quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O ponto final

Acho que agora entendi, depois de algum tempo.
Eu buscava desesperadamente um outro alguém a quem me ocupar, perder o sono, a fome e ganhar motivos pra acordar sem reclamar da vida. Achei uma, duas, três... talvez até quatro mil momentos e sorrisos para repôr o vazio que me deixaram.
Mas parece que hoje eu entendi, de verdade.
Olhei para as suas fotos e mal conseguia lembrar do que passamos. Não te esqueci, apenas coloquei o ponto final na nossa história e finalmente fechei o livro.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Destino

"Em uma tarde de outubro, ela quis sair de casa para ir ao cinema sozinha. Pegou seu carro e dirigiu até o shopping mais próximo para pegar a sessão antes do anoitecer. Quinze minutos antes de chegar, decidiu parar em um restaurante para comer. Ali conheceu o seu futuro marido."

Alguns diriam que foi coincidência, outros afirmam que era pra ser. O destino.
A história já escrita entre duas pessoas, a vida de alguém, decidida por outra pessoa, uma força sobrenatural. Era mesmo pra ser? E se ela não parasse para jantar e fosse direto ao cinema, ela conheceria o seu futuro marido? Talvez ele a encontrasse no cinema ou então alguns dias, meses ou anos depois em algum outro lugar comum. Só adiantaram o que estava preditado.
Como as pessoas acreditam que nossa vida tem um destino? Bobagem.
Se você luta para chegar até algum objetivo seu e o alcança, quer dizer que era seu destino ter o que sempre quis? Se for, por que não apenas sentar e esperar que o destino bata à porta? Você nasce e alguém em algum lugar sabe tudo o que vai acontecer com a sua vida.
Uma criança que nasce na periferia, cresce no meio de pessoas crentes em Deus e traficantes que cultuam a maldade, estuda em um colégio público e se esforça para passar em uma universidade federal. Gradua-se em direito, São Francisco, e é visto anos depois como o melhor advogado que o país já teve.
Era o destino daquela criança. Enquanto milhares de outras cresceram no mesmo lugar e se envolveram com drogas, tráfico ou apenas lutam dia após dia para levar o mínimo de dignidade à família no fim do mês? Eu prefiro chamar isso de oportunidade e força de vontade.
O que o destino tem a ver com a nossa vida? Isso não pode existir.
O jovem recém formado, acabou de sair da casa dos pais para morar com sua namorada, que na verdade é esposa porque acabaram de se casar. Em uma noite, voltando para a casa, sofre um acidente na avenida principal e acaba morrendo. Era o destino desse cara morrer? Era o destino da sua mulher sofrer assim?
Ou simplesmente o outro motorista cruzou o farol vermelho porque ele achou que seria interessante ter um pouco mais de adrenalina no final da sua terça-feira entediante?
Me pergunto tantas vezes o que o destino tem a ver com a nossa vida e parece que a única resposta convincente é que o meu destino eu faço com o tracejar dos meus olhos.
Lá na frente eu só enxergo um algo a mais.


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

É

As vezes é tão estranho parar para pensar nas coisas. Ficar atirando as pedrinhas no lago só pra ver as ondas se formando, do menor para o maior, dando total alusão para os pensamentos que me ocorrem de vez em quando. Eles começam tão pequenos, vão aumentando e acabam se perdendo na imensidão azul.
Se eu pudesse escrever uma carta para dizer o que sinto quando eu olho pros seus olhos, eu estaria tentando terminar até, pois neles eu me perco. Não é paixão, não é amor, é apenas... vontade. Vontade de ter sem o desejo de possuir, de dar um abraço sem ter que saber mais nada sobre sua vida. Não é paixão, não é amor, mas eu juro que também não sei o que é isso.
Alguns especialistas no tema mais sem sentido do mundo diriam que isso é platonismo. Que seja, pois é assim que eu enxergo tudo que passo nesse contexto. É tudo mentira, essa vontade de viver dessa maneira. É tudo obra, ficção.
Mas é impressionante como eu volto a falar dos teus olhos. Eu não posso com eles! São dois pêndulos hipnotizantes, que parecem desviar minha atenção. Ao vê-los fechar e seu sorriso abrir, eu me atento.
E é sério, eu não sei o que é isso, mas posso te escrever três certezas.
A primeira é de que você me faz bem.
A segunda é que eu lhe tenho a vontade.
A terceira é que eu dei o chute errado.

E que venha mais uma noite de insônia.

domingo, 15 de agosto de 2010

Outro jeito

Resolvi limpar o meu baú antigo quando encontrei a sua foto. Por que eu ainda a guardava? Não sei...
É sempre um parto te olhar e não lembrar de lembrar de toda nossa curta e intensa história. Uma pena vasculhar o baú procurando a nossa foto em vão, mas tudo caminhou para o que já era fadado.
Mas ao olhar aqueles olhos, não tive como não sorrir. Você estava linda assim como é hoje, esboçando felicidade com as pálpebras se fechando. Um filme, curta metragem, passou pela minha cabeça.
O primeiro contato, as primeiras palavras. A primeira troca de sorrisos. O segundo dia, as conversas e os conhecimentos, as decepções com os defeitos superadas pelas alegrias das qualidades.
A gente ainda não sabia que não teria outro jeito...
O crescimento. As conversas que duravam tardes de trabalho, a noite ansiosa pelo próximo dia, a espera pelo fim de semana para tomar um café e conversar olhando nos olhos, sonhando e planejando um futuro não tão distante.
As surpresas pela descoberta da química perfeita. O conhecer a família, acolher os problemas pessoais, presentear-lhe com palavras dóceis e confortáveis. Ah, como era tão bom viver ao seu lado.
A gente sabia que não teria outro jeito...
Mas insistimos. Nos encontramos mais, conversamos mais e sabíamos que uma hora um de nós teria que acabar. Você foi a escolhida.
Naquela tarde, depois do trabalho, você não respondeu a minha mensagem de texto. Esperei o resto da noite, sonhando em você estar apenas trabalhando até tarde. Publicitários...
Mas você bateu o martelo, e não respondeu. Você acabou e escolheu o nosso bem. E há quem diga que você desistiu. A gente teria um outro jeito, mas optamos por não apostar com uma porcentagem mínima de sofrimento. Mas eu esperava ainda assim uma tentativa...
E hoje olhando a sua foto sei que eu não te conheço.
E, sim, haveria outro jeito.

domingo, 1 de agosto de 2010

Tome nota

Os zunidos que hora ou outra aparecem para me despertar dos sonhos, dessa vez me golpearam bem forte. Não sei em qual momento que o meu corpo ajoelhou-se para o inconsciente e eu notei aquele olhar que antes não era do meu agrado.
Pegue o caderninho, corra, tome nota! O primeiro vestígio tem que ser lembrado.
E depois vem o cheiro. Adocicado e apaixonante, perfumando o meu redor e levitando a minha estima. Até que eu reparei nos meus pensamentos.
Esqueça o caderno, não tome nota. O segundo vestígio confirma os fatos.
O problema é jogar fora o erro que já foi concebido.