domingo, 29 de maio de 2011

Inquietação

O sol nem acordou quando ele estava de pé.
Na frente do armário discutia com sua mente.
Algumas meias, outras cuecas, um par de calças e dois de camisetas.
Tudo que se cabe numa mochila.
Contou seu dinheiro sentado na cama e guardou seus maços em cada bolso que carregava.
Se colocou de pé para começar. Recomeçar.
Tentou não ir até a sala enfrentar o medo.
Que, de forma ou outra, o amarraria de volta às suas angústias.
Lembrou de não deixar bilhete, mas de fazer algumas ligações.
Não falou a hora que voltava.
Abriu a porta, chamou o elevador.
E então se despediu da sua ilusão.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aquela Piscada

Se pudesse descrever aquela piscada de olhos, sem a pretensão de fazê-la da simplicidade, não terminaria até a luz da nova lua.
O tremor do medo, do suspense, de saudade.
O medo do vaso cair e quebrar no chão.
O suspense do escuro.
A saudade da lembrança na teoria.
A vontade de sinceridade, do acerto, do sorriso.
Da sinceridade nada escura.
Do acerto em não cair.
Do sorriso de lembrança na teoria.
Aquela piscada de olhos.
Aquela piscada de tristeza. De angústia.
De sinceridade. De sorriso.
De lembrança.
Aquela piscada de olhos.
E me pergunto como consigo passar horas e descrever. E reescrever.
Aquela piscada de olhos.
Um final de dois segundos.
Mas talvez, nesse romance teatral, haja um segundo ato.
E aquela mera piscada de olhos possa ser a protagonista.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Cinco minutos

Nem que seja por meros cinco minutos, ela é real.
É verdade. De verdade.
A sinto crescer em cada fio de cabelo.
Ela se despede acenando e volta sorrindo quando a respiro de volta.
Não é mentira. De verdade.
Eu não gosto de tê-la como regente.
Não gosto de viver ao lado dela.
Mas enquanto ela está segurando minha mão, posso dizer que vivo para aqueles segundos.
Ou meros cinco minutos.
Ela é real. E intensa.
E como uma piada mal contada, ela se vai de novo.
Sem me arrancar uma risada amarela.
Como uma saudade memorável, ela me aperta.
E expreme, por dentro, uma lágrima triste.
De verdade. Não podia ser, mas é.
E toda vez que ela fica nessa gangorra, nesse sobe e desce que não tem mais fim, me pergunto qual o lado mais pesado.
O meu ou o seu?
O nosso.
Enquanto isso, espero me dar esses cinco minutos.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Incômodo

O silêncio incomoda.
Meus pensamentos somem.
Minha inspiração esvazia.
O silêncio incomoda.
Não o da minha boca.
Mas aquele que já deveria ter notado nos seus olhos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Abismo?

Percorri um longo caminho até aqui.
E, Deus, como é lindo poder olhar tudo daqui de cima, mesmo sentindo apenas um vazio.
Agora paro e respiro fundo.
Pois sei que o próximo passo que eu der eu vou cair.
Na real.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Lei do Silêncio

Dos seus olhos, uma inspiração.
Das suas mãos, o calor.
Dos seus lábios, um desejo.
Dos seus abraços, mais calor.
Da minha cabeça, de nada serve.
De nada escreve.
Do tudo, um nada.
Do nada. O nada.
Ou tudo.
Do nada.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Não é fácil

Pra alguém um dia foi. E se não, nunca será.
Mas se fosse de um dia, o sonho se ia despertar.
Nem isso aqui. Nem acolá.
Nem pra viver. E para amar?
Parece que pra ninguém. Então, nunca será?
E se eu paro cinco horas, umas seis eu vou parar.
Bem sei que não é tão fácil. Para quem quer chegar lá.
Abro umas, duas, três. Espero a quarta me buscar.
Eu desisto de uma fala. Não precisa ser tão má.
A receita do amor que perdi sem nem notar.
Mas eu peco é na pergunta. Um dia você acreditará?
Que de hoje em diante, não será fácil lhe evitar.

domingo, 8 de maio de 2011

Um caminho

Eu juro que muitas vezes eu queria que nossa história estivesse caminhando por uma estrada com mais paisagens do que essa.
Que, ao invés de apenas estar lado a lado, olhando para frente e com pouquíssimas trocas de sorrisos e palavras, pudéssemos apenas dar as mãos e continuar em silêncio.
Mas parece que perdemos o mapa, que nos levaria para aquele maravilhoso X, faz um bom tempo. Como não pensamos em parar na metade do caminho, olhar para trás e procurar por onde estaria o erro inicial?
Apenas continuamos caminhando.
Hoje, após ter ficado alguns dias de distância, percorri mais alguns bons metros. Não sei se quero te alcançar, não mesmo. Acho que a melhor coisa que decidimos (ou decidi sozinho?) foi termos criado esse espaço de umas quatro árvores após notar o mapa perdido.
Estou deitado em uma pedra, sentindo a solidão ser acordada pelo sol quente, implorando cruelmente o reínicio da minha jornada.
Mas eu só quero ficar aqui sentado, bebendo minha água.
Porque da parte do caminho que estou, ainda consigo vê-la caminhar.
E eu sempre estarei cuidando de você, mesmo que de longe.


Feliz dia das mães..? ;)

sábado, 7 de maio de 2011

Ilusão

Now just give me one good reason to believe that you belong to me.
Not now, and maybe never.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Será.... ?

Será que você ainda não percebeu?
Que é muito mais que um bombardeio minucioso e consequente de uma distorção. Tudo isso não vem de uma homeopatia premeditada, não faz parte da minha receita e nem mesmo criei mapas estratégicos pra chegar no ponto X.
Eu simplesmente fui eu. E estou sendo. E, melhor ainda, talve, serei assim pra sempre. Espero.
E seus olhos não mentem. Suas carícias confortam e seus lábios em minha cabeça confirmam. Será que um dia você irá perceber?
Que eu não encaro a disputa como uma necessidade de vitória. Que eu não assisto à sua vida como o fanático mal-interpretado.
Eu não quero vencer, eu quero ganhar. De forma justa, se assim for.
E que eu entendo o seu jeito de pensar. Não prevejo seu movimento no tabuleiro do xadrez, mas sinto seu pensamento como se fosse o meu. Será que um dia você vai acreditar em sintonia? Em harmonia entre diálogos? Em olhares profundos limitados a alguns milésimos?
Na verdade não sei, mas penso em.
E pensar me faz pensar.
Será que um dia você vai notar tudo isso e acreditar? Se já não o faz.
Então porque será?
Eu não sei, mas queria saber.
Por enquanto o que me resta fazer é sonhar.
Que, um dia, você será.

De um homem só

Um grande amigo anônimo me disse, certo dia, que o amor não pode ser comprado.
Eu concordo e até reforço.
Não lhe comprarei anéis de diamantes, não lhe enviarei flores toda semana. Nem todo mês. De piegas morreu o romântico, perdido em meio a tantos desfiles e alegorias.
O que eu posso oferecer vai além da sinceridade, da autonomia, da carga física que lhe falta em sua bateria diária. Eu quero é mais; quero ser um homem só.
Eu não lhe enfeitaria da cabeça aos pés com dourados e brilhantes, muito menos lhe levaria o presente mais caro. O superficial, creio eu, deixo para os mais ilustres exibicionistas. No palco que me oferecem, só subo com meus ideais.
E você se encaixa nele. E neles.
Mesmo hoje entendendo que o que um dia enxerguei em seus olhos eram apenas fantasias minhas, não há nada que me faça fechar a ferida de uma certeza desmascarada. Hoje sei que nada mais sou do que seu lápis preferido. Pronto para rabiscar sentimentos na sua pele e você poder apagar 5 dias em apenas algumas horas.
O meu exército é de um homem só. Enquanto o deles é inumerável, indiscutível.
Do que adianta me esforçar para esperar a bala fria acertar o meu peito e acabar sucumbindo de joelhos, diante à mentira?
Nada.
Agora sei o quão difícil é cruzar um oceano para desencontrar do grande amor.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um livro

O antagonista sempre alcança seu objetivo para depois provar o sabor da derrota.
E os protagonistas vivem felizes em seu conto de fadas. Para sempre.


Só se for no seu livro.