até pode visitar o mundo inteiro, encontrar o casamento dos sonhos no prédio do lado e até sonhar em um dia viver para sempre.
Mas talvez a sua felicidade real está bem na sua frente, receosa e aflita. Esperando o seu primeiro passo.
Então, quando der seus passos por aí, lembre-se sempre: viaje o mundo, encontre o casamento perfeito, mas não esqueça de sempre ter muita atenção para o que está acontecendo o tempo inteiro ao seu nariz.

sábado, 18 de setembro de 2010

Sobre a alma gêmea

É só mais um espelho despedaçado no chão...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

De carne e osso

Fecho os olhos para enxergar o meu futuro. Tudo escuro e tão claro, embaçado logo à frente.
Corro a mão pelo papel em busca do relevo e dos sintomas. Tudo vazio e sem espaços.
Uma chance de reverter o desperdício. O único tiro dado pelas pálpebras vendadas.
Uma prova pra ganhar.
É uma pena saber que a minha inspiração só vem quando é de carne e osso.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Homônimos

A primeira voltou, voltou diferente.
Do adeus que acenou de seu barquinho ao partir, só trouxe de volta os olhos.
Uma amiga que virou colega, um caráter que modificou a cena. A semelhança era dada em cada diferença.
A segunda surgiu e me despertou.
Com seu olhar de mar aberto e seu sorriso magistral, tornando sua presença uma avalanche de sentimentos. E há quem ainda duvida que sua beleza é superficial, mas por trás disso tudo uma alma cativa muito mais.
A terceira nem surgiu, mas encontrei.
Não há detalhes, nem histórias. Apenas afeto.
A quarta eu notei.
Vestida de branco na dança envolvente. Nos seus cabelos presos, eu me solto e desenvolvo a música e ela continua a dançar.
Um cigarro, um sorriso e um oi tardio. Um espaço do meu lado pra sentar.
Existem ainda a quinta, sexta e até a décima oitava. Mas todas foram, algumas ficaram, todas sumiram, algumas voltaram.
Só sei que são muitas, de entrada e saída.
São tantas essas... as Julianas da minha vida.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O ponto final

Acho que agora entendi, depois de algum tempo.
Eu buscava desesperadamente um outro alguém a quem me ocupar, perder o sono, a fome e ganhar motivos pra acordar sem reclamar da vida. Achei uma, duas, três... talvez até quatro mil momentos e sorrisos para repôr o vazio que me deixaram.
Mas parece que hoje eu entendi, de verdade.
Olhei para as suas fotos e mal conseguia lembrar do que passamos. Não te esqueci, apenas coloquei o ponto final na nossa história e finalmente fechei o livro.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Destino

"Em uma tarde de outubro, ela quis sair de casa para ir ao cinema sozinha. Pegou seu carro e dirigiu até o shopping mais próximo para pegar a sessão antes do anoitecer. Quinze minutos antes de chegar, decidiu parar em um restaurante para comer. Ali conheceu o seu futuro marido."

Alguns diriam que foi coincidência, outros afirmam que era pra ser. O destino.
A história já escrita entre duas pessoas, a vida de alguém, decidida por outra pessoa, uma força sobrenatural. Era mesmo pra ser? E se ela não parasse para jantar e fosse direto ao cinema, ela conheceria o seu futuro marido? Talvez ele a encontrasse no cinema ou então alguns dias, meses ou anos depois em algum outro lugar comum. Só adiantaram o que estava preditado.
Como as pessoas acreditam que nossa vida tem um destino? Bobagem.
Se você luta para chegar até algum objetivo seu e o alcança, quer dizer que era seu destino ter o que sempre quis? Se for, por que não apenas sentar e esperar que o destino bata à porta? Você nasce e alguém em algum lugar sabe tudo o que vai acontecer com a sua vida.
Uma criança que nasce na periferia, cresce no meio de pessoas crentes em Deus e traficantes que cultuam a maldade, estuda em um colégio público e se esforça para passar em uma universidade federal. Gradua-se em direito, São Francisco, e é visto anos depois como o melhor advogado que o país já teve.
Era o destino daquela criança. Enquanto milhares de outras cresceram no mesmo lugar e se envolveram com drogas, tráfico ou apenas lutam dia após dia para levar o mínimo de dignidade à família no fim do mês? Eu prefiro chamar isso de oportunidade e força de vontade.
O que o destino tem a ver com a nossa vida? Isso não pode existir.
O jovem recém formado, acabou de sair da casa dos pais para morar com sua namorada, que na verdade é esposa porque acabaram de se casar. Em uma noite, voltando para a casa, sofre um acidente na avenida principal e acaba morrendo. Era o destino desse cara morrer? Era o destino da sua mulher sofrer assim?
Ou simplesmente o outro motorista cruzou o farol vermelho porque ele achou que seria interessante ter um pouco mais de adrenalina no final da sua terça-feira entediante?
Me pergunto tantas vezes o que o destino tem a ver com a nossa vida e parece que a única resposta convincente é que o meu destino eu faço com o tracejar dos meus olhos.
Lá na frente eu só enxergo um algo a mais.


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

É

As vezes é tão estranho parar para pensar nas coisas. Ficar atirando as pedrinhas no lago só pra ver as ondas se formando, do menor para o maior, dando total alusão para os pensamentos que me ocorrem de vez em quando. Eles começam tão pequenos, vão aumentando e acabam se perdendo na imensidão azul.
Se eu pudesse escrever uma carta para dizer o que sinto quando eu olho pros seus olhos, eu estaria tentando terminar até, pois neles eu me perco. Não é paixão, não é amor, é apenas... vontade. Vontade de ter sem o desejo de possuir, de dar um abraço sem ter que saber mais nada sobre sua vida. Não é paixão, não é amor, mas eu juro que também não sei o que é isso.
Alguns especialistas no tema mais sem sentido do mundo diriam que isso é platonismo. Que seja, pois é assim que eu enxergo tudo que passo nesse contexto. É tudo mentira, essa vontade de viver dessa maneira. É tudo obra, ficção.
Mas é impressionante como eu volto a falar dos teus olhos. Eu não posso com eles! São dois pêndulos hipnotizantes, que parecem desviar minha atenção. Ao vê-los fechar e seu sorriso abrir, eu me atento.
E é sério, eu não sei o que é isso, mas posso te escrever três certezas.
A primeira é de que você me faz bem.
A segunda é que eu lhe tenho a vontade.
A terceira é que eu dei o chute errado.

E que venha mais uma noite de insônia.

domingo, 15 de agosto de 2010

Outro jeito

Resolvi limpar o meu baú antigo quando encontrei a sua foto. Por que eu ainda a guardava? Não sei...
É sempre um parto te olhar e não lembrar de lembrar de toda nossa curta e intensa história. Uma pena vasculhar o baú procurando a nossa foto em vão, mas tudo caminhou para o que já era fadado.
Mas ao olhar aqueles olhos, não tive como não sorrir. Você estava linda assim como é hoje, esboçando felicidade com as pálpebras se fechando. Um filme, curta metragem, passou pela minha cabeça.
O primeiro contato, as primeiras palavras. A primeira troca de sorrisos. O segundo dia, as conversas e os conhecimentos, as decepções com os defeitos superadas pelas alegrias das qualidades.
A gente ainda não sabia que não teria outro jeito...
O crescimento. As conversas que duravam tardes de trabalho, a noite ansiosa pelo próximo dia, a espera pelo fim de semana para tomar um café e conversar olhando nos olhos, sonhando e planejando um futuro não tão distante.
As surpresas pela descoberta da química perfeita. O conhecer a família, acolher os problemas pessoais, presentear-lhe com palavras dóceis e confortáveis. Ah, como era tão bom viver ao seu lado.
A gente sabia que não teria outro jeito...
Mas insistimos. Nos encontramos mais, conversamos mais e sabíamos que uma hora um de nós teria que acabar. Você foi a escolhida.
Naquela tarde, depois do trabalho, você não respondeu a minha mensagem de texto. Esperei o resto da noite, sonhando em você estar apenas trabalhando até tarde. Publicitários...
Mas você bateu o martelo, e não respondeu. Você acabou e escolheu o nosso bem. E há quem diga que você desistiu. A gente teria um outro jeito, mas optamos por não apostar com uma porcentagem mínima de sofrimento. Mas eu esperava ainda assim uma tentativa...
E hoje olhando a sua foto sei que eu não te conheço.
E, sim, haveria outro jeito.

domingo, 1 de agosto de 2010

Tome nota

Os zunidos que hora ou outra aparecem para me despertar dos sonhos, dessa vez me golpearam bem forte. Não sei em qual momento que o meu corpo ajoelhou-se para o inconsciente e eu notei aquele olhar que antes não era do meu agrado.
Pegue o caderninho, corra, tome nota! O primeiro vestígio tem que ser lembrado.
E depois vem o cheiro. Adocicado e apaixonante, perfumando o meu redor e levitando a minha estima. Até que eu reparei nos meus pensamentos.
Esqueça o caderno, não tome nota. O segundo vestígio confirma os fatos.
O problema é jogar fora o erro que já foi concebido.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O fogo

A energia do fogo está em minhas mãos. Arrepiam-se os pêlos e inflam-se os pulmões, puros sintomas de vida aflorando, acordando e tocando os ventos com seu rosto gélido.
Mas a eterna chama do fogo se mantém firme em seu lugar, esquentando a alma, energizando a mente e derretendo o mal, que escorre pelo chão e então flutua para os céus, virando simples lágrimas do infinito.
É a chama do fogo, espírito da vida.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ode ao Paradoxo

É, logo eu. Logo eu que fui tão calmo e sereno, levava a vida numa boa, olhando para a traseira do ônibus perdido. Logo eu. Que nunca fui de correr muito atrás da bola, de bagunçar a casa alheia, de dar o mais forte tapa na cara, parcelado em eternas prestações.

Logo eu que não me abalava com a idéia do vício eterno, que era cético pela incerteza e idolatrava a existência da dúvida. Que cresci entre o chão e a vela acesa, passei da lua para o sol nascente, sem não antes perder a ceia de pão e vinho.

Logo eu que olhei pra trás e não conseguia enxergar vestígios do meu passado... É que ele estava na minha frente.

Logo eu que já não conseguia mais sentir o “tumtumtum” na minha pele, passando pelos meus ouvidos e me acordando de sinapse. Logo eu que nem lembrava mais o cheiro da infância. Logo eu que me esqueci das visões que não me importava.

Logo eu, que tinha medo do pingo d’água. Que argumentava contra, só pra fomentar a discussão. Que debatia pelo prazer da dúvida eterna. Logo eu.

Logo eu que nunca me importei tanto com o material. É, não. Talvez eu tenha mesmo um pé na senzala.

E ode ao paradoxo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

É só de carne

Sinto cada célula se espreguiçando em um arrepio inconfundível. É chegada a hora.
Eu quero sentir seus dedos fazendo festinha, meus olhos fechados sonhando o desejo. Eu quero pêlo na pele, salivando o prazer.
Me deitar ao seu lado sem pretensão nenhuma e sair sentindo seu calor. Sem medo de imaginar você torcendo os lábios, roendo o punho e mordendo a carne, arrancando-me a vontade carnal de lhe possuir da cabeça às pontas dos pés.
"Tua língua, meu mamilo," água doce.
Quero ver o teu corpo ser dominado. Dominante e perdido, encruzilhado nos sentimentos entre o desejo e a possessão. Quero ouvir a súplica de quero mais, e sempre mais. Sua voz afagando os meus ouvidos. Eu quero sentir o seu pólen, penetrar na sua alma e degustar do seu suor. Eu quero meu pêlo na sua pele, fazer música clássica na poltrona antiga.
É só prazer carnal, ainda que nem saiba seu nome.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Proposta

Em uma conversa há "não faz muito tempo atrás", conversei sentado em um carpete sujo sobre Deus e Amor. E agora venho propôr uma coisinha para vocês, usando esse canal de ficção da realidade para colocá-la em questão. Por favor...(cof cof)
Quando falamos de amor, subitamente seremos subjetivos. Não? Sim! Amar é um sentimento que não há padronizações. Você, quando está feliz, sabe quando está infeliz, feliz ou muito feliz, você consegue saber em qual grau você está. Quando você ama, não. Porque não há nada que separe a felicidade da tristeza, diferente do amor e do ódio. No meio deles há a paixão.
Ah.... maldita paixão! Ela enriqueceu a concepção da mesmice e destruiu o conceito de amor. Agora todos falam que amam, todos falam que odeiam, pois todos somos apaixonados e apaixonantes. E quando você está apaixonado, você não ama, e muito menos odeia. E quando você se apaixona, dificilmente saberá quando estará amando.
Do outro lado, quando falamos de Deus, subitamente seremos subjetivos novamente. Não? Sim! Deus é uma força (ou um cara, ou um animal, ou um astro?) - e isso já explica a subjetividade.
E diferente de acreditar que 2 + 2 são quatro, pois entre o conhecimento e o ser humano não há interferências. Com Deus, não. Entre Deus e o Diabo (ou o bem e o mau), há o homem. O ser mais irracional que existe. E isso explica.
Então, minha proposta: em mesa de bar, em escolas ou grupos de amigos, é proibido falar de amor. Porque, assim como religião, não se discute!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tão escuro

Por que está tão escuro?
Perguntava-se ao abrir os olhos e não enxergar nada.
Talvez você esteja dormindo, respondia-lhe a consciência. Talvez você esteja se afundando num buraco sem fim e sem volta, que você mesmo cavou para se esconder do que existia lá em cima. Você pode estar sonhando algo que não poderá se lembrar ou até mesmo a sua mente pode ter sido engolida por um buraco negro perdido na galáxia dos seus pensamentos.
A consciência foi além.
Você já parou pra pensar que você pode estar morrendo? Ou então uma nuvem finalmente desceu para atormentar os seus sentimentos. É tudo tão escuro esse vazio sem fundamentos, não?
Às vezes você pode estar com os olhos fechados, não querendo nunca mais abrí-los, temendo enxergar a verdade. E mesmo que você a ouça suplicar para que ela volte a ver seus olhos encarando-a, você não poderá ouvir, pois também escureceu-se os ouvidos.
Talvez você esteja sonhando acordado,
terminou a consciência.
Ou então está cego de amor.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Será que é você?

Será você a estrada do meu caminho? A onda perfeita da minha manhã.
Já não enxergo mais a grande pedra que estava lá na frente, me esperando há cinco anos do presente. O sol já não esquenta a minha cabeça e subitamente a minha bússola voltou a apontar para o norte.
Os cacos juntados de um batimento partido sumiram do meu bolso e voltaram intactos para o devido lugar, lá em cima, lá embaixo. Meu companheiro parece ter sido esquecido em algum lugar alí na sombra. Será que ele um dia volta?
Será você a culpa disso?
E se eu olho pra frente, eu vejo seus olhos por trás de cada nuvem. Me olham do vento, me protegem da chuva.
A intensidade de cada passo, o medo de cada caminhar, tudo por conta de uma estrada que não quero chegar ao fim.
Será você a galáxia perdida encontrada?
Eu olho pro céu e me desvio pra terra. É aqui. Olha você alí, acenando e sorrindo para os meus sonhos. Só é uma pena acordar assim que alcanço os seus braços...
Mas o pior é eu me ouvir de dentro e saber que estou exagerando, pintando na água e secando a neve que cai sem pausa nos meus ombros. É o peso gélido de cada manhã, a cruz carregada escada acima.
E quando me sento, eu abro um livro que eu me entenda, mas as páginas insistem em continuar em branco.
Será que é você quem vai me explicar o que é tudo isso?
Seria você, mas você talvez não será.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Conceitual

E parece que a cada segundo, minuto ou semana, a tela fica branca e a referência se perde.
Simplesmente não consigo... me faltam palavras pra descrever.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Não é planta

É engraçado só reparar nas falhas da parede quando você a olha pela fotografia na mesa. E você repara também na flor tão bem cuidada que estava na mesa de canto, ao lado do sofá. "Eu nunca cuidei dessa planta. Nunca ao menos sabia que ela estava lá.", você pensa enquanto ouve alguém suspirar no seu coração não é planta, é uma flor...
E na gaveta aberta você encontra a planta de uma cidade pequena, uma vila. "Eu não me lembro dessa cidade.", você pensa enquanto sente seus braços sendo apertados pela voz não é planta, é um mapa...
E você se lembra e então se esconde. Enxerga o tempo vagando pelo apartamento sem neurose de estar passando. Você se lembra, e então se esconde. No dicionário da estante você não encontra a palavra certa. Você se lembra, mas a definição se esconde.
No espelho você finalmente enxerga o reflexo certo, movimentando calmamente os lábios. Amor não se planta, ódio sim.

domingo, 6 de junho de 2010

Ao te ver.

O sorriso de criança quando acabou de ganhar um doce.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Alice

Nem o sol, nem as flores. Ela vinha caminhando pela estrada de terra, com o amor nos olhos e a saudade nos braços. De vestido até os joelhos e chocolate na mão, procurou nos seus segredos a resposta. Ela era a única semente enterrada naquela terra.
E de lá brochou-se a flor. Era de dar água na boca o perfume de frutas que ela assoprava em nossa pele logo pela manhã. E dos cabelos se faziam as cócegas, como se meus dedos do pé dançassem frenéticamente. Era um alívio a pausa para o eterno primeiro beijo.
E quem se fez verdade, não é de fácil momento esquecer-se. Ela se tornou a fotografia plena em cada olhar trêmulo e mãos assediantes. E a cena vira obra prima quando ela se levanta da cama e vai olhar a chuva cair pela janela. Eu sou seu artista.
Som suave, folhas caindo. Ah, Alice...

domingo, 30 de maio de 2010

Expremendo o suco do cérebro

Acabo de assistir um documentário chamado Lemonade, que conta como está a vida de alguns publicitários bem sucedidos que foram demitidos durante a crise econômica mundial desencadeada em 2007.
São mais de 7 personagens que mudaram a vida completamente depois que foram chutados pelas grandes agências que trabalhavam. De indivíduos que partiram para a arte do café até outros que resolveram mudar de sexo. O que mais me fez pensar foi: nenhum deles tentaram entrar em outra agência publicitária ou continuar no mercado de comunicação.
O que talvez tenha sido mais esperto da parte deles. O mercado publicitário é renovado a cada ano. Todo mês de dezembro nós temos, só em São Paulo, mais de 30 faculdades entregando diploma para, pelo menos, 100 alunos. Ou seja, todo ano são mais de 3 mil publicitários com o sangue novo em folha para entrar no mercado e tirar a vaga de um trintão que já é visto como obsoleto, o que eu discordo em grande parte.
O mais digno de admiração dos entrevistados foi que eles fizeram algo espetacular: deixaram o ego na agência em que nunca mais voltariam.
E esse é o maior erro de todo publicitário que, assim como eu, está junto com mais 2.999 pessoas para pegar o diploma no final do ano: o ego. É fatal, parece que faz parte de nós ter essa honra, essa necessidade de encher a boca e estufar o peito para dizer "sou publicitário". Deve ser uma grade subliminar (e aqui deixo o meu parênteses para dizer que subliminar é outra palavra que nós adoramos citar) a de como construir um ego gigantesco para um dia a vida lhe ensinar o que a faculdade não ensina: o ego não lhe serve para nada, a não ser subir cada vez mais e se machucar feio quando lhe vier a queda.
E não tô aqui pra dizer que sou eu quem dito a verdade e que eu não tenho um ego. Mas a gente vai aprendendo, a gente vai vendo que ele não serve para nada e que se você for bom com 35 anos, você fica mais um tempo. Se não, você que procure algo que goste para fazer - e ganhar dinheiro. A gente vai percebendo que ser bom é muito bacana e te deixa feliz em fazer um bom trabalho, mas ser bom e se gabar por isso só vai te fazer ser visto como um babaca. E ainda mais aqueles que começaram agora e entram na agência achando que serão o próximo Olivetto dos anos 80.
A gente vai aprendendo. E sabe com quem? Com aqueles publicitários que não se gabam por vender produto de segunda a preço de produto elitizado, mas aqueles que fazem seu trabalho e saem satisfeito no final do expediente, seja às 18h ou as 3h. E geralmente esses são os publicitários de... 30 anos para mais.
Então, depois de ver Lemonade, eu tenho apenas duas dicas para aqueles que estão no mesmo patamar que eu, para se formar.
1. Assista ao filme.
2. Não pense que você vai se formar e ter três leões em Cannes e ganhará uma grana boa e fácil. Seja humilde, ouça e aprenda. O reconhecimento vem com o tempo, só ter paciência e fazer um bom trabalho.
O resto a gente faz como sempre: vai levando e aprendendo!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O amor não tira férias

É nesse jeito desatento e sem esforços de falar que eu me prendo.
E se viesse o tempo inteiro, me doando sonhos, eu fugiria.
Haverá Danielas, Anas e Denises, ainda a querendo no singular.

Me venda a dúvida, mas me compre com a certeza.
Só não amasse a decisão e a jogue pela janela.
A disposição não é prisioneira do relacionamento.

E se fechasse os olhos e sentisse o sol, eu saberia.
Pois é nesse jeito descrente e indeciso que eu me prendo.
O amor não tira férias, mas talvez você o encontre por lá.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Através do espelho

Ao me olhar através do espelho, meu reflexo é distinto.
Somos tão iguais e diferentes.
Se minha barba não cresce, do meu reflexo exagera. Se eu canto a minha música, ele apenas toca.
Se as minhas piadas são engraçadinhas, as dele são esdrúxulas e de cunho negativo. Não me importo.
Se eu me entrego, ele se guarda. E se eu me guardo, ele me aponta por trás do espelho e ri.
Se eu acredito, ele se nega. Ele é cético, sarcástico e irônico... eu só estou aprendendo a ser. E do outro lado do espelho eu tenho um bigode. E se eu falo, ele apenas ouve.
E ao me olhar através do espelho também vejo meu reflexo bem semelhante.
Somos dois apaixonados que carregam a gentileza no bolso. Consigo olhar nos meus olhos e enxergar que alí o amor existe, e também a compreensão.
E encontramos na música uma saída, uma chegada. E na cerveja de cada dia uma risada.
Meu reflexo ama, sente e fala bem. Eu também. Ansiamos demais, vivemos demais.
Mas o melhor de tudo é poder sentar com meu reflexo na praça e conversar a noite inteira sem ter que se lembrar que o amanhã existe.
É paz, somos paz.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sanidade insana

Estou louco!
Acordei de ponta cabeça, com os pés descalços e as mãos cruzadas dentro do bolso. Abri um olho e depois o outro, e cocei a cabeça sem ter medo de que me apontassem e julgassem o que eu já sabia: estou louco.
Então olhei pela janela do nono andar. Era noite e o sol brilhava, que audácia! Lá embaixo eu vi duas crianças sujas e mal vestidas, atravessando a rua sem nenhuma expectativa para olhar pros dois lados. Chegaram no bar já aberto - onde havia um rapaz virando dois, três, quatro copos de água, creio eu - e pediram suplicamente ao balconista por qualquer resto de comida.
Voltei para dentro do meu quarto e fui me olhar no espelho. Estava louco, só podia ser.
Respirei fundo e coloquei em mente que viveria como se fosse um dia normal. Tomei meu banho, vesti minhas roupas, calcei meu tênis e peguei o elevador. Uma moça com um cachorro enorme estavam lá dentro. Tremi, mas dei cordialmente um bom dia sem respostas, apenas um olhar torto. Só podia ser alucinação...
De volta à rua já era noite de novo, e os mesmos garotos - ou não - que suplicaram o veneno da fome se envenenavam nas esquinas da minha rua. Debaixo de um cobertor, um maltratado cobertor, eles fizeram o que me parecia uma fogueira. Apenas um isqueiro e uma base de copinho de leite fermentado. Ou era um jeito muito estranho de se fazer uma fogueira ou estava louco. Segui em frente com a segunda opção.
Estou louco, eu já sei.
Mas o que mais me surpreendeu nos meus momentos de insanidade foi a falta de capacidade dos que estavam a minha volta de amar. Estou louco, eu sei, mas eles preferem esteróides ao cérebro e o silicone ao natural.
Eles não dizem que amam, mas sentem. E eles andam no bolso com uma planilha de contabilidade: quanto maior e mais recheada for, mais honorários simbólicos eles vão ter. E eles olham para cada rosto como se fosse o troféu mais lustrado da prateleira, e eles olham para cada corpo e vêem o reflexo da luxúria que só os agrada.
Que loucura pensar que o romance já existiu, talvez eu tenha sonhado na noite anterior em que fiquei louco. Mas eu também li no jornal que o plástico está acabando com o mundo, e vi também na revista umas atrizes que comprovoram a matéria, o que me deixou na dúvida se era eu o louco ou era eu o pirado.
Entrei na neura de que talvez eu também fosse assim, então logo olhei para a moradora de rua no ponto de ônibus com ternura nos olhos. Até pensei em beijá-la, mas talvez aí sim estaria comprovando a minha loucura. E se eu só sonhei que eu acreditava na razão pela emoção e vice-versa?
Preocupei e peguei meu celular, procurei contatos, uma prova lícita e encontrei mensagens. De afeto, de carinho e de amor. De amor! Estava louco então, um louco perante toda a sociedade moderna e comum. Pós moderna e pirada.
Estou louco e é muito difícil um louco interpretar algo, mas mais difícil ainda é interpretar a mente de um louco.

domingo, 23 de maio de 2010

O matador

Ele era matador, de aluguel e do prazer.
O troco do pão ou a maleta de dinheiro eram reais motivos para ele começar a diversão, o desespero.
Mas foi de outrem que encontrou decepção no se ofício. Foi um tiro no escuro com os olhos fechados e a bala acertou em cheio o peito do alvo. Ele morreu, ele sobreviveu. Os dois sangraram.
E então tudo voltou para a cabeça do matador. Seus pensamentos eram uma mistura de tensões, um desejo de sumir e transcrições dos erros e acertos.
"Mate-me", suplicava ao matador.
O alvo suspirava. Não sabia o por nem pelo quê.
Ele era matador, o medo.

sábado, 22 de maio de 2010

Sobre o copo em cima da mesa

O amor é como um copo de suco em pó em cima da mesa.
Você pode despejar só um golinho, encher até a metade ou transbordar pelas beiradas até o chão.
E você pode tomar tudo em um gole só ou aproveitar cada segundo, cada sabor e ainda lamber os lábios ao terminar.
Escolha o sabor que mais te agrada e só misture. Ele está pronto.
O amor é como um copo de suco em pó em cima da mesa.
Você vê suco, mas só é água.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Perguntas

Por que?
Será?
Até quando?
E se?
São só perguntas...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O lado da moeda

Ela jogou baixo e apostou seu coração num jogo de cartas.
Ele venceu e o levou pra casa sorridente. Ele perdeu.
Ela blefou o amor e piscou pra saudade.
Ele levantou da cadeira e gritou excitado. Ele perdeu.
Ela assoprou a sorte para os dados e fez figa com o dedo.
Ele apostou alto e entrou no seu jogo. Ele perdeu.
Ela balançou com um gingado e sorriso de mulher.
Ele notou na hora errada, achando que era a hora certa. Ele perdeu.
Ela jogou a moeda pro alto.
Se fosse cara, ela assumia.
Se fosse coroa, ele fugia.
A moeda subiu. Ela queria assumir e desmentir o medo dele. Ele queria fugir pra não ter que ouvir a falsa verdade.
A moeda caiu. Ela torcia a boca, cruzava os dedos, fitava a moeda caindo. Ele olhava nos olhos dela como se fosse pela última vez.
A moeda parou, fincada na areia.
Nem cara, nem coroa.
Ela sorriu e o beijou. Assumiu a inteira verdade mesmo assim.
Sorriso, suspiro... e ele ganhou.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Dê-me, dá-me.

Me dê um gole do vinho e uma certeza.
Um porta-retrato com a nossa foto.
Um medo e uma conquista. Um par de asas.
Me dê um violão e peça uma música.
Um dia nublado de tranquilidade.
Um verso simples. Uma poesia não terminada.
Me dê seu sorriso e felicidade.
Uma palavra que traduza tudo.
Uma casa cheia. Uma família.
Me dê ouro, prata e bronze.
Simplicidade e paz.
Uma porta aberta. Uma saída.
Me dê saudade com sua ligação.
Uma súplica pela minha visita.
Um céu ensolarado. Um dia e uma eternidade.
Me dê tudo e não me dê nada.
Um pedido sincero e uma mentira.
Uma viagem pra praia. Uma viagem ao espaço.
Me dê o que você bem entender.
Um abraço quentinho ou um beijo na testa.
Um copo vazio. Um momento.
Me dê o seu coração.
Esqueça tudo e dê-me o que quiser.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Atlântida

Fui visitar Atlantis.
Dobrei o meu barquinho de papel e segui pelo oceano com uma bússola que sempre indicava o sul, ao invés do norte. Foram 4 noites, 2 dias e poucas horas para eu me encontrar perdido na imensidão azul, verde, amarela e vermelha.
Ao chegar numa ilha desconhecida, tive certeza de que Atlantis não fora engolida pelas águas do mar. Ela estava lá. Minha menina, minha Clito, jovem orfã. O sorriso de uma deusa, o canto de uma sereia, um jeito de mulher.
São seres bravos, esses de Atlantis. Lhe agarram as pernas e te afundam no desconhecido oceano. Te desacordam e te levam para as profundezas do que eu mal cheguei a conhecer. Um desprazer de prazeres, uma desordem de sentimentos, um caos aquático.
E de todos os cidadãos de Atlantis, possessivos por conquistas, Clito conseguiu o que parecia mais difícil de conquistar: minha saudade.
Me pego rezando para Atlas, oferecendo o mundo para voltar lá. Mas acordo em meu quarto escuro com um barquinho de papel rasgado e molhado ao pé da cama. Dos olhos não saem lágrimas, do peito não sangra a dor. Só aquele sentimento bagunçado de quem um dia quis brincar de ser Poseidon.
E até hoje me perguntam o que fui fazer em Atlantis.
Eu respondo sem pensar: fui buscar o meu ocalco e não vou descansar enquanto não trouxer pra casa o que foi meu um dia.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Licença poética

Mataram a licença poética.
Apontaram o dedo, criticaram e julgaram-na. Colocaram a pobrezinha contra a parede e apedrejaram sem dó, sem entendê-la. Espalharam o boato de que a licença poética era mentira, era verdade. E ainda juraram sua cabeça à morte.
Os mais ignorantes mobilizaram. Sairam nas ruas com cartazes, fizeram greves nas ruas, pintaram as avenidades com o tão sonhado sangue da coitada. Os mais cultos protestavam a ignorância e lutavam pela vida da incompreensível licença poética. Os indiferentes discutiam o futebol do domingo, a novela das oito e as aulas difíceis de cálculo 2.
E há quem diga por aí que a licença poética nem ligou muito para o trantorno. Ela acreditava nas pessoas, na inteligência delas. Mais uma vez: pobrezinha. Foi pega de surpresa depois de tempos e lhe arrancaram a carcaça, o couro. Desmoralizaram-na.
Faz tanto tempo ou foi ontem mesmo, eu já nem lembro, tento me esquecer. A licença poética morreu, mas ainda perambula por algumas mentes mais dispostas.
E ainda dizem que é difícil de interpretar a mente de um gênio. Esses nunca ouviram falar sobre ela, que até hoje faz e causa confusão.
Descanse em paz, mas não aqui.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Distração

Me pego distraído e me encontro desligado, desatento e desperdiçando o tempo. O café e o filme acabaram, puxo três vezes a fumaça do último cigarro e a noite ainda caminha pelo púrpura da madrugada.
O prato sujo do jantar ainda está na mesa, mas ainda tenho fome. Aquele vazio que preenche, que estufa o nada, o vácuo que alimenta o roncar dos órgãos. O livro ao lado é a sobremesa, tenho fome de histórias.
Então isso é que é viver? Respirar, assistir e descrever. Acordar, sentir e perceber. Viver. Ter sede de água, de coca e cerveja. Ter sede de música, de mistério e de palavras. E a cada copo virado mais uma anedota contada, com ou sem risadas da platéia, com ou sem sorrisos bobos da menina.
É quando você começa a deixar de lado a contabilidade dos aniversários e parte pro caminho já dito sem volta. Quando senta no balcão do bar e pede sua gelada em preocupação com quem te observa, te analisa e se questiona. É quando você começa a deixar de acreditar que o acaso realmente brota em árvores.
E pra cada cigarro apagado no cinzero improvisado, um novo pensamento. E é então que eu me pego assim, desligado, desatento e distraído.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O destino

O destino bate à porta e entra sem sequer esperar alguém abrí-la.
E quando defronta a primeira pessoa, não pergunta se ela acredita nele ou não.
Apenas faz acontecer o que ele já tinha escrito.
"Vamos, confie em mim", termina ele em seus versos.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estátuas

São tantas estátuas em cima daquela colina.
São tantas estátuas despedaçadas.
Sem cabeças, sem os braços e todas sem um coração.
Mas apenas uma delas está totalmente inteira
Era uma pessoa, uma vida feita.
Que com o tempo foi convivendo com estátuas e se petrificou.
Mas o amor vai trazer ela de volta.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A sujeira das ruas

Andava pelas ruas da cidade com pressa, mas não pude deixar de notar.
Enquanto andava, olhava para o chão e via as bitucas de cigarro que pintavam as calçadas, ruas e avenidas de amarelo e branco.
Carbonizavam o que já era sujo do monóxido.
E também não tinha como não reparar nos chicletes que se tornaram parte do asfalto.
Alguns, mais resistentes, enviveciam o preto com seus tons rosas e verdes.
Outros, mais implicantes, grudavam na sola daqueles que passavam desapercebidos.
E é por isso que as pessoas têm medo de sair nas ruas.
Elas só estão preocupadas com a sujeira que estará nos pés delas quando elas estiverem andando... e olhando para baixo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O médico e o monstro

Se envolver demais é remédio.
Se entregar demais é veneno.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Crescer

Ah, que saudade!
De quando eu ainda era uma criança sem princípios morais e éticos para seguir. Que vestia o uniforme amarelo do colégio e rasgava os joelhos da calça, obrigando minha mãe a colocar joelheiras e vermelhos na minha pele. De pegar a perua escolar, de ouvir Jovem Pan FM logo cedo, quando o sol nem aparecia pra dar a dica de como seria o clima do dia. Era sempre tão frio.
Das festas e comemorações regadas a bolo, brigadeiros e refrigerantes. Dos amigos em casa e eu na casa dos amigos, dos jogos de futebol, das guerras de água no verão, das noites jogando video game. De não ter banda larga e conversar escondido com as primeiras paixões no ICQ.
Viver sem repressões, responsabilidades, era bom.
Mas a gente cresce e vai aprendendo que cada palavra, cada gesto, cada olhar tem sua consequência, querendo ou não ser interpretada à sua maneira. Que estar com raiva é saber raciocinar e medir palavras e atitudes e que foi-se o tempo de ser criança e poder dizer o que pensa. As desculpas não são mais aceitas com facilidade. Um erro pode ser fatal, uma estrada com fim e sem chances de a marcha ré funcionar. Um beco sem saída.
E a gente cresce e conhece a tal responsabilidade. Dos atos, do trabalho, das contas pra pagar. E onde é que está sua mãe para te limpar quando você grita do banheiro "terminei"? Ela está na casa dela, dormindo e pensando em como será que você está se virando sozinho. Eu estou bem.
E agente cresce e conhece todo o tipo de pessoa. Não é mais aquela sua tia que te paparica, o seu pai que é durão com o coração enorme ou o primo que é mais seu irmão do que sua irmã mais velha. É um chefe que pode virar seu pai, ou seu inimigo. É seu amigo que pode virar seu irmão, ou sua maior decepção. É sua paixão que não vai te dar bola no MSN após aquela briga feia onde as desculpas não foram aceitas. São suas palavras contra a dos outros.
E você não vai ser mais bem visto por todos do seu ciclo social, por mais que você tente. A lição que fica hoje é a de anos atrás: não se pode agradar gregos e troianos. Mas agrade pelo menos um lado. Ficar em cima do muro as vezes calha a funcionar, mas as vezes não é sempre e pode ser nunca.
E crescer vai se tornando aquele quebra cabeça de 1.000 peças que quando se era criança parecia impossível de montar, mas ainda assim você sentia uma pontinha, mesmo que mínima, de capacidade dentro de você. Você tinha vontade e se sentia orgulhoso se conseguia, nem que demorasse três ou quatro horas.
Crescer é bom. E errar engrandece o homem. Olha mãe, eu cresci, já sou gente grande. Mas eu quero mais. Mas o que eu quero ser quando crescer? O que vou ser quando crescer? Eu já não cresci? Crescer é como um rio que não tem fim e deságua na imensidão do oceano. Não perca o fluxo, ou você se perde no mundo.
E você cresce e vai percebendo que o seu umbigo é só uma cicatriz de nascimento, que sua arrogância te levará a lugar algum e que saber demais não é saber de tudo. Não é à toa que os livros de contos ilustram os sábios como anciões de pequenas vilas.
E a gente cresce. E vai percebendo que ainda somos tão crianças perto de todas as lições que a vida um dia vão nos ensinar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Um segundo minuto.

Ainda sinto nos meus punhos aquele cheiro de não sei o que.
Vejo o teu sorriso e ouço o seu choro.
Relembro da nossa conversa tarde da noite.
Dos nossos corpos se encontrando na estação de metrô, na sala de casa, na cama desfeita.
Da troca de olhares, só lembro do porre.
O gosto do beijo se esconde no sabor do primeiro café, na primeira lágrima e decepção.
Um segundo minuto para fazer as pazes.
Um segundo minuto para a troca de beijos.
Mentiras e gritos. Verdades e suspiros.
Foi tudo intenso. Foi tudo ontem.
Ode à vida, ao agora.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

S S E S L

E naquele momento em que o branco se fez sorriso, eu só fugi no ímpeto de entristecer.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um espetáculo de olhos

Cerra essa cortina que o espetáculo vai se encerrar.
Luz e ação, sem câmera. O correto é não gravar este momento.
Sentado sozinho na platéia, assistindo sua dança no palco. Sozinha.
E é na coxia que a verdade aparece. O resto era só encenação.
Mas eu tenho certeza: os seus olhos fechados me trazem mais que inspiração.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ainda sobre os olhos

E quando sorri, ela fecha os olhos.
E eu me fecho no meu poema mais sereno.

desconstrução.

pega, abre e cheira com carinho:
correria as mãos pelo corpo todo, sorrindo)
(se fosse sábio ele.
Mas acontece mesmo é que a saia dela se fechou;
Aos olhos do sangue;
Terror em um instante.
só sei que quero"
Só falta a coragem "de saber que.
E não me falta nada que o espelho toda manhã diz.
E ainda assim eu penso!
Toda vida eu sempre quis ouvir;
O que você tem para
me dizer-
Eu só quero ouvir dos teus
olhos.
Me ame como se fosse a primeira da vez...

Voçólotra

Me ofereceram o gole.
Eu só aceitei com a condição de ter a garrafa inteira.

Olhos fechados

É na mesa, na estrada e na passarela. Ela passa de saia, de sorriso e olhos fechados.
Do sorriso, do perfume ou desses olhos que se fecham. É tudo tão lindo, tudo tão fascinante. Tudo tão arte.
Obra, matéria, vera prima. Deveras dona da maldade e da bondade, da flor acima do abismo.
E tudo fez-se o mar, o céu e a destruição. Com todo amor e carisma fez do teto a minha casa, do sopro a minha alma e dos olhos a minha vida. Felicidade.
E quando o sol se despede do seu céu azul, eu armo a despedida, eu despedaço, despercebo. Não noto o som, nem mesmo o flerte. Só vejo os olhos fechados de frente com a porta aberta e fechada.
E se o mistério vem à tona, o padre vem com o raciocínio. Da flor que vem o amor e a promessa,
vem também o espinho que lhe fere a carne. E dessa sai o sangue da dor, da morte e da vida; com sangue se fez a nova crença, de verdades e mentiras pintadas numa parede que nunca fora branca.
E ainda assim eu não nego. Seus olhos fechados são as únicas preciosidades que eu já vi passar e ficar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Carol

Daqui 2 anos, vendo pela data deste post, eu te conhecerei.
Você é linda.
A mulher da minha vida.
Eu te amo, Carolina Santos Beltrão Lemos.
E mesmo que eu não esteja do seu lado agora, eu estou no seu coração.
E você no meu.
E na minha cabeça também.
E nos meus sorrisos.
E a cada frase que eu solto aqui na Tradeal (ou onde quer que eu estiver).
E em cada pequeno átoma, matéria, célula e todos esses nanoorganismos compõem meu corpo humano inteiro.
Eu te amo.
E isso basta para mim!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Pra fazer bonito na avenida

D'outro lado da avenida, vendo carros e baratas, debaixo do vermelho do tráfego e em cima da sujeira, ele deita.
Entre rezas de Deus e cigarros do Capeta, ele revive. Com fome, com sede e com ódio, mas também com muito amor nos olhos.
Repudia a pena, exalta a compaixão e compreende a humildade.
Atravessando a mesma avenida, fora da faixa, ela acorda. Cara inchada, remela no canto do olho e café da manhã na mesa.
Entre o banho quente e a descida de elevador, ela vive. De saia comprida, blusinha branca e cabelos presos.
Passa o perfume, já na porta de casa e solta os cabelos.
Ela dança no salão dos transeuntes e ele assiste ao espetáculo. Ela sorri só para fazer charme e ficar bonito na avenida.
E, no fim, ele aplaude.
E ela agradece.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Olha lá...

E olha lá o trem.
Vem em velocidade alta, passando pelo alto, cortando as florestas mais densas.
E olha lá o trem.

terça-feira, 23 de março de 2010

O Clube de Criação

Aconteceu algo engraçado nesse mês, e eu tive que deixar aqui a minha opinião sobre isso.
O Clube de Criação de São Paulo apresentou a categoria Estudantes que estará no 35º Anuário, em 2010. Segundo o presidente falou, "é fundamental dar espaço para pessoas que estão entrando no mercado e essa nova categoria é uma porta importante que está se abrindo para estudantes."
Eu assino embaixo sem pensar duas vezes. É muito legal que estudantes de publicidade e propaganda, universitários famintos por criatividade, jovens talentos da propaganda possam ganhar uma oportunidade desde o começo. O mesmo presidente diz que essa categoria chega com o papel de oferecer oportunidade e visibilidade aos mais novos. Eu assino embaixo novamente.
Eu, como um bom universitário e aspirante a grande criativo, fui dar uma olhada para ver se isso tudo poderia dar em samba. E aqui vai o que eu acho:

"Atenção senhores do CCSP, tudo que escrevo abaixo não é uma crítica nem ofensa para com vossas pessoas. Mas uma crítica que envolve não só quem está por trás do nome CCSP, mas todos aqueles que estão inseridos no mercado publicitário.
Vocês criam uma nova categoria para entrar no Anuário em 2010, uma categoria para que estudantes possam mostrar seus talentos, provar suas capacidades e, ainda, para que esses mesmos estudantes vejam que a vida não é fácil e é preciso ralar e batalhar para ser reconhecido.
Até aí, tudo bem, boa iniciativa. Porém, quando vamos analisar o Como Participa, vemos que há uma taxa de inscrição. Tudo bem, nada nessa vida é de graça, ainda mais quando se tem um prêmio. Mas cobrar R$120,00 de um estudante para ele receber um troféuzinho barato e sua peça no anuário? Logo vocês, senhores responsáveis pelo Clube de Criação de São Paulo?
Logo vocês que são grandes figuras de proa de agências renomadas. Agências essas que pagam para esses mesmos estudantes que vocês estão cobrando R$120,00, um salário entre R$400,00 e R$700,00. É mais que 25% do salário que ele ganha, pra poder comer na faculdade, poder almoçar nos bairros chiques que suas agências se encontram. E ainda tem aqueles que pagam aluguel e contas de luz com esse salário.
E isso porque não citei nem as agências que não pagam para estagiários, pois é uma honra e, parafraseando Diabo Veste Prada - "a million people would kill for that job". Isso acabou! Ninguém quer trabalhar na pré-história, ninguém quer viver do passado. Aprende-se tanto com o dinossauro, quanto com uma nova bactéria benigna.
Está na hora do mercado publicitário valorizar de verdade as novas cabeças que estão chegando. E não tentar duvidar da nossa inocência e sede ao pote."

Era só isso.
Valeu.

domingo, 21 de março de 2010

Crise

Oceanos imundos, camada atmosférica atingida.
A cada minuto, três ou quatro pessoas morrem de fome nos países mais pobres. A cada nascimento na África, uma pessoa morre portando o vírus da AIDS.
Crianças que trabalham, clandestinamente em empresas ou vendendo balas nos semáforos das metrópoles. O salário mínimo que aquele pai de família ganhava - até ser mandado embora - alimentava 3 das 4 bocas famintas que ele tem em casa.
É carna de vaca louca, gripe aviária, febre amarela. É Haiti, Chile e Indonésia. Tsunamis, Catrinas e El Niños anunciam o 2012 não tão distante. O mundo está acabando.
Jovens que abusam de drogas e marcam pra sempre suas famílias e de outras pessoas que não eram tão inocentes assim, mas não era chegada sua hora.
O pulmão do mundo está escasso, em secreção contínua.
O mundo está em crise. E você aí em crise porque sua vida está pacata?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Errata de uma verdade mentirosa

O post anterior não teve a repercussão que eu queria, então tentarei ser o mais breve e sucinto possível para explicar a situação.


Acima de tudo, eu não sou um preconceituoso. Eu sou ascendente nordestino, meu pai é loiro de olhos azuis, meu sobrenome é judeu e tem gente por aí que diz que sou gay e eu não me importo com isso.
Que isso fique bem claro, não quis de maneira alguma rebaixar os negros. Existem alguns posts do meu blog que falam exatamente sobre isso.


Eu não sou prepotente. Talvez seja um pouco, porque acho que no fim, todo mundo tem um quê de prepotência, mas tem que saber dosar. Porque senão vira palhaçada.


O objetivo do post era dizer barbaridades, chocar por chocar. E no final eu dizia que a verdade seria dita, mas não hoje, não naquele post. Pois nele só tem besteiras e mentiras.


Quem ainda se sentir ofendido, sinta-se a vontade para meter o pau. Estamos aí para isso.
E desculpas para quem ainda se sentir ofendido, não é do meu caráter causar tanto assim.

Errata escrita, desculpas sinceras pedidas.

terça-feira, 16 de março de 2010

Que a verdade seja dita

***UPDATE 06/05/2010***
Não bastasse o post acima com uma breve explicação do que realmente se trata o texto abaixo, estou reforçando para que os próximos leitores do texto não pensem que sou um racista ou filho da puta.
O texto é uma crítica e tão somente isso. Uma crítica a todas aquelas pessoas que julgam outrem sem sequer conhecê-las, assim como fizeram alguns indivíduos ao lerem este texto.
Reforço: não sou racista. O texto causa choque e impacto, mas é apenas um gênero literário, a ironia. Por favor, não o levem ao pé da letra. Sinta-se à vontade para lê-lo, relê-lo e criticá-lo. Mas eu peço encarecidamente para que parem por um ou dois minutos e interpretem o texto como uma crítica e não como uma raiva transmitida em palavras.
No demais, boa leitura.
Obrigado.
*** *** *** *** *** *** *** ***


Que a verdade seja dita.
Eu sou imaturo e irresponsável. As vezes falso e imoral, não julgo nada e julgo a todos. Egoísta, egocêntrico, ególotra. Não ligo e não meço as consequências, a não ser que estas venham ferir os meus sentimentos e desejos.
No mais belo português: eu cago para aqueles que eu realmente não conheço.
Sou preconceituoso, odeio negros, odeio pobres, tenho NOJO de quem mora na rua, de quem ganha um salário mínimo e de quem é negro. Aliás, acabo de cometer um grande erro gramátical, afinal, todo preto é pobre. E ladrão.
Que a verdade seja dita.
Todos amigos que eu digo que são meus amigos são na verdade os meus interesses de curto, médio ou longo prazo. Assim que consigo o que quero deles, os jogo fora como materiais descartáveis, porque para mim a amizade nada mais é do que um lixo. Um lixo reciclável, afinal, quando quero tenho o poder de trazê-los de volta para mim.
Eu sou prepotente, porque eu realmente me acho melhor que a grande maioria que estão perto de mim. Os que são melhores que eu, simplesmente invejo, mas aprendo com eles.
Não suporto o meu trabalho, não suporto minha faculdade.
Neste ano eu mudei de grupo, porque meu antigo grupo me odiava e eu não suportava mais eles, afinal, eram todos péssimos, um bando de incompetentes. Busquei um grupo onde vi que poderia exercer a posição de líder. Um grupo bem meia boca, bem fraco onde eu poderia me envolver facilmente.
Que a verdade seja dita.
Escolhi a integrante que parecia mais inocente e conquistei-lhe o coração. Pronto, já estava dentro.
Não aguentei um trimestre. Elas eram burras demais para mim. E quem me conhece sabe que eu odeio gente burra. Elas não merecem a vida, a inteligência, não merecem o conhecimento. O que eu fiz? Convenci meu antigo grupo, aquele que me odiava, de que na verdade eles me amavam e precisavam de mim de volta. Pronto, já estava dentro de novo.
Eu não presto e eu sei, mas eu não estou ligando para isso. Continuo vivendo e andando de cabeça erguida. Afinal, querendo ou não, eles sabem que eu sou melhor que eles.
E que a verdade seja dita.... mas não hoje.

Cozinha

Eu já não sentia tanto nojo quando decidi me sentar no chão sujo e asqueroso daquela cozinha.
Entre os pisos, o cimento escuro era como uma crosta de sujeira que ia do verde ao preto. Alí sentado pude notar os azulejos oleosos e uma grande quantidade de mofo nos 4 cantos superiores.
Sentei-me para tomar o gole da coragem, mas acabei com uma dose de ânsia.
Debaixo do fogão, já não sabia o que eram grãos de feijão e baratas mortas. Em cima dele, uma panela transbordava vida.
Eu nem podia respirar fundo, com medo de pegar uma doença contagiosa. Besteiras!
Levanta. Enche o balde, abre a porta e diga "bem vindo" ao sol. Uma sacola, duas sacolas, três sacolas.
Oito sacolas de lixo cheias. E é só o começo.
Varre, recolhe, passa. Água, limpeza, água e pano limpo. Pano sujo.
Lava, seca e guarda a louça. Tudo em ordem, alfabética, numérica e simétrica.
Pega a escada e troca a lâmpada. Desce, guarda e acende a luz.
Pronto, agora você pode voltar a respirar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ausência explicada

O barulho da chave entrando na fechadura quebra o silêncio de muito tempo no corredor. A porta está emperrada e custa a abrir, mas com um pouco de força ela se abre e você percebe suas juntas enferrujadas.
O cheiro não é um dos mais agradáveis, a sala está escura e demora-se alguns minutos até eu encontrar o interruptor de luz.
Click. Luz e desespero. É pó, são teias de aranha, é abandono.
Já tinha me esquecido da última vez que abri a porta e desisti de entrar, mas hoje eu estou decidido: vamos reformar tudo isso.
Vou até a lavanderia, pego um balde e o encho de água, pego vassoura, rodo, panos limpos e começo a limpeza. É hora de deixá-lo como no passado.
Me desculpe, não vou mais deixá-lo abandonado.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Eu simplesmente não ligo

Sempre me perguntam porque não me exercito ou vou na academia "puxar peso".
Será que ninguém entende que já sou alguém muito forte.
Além disso, meu intelecto é ciumento demais para eu me dividir.

terça-feira, 9 de março de 2010

O mal do século

EU PRECISO ENCONTRAR AQUELA GAROTA QUE VI POR TRÊS SEGUNDOS NO CHATROULETTE!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Clichês e realidades

Muitas pessoas divagam pensamentos sobre o que é uma frase clichê. É ser batido, é falar o que todos sabem de maneira simples e repetitiva. Se você ouvir a mesma frase de diferentes bocas, aquela frase automaticamente vira uma frase clichê.
E sacrificam muito aqueles que dizem coisas clichês, e transforma-se em uma tarefa muito complicada a de não ser assim. Exige repertório, conhecimento amplo de palavras e sentimentos, para transformar o simples "fulano não te merece, você merece coisa melhor" em algo menos clichê.
E hoje é um dia em que todas as mulheres recebem inúmeras ligações, e-mails, scraps no orkut, replies no Twitter dizendo as mesmices que elas vêm ouvindo há mais de 30 anos.
Então paro e reflito por alguns instantes: para que você vai criar diferentes formas de dizer, se de maneira simples você pode expor a sua ideia?
A diferença entre o clichê e a realidade é que o clichê é algo batido que nem sempre pode ser tido como verdade absoluta.
Por isso eu digo hoje o maior clichê da história feminina:

Mulheres, eu parabenizo vocês hoje e sempre. Afinal, todo dia é dia das mulheres.

Sejam felizes.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O que é a maioria?

Se não o controle dos fracos.

Uma proposta

A proposta é tão simples quanto andar sobre a água.
Deixa tua mão descansar no meu peito.
Deixa seus cabelos soltos no meu rosto.
O beijo e o abraço são de graça, mas o amor...
É só esperar que um dia ele chega.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Inexistente

E quem é você que do nada aparece com um envolope na mão?
Atravessa a avenida fora da faixa, correndo com sua saia comprida.
Toda menina, toda mulher. Sorriso discreto e olhos contornados.
Direcionou suas órbitas a mim e caminhou em minha direção.
Rasteirinha no pé, vem pela calçada com os cabelos bagunçados pelo vento.
Até atiro o meu cigarro pela metade, intimidado pela natureza saudável da moça.
Ela chega, ela para, o sorriso não desaparece.
Sua mão, até então inativa e livre, segura meu braço calmamente.
A pele é macia e suave. Sinto os pêlos se arrepiando e, então, respiro fundo.
Ela entrega o envolepe e beija minha bochecha.
Ela some no vento, na brisa fresca da tarde paulistana.
Um grão de areia na imensa praia paradisíaca.
Abro o envelope: "prazer, eu sou a mentira."

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As mais diversas formas do mundo

Estou sentado na frente da folha branca.
A folha vazia, procurando a ideia.
Anseio e devaneios. Loucura.
Esperando, sedenta, o refrescante gole da inspiração.
Uma foto na escrivaninha, um cinzero vazio.
As cortinas fechadas escondem o sol lá fora.
Brilhante, refletindo a felicidade nos sorrisos mais sinceros dos que pelo parque passavam.
Era uma tarde de verão.
A luz da lamparina à óleo é a única fonte de energia que tenho.
E eu só olho através da fresta.
Pelo vão da cortina.
E lá eu enxergo as mais diversas formas do mundo.

Sobre mim.

Eu sou uma icógnita.
Eu não presto o cigarro que fumo.
Eu valho minas de ouro.
Eu sou uma icógnita.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O perfume é a lembrança.
A memória, o desejo, a mentira.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sobre algo sem sentido que faz sentido para dois grandes amigos

Podemos e devemos sentir o gosto do amargo.
Porque de doce, já basta a vida...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Ponte

Eu sou como uma ponte bamba no alto de uma grande montanha.
Ou você me atravessa de uma vez ou você dá as costas e vai embora.
O que não pode é ficar na dúvida e ir e voltar quantas vezes achar necessário.
A ponte cessa, ela quebra e se desfaz.
E todos aqueles que por ela estavam passando, acabam esquecidos.
Engolidos pela escuridão da fenda.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Sobre as palavras

As palavras sempre se perdem.
E assim eu me encontro.

Sobre aquele filme que eu não me canso de rever...

Eu não sei bem o porque, mas tem fases da minha vida que eu vivo apertando o review do controle remoto.
Eu insisto e repito. Assisto à cena e revivo.
Tudo passa em câmera lenta.
E eu simplesmente não me canso de rever...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pensar é.

Pensar demais é o meu pior defeito...











E minha melhor virtude.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sobre o espelho

O espelho, quando quebra, leva para sempre a última imagem do reflexo...

Pro dia nascer feliz

São tantas coisas acontecendo nesse todo tudo agora que já nem se sabe o começo e o final dessa trilha de pólvora.
É gente que odeia, gente que ama. Gente que some e volta três anos depois. Gente que some e não aparece, gente que imita a vida dos outros.
Momentos que ficam guardados. Na memória, no para sempre ou nas cicatrizes da perda. Momentos que são jogados fora, da janela do prédio, nas ruas imundas e no buraco negro do cérebro. Esquecimentos escuros.
Tristezas...
Mas há também aqueles gloriosos segundos que ressurgem nos dias. Das cinzas reprisam os momentos, sentidos na pele pelo passar dos dias. A gente dorme, tudo passa. Acordamos e o pesadelo chega. É hora errada, mas a gente conserta.
É... estamos por um triz do dia nascer feliz.

Ou não.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Apresentação dos Fatos Humanos - parte III

Meus ouvidos estavam tampados, o ar se perdia no último pedaço de folêgo que estava em cima da mesa, meus olhos confundiam o que era luz e escuridão, numa visão nada em foco da vida.
Podia ouvir, bem ao fundo, o barulho daqueles seres passando por minha volta. Estavam eles preocupados com a minha aparência ou apenas achando que eu era apenas mais um pedaço da natureza? Tanto faz, pois eles ainda assim não puderam me ajudar.
Quantos dias será que passaram? Ou será que foram anos? É estranha a sensação do ir de encontro com a morte, em cima de um barco individual no Rio da Desvida. E olha que nessa situação a correnteza vinha de encontro com meu caminho, tentando ao máximo me levar de voltar. O barco era minha coragem, a correnteza o meu consciente lutador.
Não sei quantos dias, meses ou anos. Para mim foi ontem, mês ou ano passado; para mim foi agora.
Se fecho os olhos, quando posso, ainda vejo a luz que iluminava o "lá fora" que não vejo mais. Sinto meu corpo indo embora, perdendo o peso, o compasso... a vida. É como se você fosse deitado em uma grande nuvem que te leva pelo mundo, flutuando pelo céu, sobre os mares, a natureza, as pessoas.... os pensamentos.
É então que, quando depois de muito tempo os sentidos amorteceram, sinto meus pés coçarem. Sinto meu corpo tomado por uma força que me ergue. Estou subindo, estou flutuando, estou no ápice e a luz do sol já começa a cegar meus olhos virgens.
Ouço o barulho cortar fortemente o vento lá fora, vejo e sinto o calor do sol e da vida do outro lado, vejo gaivotas passando.... a luz, o calor.... o ar!
Respiro fundo, tomo folêgo que já nem conhecia mais. O ar invade meus pulmões, olho para baixo e vejo um grande e negro globo afundar aos meus pés. A âncora se foi e agora eu já posso voltar à superfície.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Desafio

Sentado na minha cadeira de balanço, do lado de fora da minha humilde casa de campo, vou preenchendo meu cachimbo com tabaco, enquanto fumo um cigarro de palha. Tusso sem parar, quase perco o folêgo - as consequências de viver na cidade grande.
Não que eu seja uma pessoa que se irrita facilmente, mas existem coisas que me tiram do sério. A vizinha e seu cachorro são dois exemplos vivos, que muito bem poderiam estar mortos.
A vizinha, uma senhora um tanto quanto velha que costumam chamar - por educação ou caridade - de jovem senhora, acorda todos os dias cedo e liga seu rádio nas estações AM.
Veja bem, uma velha que talvez já tenha idade com três unidades, óbviamente ela é surda. Consequentemente seu rádio acorda toda a vizinhança.
O cachorro, que tem um nome que eu me recuso ao menos saber qual é, anda, fala e dirige um carro todo barulhento. Ah, ele também é conhecido como "o filho de 28 anos da vizinha".
Acendendo meu cachimbo e dando umas tragadas, vou olhando por trás da cerca, voltando ao passado pífio que vivi.
Meu sonho era ter uma fortuna nada mensurável. Ser um magnata que poderia escolher o que quisesse ter dentro de casa, inclusive a mulher de cada dia. Uma pra segunda, outra para terça, e assim por diante. Era jovem, era ganancioso, queria crescer na vida, queria estudar, me formar, abrir minha empresa com meus grandes amigos inteligentes da faculdade e me tornar o novo membro da família Votorantim.
Em suma, eu era mais um babaca brasileiro.
Perdi finais de semana em um escritório buscando a idéia perfeita, o elemento que faltava para o meu futuro enriquecedor.
Meus amigos? Bom, eles fizeram tudo que podiam na época. Beberam, no total, mais de 13.568 litros de chopp, fumaram mais de 1.108 quilos de maconha, sem contar as diversas persiguidas cheirosinhas - ou não - que comeram durante toda a faculdade, e depois.
Resultado: nunca vi a cor do dinheiro que sonhei, perdi 4 anos de faculdade em uma sala pequena, miserável e cheirando a mofo, além de ter me casado cedo com uma mulher que eu tenho vergonha de chamar de mãe dos meus filhos.
Ele se foi faz alguns anos. Na verdade, faz 3 anos, 8 meses, 16 dias e algumas horinhas. Ainda me lembro do churrasco que fiz para mim, em comemoração.
E agora eu estou aqui, sozinho, na casa de campo fumando meu cachimbo. Agradecendo pela vida medíocre que tive.
Obrigado Deus, se é que você existe.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Apresentação dos Fatos Humanos - parte II

Eu não sou nada que preste.
Eu sou a fome, a mentira, a falsidade.
Sou quem veste o preto pra ser fúnebre,
Quem mata a sangue frio pelo prazer.
Não sou sinônimo pra beleza
Muito menos antônimo para a ira.
Sou a chuva que mata, o vento que destrói.
Sou a morte e a destruição.
Quem me vê esconde o medo,
Olham pra baixo, escapam do eixo.
Dão as costas e falam baixo
E fecham os punhos, cerrando os dentes.
Sou o sangue escorrendo pelo pulso
Sou a grande ferida dos olhos.
Eu saio gritando de um buraco fundo.
Prazer, eu sou o ódio.

Apresentação dos Fatos Humanos - parte I

Dou-lhe a rasteira enquanto você pula a corda.
Falo que te amo olhando nos teus olhos, mas te odeio na pele.
Aponto o dedo pra você falando mal de outrem
E ainda peço um abraço pra apunhalar tuas costas.
Aponto a arma quando você vira,
Mas faço questão de lhe chamar quando atirar.
Não meço palavras, escondo elogios.
Eu gosto mesmo é de causar polêmica.
Eu sou o caos, a confusão,
Sou também um covarde.
Que não dá a cara pra bater,
Que só sabe falar ao telefone.
Sou o espelho que não dá bom dia de manhã.
Sou o reflexo que te mede da cabeça aos pés.
Sou a noção do perigo humano.
Sou crueldade.
Carrego a ira da mentira, nos meus olhos só há ódio.
Escrevo nas entrelinhas o que falo
E assisto à desordem na minha poltrona confortável.
Sinto prazer em criar o que não existe,
De moer o café e marcar uma crise.
Eu entro na vida dos outros com um único objetivo:
Causar tristeza e rancor.
Eu não conto os segundos do tombo.
Eu não ando em linha reta.
Durmo de dia e perturbo seu sono.
Um prazer. Me chame de indireta.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Algo que passou e esqueci de marcar

Uma vez me contaram uma história sobre sonhos.
Quem é você e o que você quer fazer da sua vida.
Me contaram que queriam ter várias vidas, como os gatos.
Não precisaria nem ter as sete, como os felinos.
Ela queria três vidas.
Na primeira, ela queria ser artista.
Fazer do mundo sua tela, das ruas o seu palco,
Das conversas a sua música.
Na segunda, ela queria ser médica.
Salvar vidas pelo prazer.
O esporte de se doar voluntariamente.
Na terceira, ela queria ser o que já era.
Alguém que achava que tinha muito com o que se preocupar.
Certa vez me perguntaram quantas vidas eu queria ter
Para poder fazer tudo que quero.
Eu respondi com toda certeza
Que da vida eu só quero ter uma
E dela eu só quero levar a felicidade.

Uma pergunta.

O que é mais tolo?
Assistir tudo em cima do palco ou virar as costas para o espetáculo?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sobre as perguntas em frente ao espelho

Não sou digno de respostas às perguntas que faço ao me olhar no espelho...

O Jogo do Amor

Há situações na vida como essa, que nem sempre eu consigo manter a calma e jogar o jogo. E é preciso ter paciência e não deixar tudo ir por água abaixo.
Eu espero as cartas certas, mas parece que elas nunca chegam. O crupier continua com seu gesto singelo de dar as cartas para cada jogador, brincando de ser Deus, de criador e criaturas, indefesas e impacientes, esperando o flop divino.
E eu estou aqui, cansado de esperar, cansado de fugir, de não dar a cara a tapa. Já vivenciei momentos de glória e desespero, mas está na hora de entrar no jogo.
Que venha o flop, o turn ou o river.

Eu só quero mesmo o meu Ás de Copas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A inspiração

A inspiração não nasce, se cria.
Ela se esconde. Debaixo da cama, atrás dos livros nunca lidos.
É a poeira invisível, a gota d'água no copo de vidro.
A inspiração não se cria, se acolhe.
Ela vem de braços abertos. Envolve o pescoço e mistura com a mente.
É a música ouvida, a memória do outro lado da lente.
A inspiração não se acolhe, se compra.
Com um cheque sem fundo, com moeda sem valor.
Mas você também pode comprar com um pouco de amor.
A inspiração não se compra, nem se vende.
É objeto pessoal com seu rosto estampado.
E no verso você vê o seu nome marcado.
A inspiração é tudo que se enxerga e sente.
É ódio e amor. A verdade de quem mente.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sobre o rascunho

Guardei os meus rascunhos no segredo do que ainda não existe...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lógicas ilógicas sempre seguem uma lógica.

Pode-se até dizer que um raciocínio sem argumentos suficientes para fazê-lo lógico é impossível de ser receptivo. Talvez até tenha um pouco de coerência, mas falta razão. Ser racional demais não é tão bom assim, e se não tiver certo "gerenciamento" de razão, vira-se um cético.
E não que ser cético é algo desgostoso. Mas ceticismo em excesso tende a se tornar ignorância.
Entenderam a ironia? Quanto mais racional você se torna, mais ignorante você fica.
Vamos piorar...
Se você está acostumado e vem de uma sociedade que te ensina que o "certo" é confiar sempre nos inteligentes, e essa mesma sociedade diz que aquele que mais é racional, mais inteligente será seu argumento, como você fica nessa situação?
Não existe raciocínio sem lógica, existe argumento sem construção. Para se obter um raciocínio, ele automaticamente tem uma lógica, por mais ilógica que a lógica seja, ela será uma lógica. Alguém que jogar argumento contra o raciocínio, dizendo que ele não tem lógica e ainda mostrar qual a lógica certa para seu raciocínio, quebrará a cara.
Pensamento não é igual expressão matemática. Não importa como, basta acertar ao valor real de X. Mas vamos ao que interessa...

Havia, certos tempos, uma grande empresa que praticava a mineração em terras nunca antes exploradas. Phillip, um do encarregados de extrair os minérios, fora enviado para uma longa selva, onde o mapa indicava uma trilha, a qual ele caminhava.
Encontrou ao final dela, um local ideal para procurar algo. Começou a escavar e a procurar por pedras preciosas, quando encontrou uma grande rocha de ônix. Um mar negro congelado no tempo, paralisado e embrulhado pela natureza.
Phillip ficou maravilhado e continuou a explorar todo aquele minério. De tempos em tempos, juntava lascas num grande saco que ele levaria com ele. Após algumas horas, cansado, sentou-se perto de uma árvore e viu que, atrás da rocha que ele estava explorando, havia outra que ele também poderia explorar.
Sem titubear, Phillip pegou suas ferramentas e voltou ao trabalho. Não demorou muito e já avistou uma ponta do que parecia ser pedra preciosa. Em um pouco mais de tempo, o homem descobrira uma fonte de esmeraldas. Era nítida a diferença de tamanho, a rocha que Phillip encontrou ônix era quase o dobro do tamanho das esmeraldas.
Mas Phillip ficou apaixonado pelo brilho daquelas pedras. Se fosse uma mulher, seria uma Deusa. O verde encontrava os olhos cansados de Phillip e o davam forças para continuar a escavar, mais fundo, em busca do coração daquela pedra.
Em pouquíssimo tempo, um saco estava repleto de pedras verdes. Foi quando um desastre aconteceu. A rocha estava arriscando desabar e Phillip decidiu sair. Para não acabar de vez com a sua exploração, ficou até quando a rocha começou a soterrar de fato.
Correndo para longe, Phillip ainda viu que dava tempo de salvar um dos sacos. Mas qual salvar? O saco preto da ônix, sua primeira vista, o primeiro encontro. Ou o saco verde de esmeraldas, a paixão e a serenidade? O tempo voa.
Decida-se, Phillip. Ou você com um, ou você sem nenhum, ou nenhum dos três.
A rocha despencou, Phillip hesitou. Respira fundo, você tem três ou dois segundos.
Decida-se, Phillip. 3.
Decida-se, Phillip. 2.
Decida-se, Phillip. 1.
Decidido!
A rocha caiu. Soterrado. Soterrados.
Soterradas...
Resta saber, acabar.

E pra quem ainda acha que isso tudo tem um raciocínio. É, bom.... sei lá. Pra tudo existe lógica.
Obrigado.

Sobre mim

Eu sou meu maior enigma...

Sobre a felicidade

Felicidade é uma pequena dose que não nos cansamos de virar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sobre Shakespeare

"O mundo é um palco, e homens e mulheres, não mais que meros atores. Entram e saem de cena e durante a sua vida não fazem mais do que desempenhar alguns papéis."

Sobre a música

Entre acordes e melodia.
Se é música, é vida.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Se eu pudesse

Se eu pudesse beber o que estou sentindo agora, seria mais saboroso que o hidromel para os deuses.
Se eu pudesse comer, seria o pão, a carne e o queijo.
Se eu pudesse vestir, seria a nobreza, o casual e o romântico.
Se eu pudesse pegar, seria uma pluma, uma seda suave, a liberdade.
Se eu pudesse ouvir, seria o vento, as ondas do mar e os trincos do fogo.
Se eu pudesse respirar, seria o ar puro, os aromas apaixonantes, a felicidade.
Se eu pudesse pisar, seria a água morninha, a nuvem de algodão e a leveza.
Se eu pudesse criar, seria o inexplicável.
Se eu pudesse dizer, seria o amor.
Se eu pudesse exprimir em sentimento visível, seriam lágrimas com sorrisos.
Se eu pudesse dizer, eu diria.
Se pudesse, você seria.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quem sou eu?

É como o vento, o mar e o fogo.
Não se vê, mas se sente, é inconstante e perigoso.
É como a aurora e a chuva.
Um espetáculo natural. Uma obra prima para uns, um descarrego para outros e maldição para infelizes.
É longa estrada que segue indo e depois vindo,
Não existe contramão, as vezes sim, e se bifurca no final.
É personagem de romance europeu.
É mocinha e mocinho. É bruxa e vilão.
Como tirar as meias no verão, é alívio.
E é conforto, como se cobrir nos braços quentes, no inverno.
Um sorriso, um aperto e um desejo. É felicidade.
Uma lágrima, outro aperto e desespero - vocês sabem o que.
É barroco, arte antiga. Antítese de si mesmo.
É modernismo, arte abstrata. Liberta-se nos versos livres.
Todo o sincronismo, a falsidade.
O medo de arriscar, de correr e de sentir.
Um livro de respostas que nunca foi aberto.
É verdade e mentira, uma eterna confusão.
No final, é sempre a mesma interrogação.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A verdade

A verdade é paradoxal.
É um soco no estômago, um sorriso estampado.
É a ponta da felicidade e o tapa na cara.
A verdade é contraditória.
É um tiro no pé e no escuro.
Um calor que invade a fria pele.
A verdade é a mentira bem contada.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Através das janelas

Da janela eu vejo o céu, a noite e as estrelas.
As nuvens bem brancas por trás e por cima do sol.
Da janela eu vejo a rua, os carros e as pessoas.
O casal apaixonado, a família reunida e os amigos se encontrando.
Da janela eu vejo o vizinho, o desconhecido conhecido.
Um filme que não tem fim até que ele aconteça.
Da janela eu vejo as árvores, os animais, a natureza.
Ouço e sinto o vento, assisto ao espetáculo da chuva. Terror.
Da janela eu vejo a vida, eu esqueço a morte e continuo indo.
Desço ladeira e subo as escadas. Escalo montanhas, mergulho em riachos.
Dizem que os olhos são as janelas da vida.
E não há nada mais reconfortante do que olhar, através da minha janela, os seus olhos
E então me lembrar de que há muito mais beleza para se admirar através das minhas janelas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O Ego

O orgulho, a sujeira, a prepotência.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sobre o tempo

O tempo é medida criada pelo homem para que ele tenha algo com que se ocupar enquanto espera seus anseios...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Bomba relógio

Sou bomba relógio.
Tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic..




BOOM!

Sobre ser, humano e nós

O ser é humano enquanto somos animais.
Distintos e irracionais, encontrando a razão no mais singelo sentimento.
O ser é racional enquanto somos mais humanos.
Egocêntricos e idolatrados. Estrelas de cinema num céu escuro.
O ser é humano. E nós?
Nós somos apenas mais um grão de areia, mais uma partícula do vento, mais uma molécula do pingo d'água.
Nós somos vida. E a vida somos nós.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre as cores

Dos tons e cores deste mundo, eu só quero levar o negro dos teus olhos...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sobre amor próprio, egoísmo e respeito

O amor próprio e o egoísmo. Coisas distintas que podem ser facilmente confundidas pelas mentes menos, digamos assim, esclarecidas.
Eu entendo por amor próprio o sentimento que vem de fora pra dentro, tanto quanto de dentro pra fora. É necessário você primeiro refletir e se perguntar "eu me amo? eu realmente me quero bem?" para depois começar a praticar ou continuar praticando esse exercício no seu dia a dia.
Já o egoísmo é a pessoa sempre pensar nela mesma e se por em primeiro plano para tudo na vida. É você ter duas opções, uma favorecendo você e outra desfavoreçendo, e você optar pelo primeiro caminho.
Agora... se amor próprio é você querer sempre o seu bem e o egoísmo é você sempre pensar em você e nas coisas favorecidas tão somente à você, qual é a diferença das duas? Egoísmo e amor próprio, quando vistos por uma mente egoísta, são sinônimos. Já quando vistos por um amante, são extremos opostos.
A diferença entre os dois resume-se em uma palavra: respeito. Você pode amar e pensar em você, sempre. Porém, se não tiver o respeito de entender e estabelecer o seu limite, sua linha imaginária que vai separar o egoísmo do amor próprio sucumbirá e, infelizmente, o egoísmo há de vencer.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Desconectar

Now loading 10%
A vida começa e é contínua. A rotina vem a calhar mais cedo do que você imagina, e quando menos se espera você acorda e dorme pensando nas mesmices diárias.

Now loading 20%
Acorda, fuma, toma banho, trabalha, almoça, fuma, trabalha, trabalha, fuma, trabalha, pega chuva, trabalha, vai pra faculdade, dá risada, se diverte, flerta, sorri, vai pra casa e dorme.

Now loading 30%
Fim de semana!
Bar, cerveja, mulheres, cigarros. Uma vez ou outra é até bom fumar unzinho para relaxar.
Um filminho e uma conversa na sala escura. Fazer filosofia até onde os menos céticos duvidam ter espaço.

Now loading 40%
Renovado. Revitalizado!
Rotina, você pode voltar.

Now loading 50%
Férias? No "equiziste".

Now loading 60%
Drama Autofax.
Quero morrer, quero matar.

Now loading 70%
O stress é meu grande companheiro.
O meu grupo é meu principal inimigo, assim como o meu coração.

Now loading 80%
Estou cansado, irritado, stressado e de saco cheio. Em suma: não quero ver, nem falar com ninguém.
Preciso de descanso, preciso dormir.
Uma nova novela está passando. E terminando também.

Now loading 90%
As luzes de Natal por toda a cidade me encantaram nas primeiras semanas, agora me dão nojo e repúdio.
Preciso fugir e sumir.

Now loading 99%
Arranquei o cabo, fiz log-off.
Me desconectei do mundo.

E voltemos aos 0%...