quarta-feira, 29 de junho de 2011

Brincadeira de criança

Não há nada mais sincero que o sorriso de uma criança.
Que com sentimentos límpidos e suaves, interpretam olhares com o mais puro dos corações.
Como quem massageia a alma com palavras doces e afaga seus problemas em um colo quente e confortável. Que te faz sentir, ao lhe beijar a bochecha, arrepios no seu âmago.
A criança apaixonada.
Que desdenha de um abraço, mas prolonga a despedida alisando os seus ombros.
E finaliza com um sorriso que impressiona. Que desperta.
Um sorriso de uma criança completamente sincera...
Foi exatamente assim que você me sorriu no fim dessa noite.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Por aí

A essa hora você está por aí.
Vagando pelas ruas, enconstando-se em uma cadeira. Uma poltrona.
Seu sorriso vai sendo desenhado lentamente por um artista que você talvez tenha medo de questionar.
Seria esse um sorriso verdadeiro? Ou apenas mais uma tentativa de acerto?
A essa hora você está por aí.
Pulando de pensamento a outro, muitas vezes passando alguns para trás sem ao menos encostá-los com os pés.
De vez em quando até senta-se e acomoda-se no aconchego daquela idealização que você pensa ser real. Mas deixa logo de lado quando outra voz lhe chama. E volta pulando para o nada.
A essa hora você está por aí.
Brincando de atuação. Enganando os seus princípios.
Imaginando-se na tela de um cinema.
E eu, aqui, assisto em silêncio a tudo isso.
A essa hora você está por aí.
E por aqui você me deixa sem sua presença.
Volta logo, que eu não aguento mais a insônia.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Anos 80

E cá estou eu, sentado em minha cadeira de vime.
Descansando e balançando os pés, após uma caminhada que duraram alguns bons anos.
Não gosto de reclamar, mas dizem que eu tenho todo o direito.
Até me pergunto, de vez em quando, se existe alguma outra função para exercer.
Pelo menos não enxergo outra resposta diante de tantos olhos perdidos no tempo e no medo.
E nas falsas esperanças.
De um volto já. Um até logo.
Olhos perdidos na saudade.
E diante do espelho, enxergo uma vida inteira.
Nunca tão vivida e levada como desperdício.
Marcas de alguém que aprendeu.
Que viveu.
E agora apenas assopra velas esperando a hora de dizer, também, um até logo.

domingo, 19 de junho de 2011

Não dessa vez

Eu anotei cada inspiração que eu tive para escrever esse texto.
Lembro-me que peguei cada uma no ar, estourando como bolhas.
E as guardei dentro do bolso.
E levei todas pra minha mesa.
Uma, duas, três.
Uma palavra.
Duas fotografias.
Três segundos.
Outras mil que se eu for listar, vira uma prosa.
Mas prefri amassar todas.
E deixar esse texto pra lá.
Pra lá mesmo.

sábado, 18 de junho de 2011

Fernando Pessoa.

Eu juro que não me lembrei de você, mas me fizeram buscá-la.
Atrás do monte, debaixo da escada. Tive até que levantar o meu tapete pra varrer o que sobrou de ti nesses longos anos.
Acontece que muita gente me fez falar seu nome e agora ele não sai da minha cabeça.
Muito menos os porquês, os poréns e os entretantos.
O que aconteceu, eu sei, já aconteceu. Mas eu tenho o direito de ter minha conspiração armada em minha cabeça. Afinal, quem seria eu se você tivesse acredito em mim?
Ou quem seria você se não tivesse? Essa que está aí agora.
Você desfila numa passarela onde os espectadores são meros aplausos do espetáculo. São mais alguns procurando o número da sua cadeira, pra buscar a segurança de estar no lugar certo.
Na hora certa.
E é errado, eu sei. Mas nunca tive a coragem de te consertar. Talvez nunca tive mão para manusear com calma os seus problemas. Mas eu tinha coragem.
E eu refiz as edições anteriores da nossa história. Mudei capítulo tal, esfreguei a página treze. Mas nenhum fato eu deixei de transformar em verdade, mesmo sabendo que naquela história eu já fui tanto herói quanto vilão.
O mais engraçado de tudo é que transformei meu antro de inspiração em uma nada agradável. Eu não aceito, muito menos desejo. Mas está aqui, está ali.
Está lá.
Você até hoje está lá. E eu não esqueço.
E até quero. E quando sonho em refilmar essa minha trajetória, com alguns ajustes, e penso n'outra como princesa, me dá esse medo. Esse medo de se perder no labirinto do quintal do meu próprio castelo.
É o fim. É o fim?
Ninguém sabe, e nem me importa.
Porque hoje o assunto é só você. Nem pensei nela, nem na amada. Só em você.
E confesso que abriu-se lagos, e borboletas voaram, e sinos tocaram.
Ao, hoje, descobrir que você ainda se lembra de mim.
Deveras,
Eu, mesmo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tudo isso é pouco

É como se eu tivesse caído em um pote de mel.
Como se eu pudesse sentir a música sussurrando ao pé da alma.
Como se eu fosse mais leve que o ar.
Como se eu tomasse o gole do mais velho whisky
E degustasse o melhor vinho.
É como fechar os olhos e se sentir seguro.
Como quem respira muito mais que vida.
Muito mais que sorte.
É como se eu iluminasse as minhas noites só com a luz das estrelas.
E esquentasse meu coração com um raio de sol.
O seu sorriso faz tudo isso.
E muito mais.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Eles Não

Até os gananciosos podem ser humildes.
Até os pessimistas encontram sua fé.
Há quem diga que tem pobre ficando rico
E tem até vilão virando herói...
Será que as histórias estão virando verdade?
Só sei que até os diferentes controem semelhanças
E até os mais lerdos chegam em primeiro.
Todos os desafinados alcançam o agudo quando estão amando.
E nenhuma sinceridade se desfaz em mentiras.
Até os hipócritas se enxergam no espelho.
Mas onde os fracos morrem com força,
Nenhum covarde morre com honra.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Ai de mim

Ai de mim se aquele olhar torto entortasse os meus sorrisos.
Se aquele olhar torto creditasse meus pensamentos.
Devolvesse os meus amparos.
Ai de mim se ela me desprezasse até o último capítulo.
Se me calasse com o seu silêncio.
Me trouxesse o medo de perder o jogo.
Ai de mim se ela não esboçasse a arte da felicidade.
E me devolvesse os bons'grados.
As chances de se conhecer.
Ai de mim se ela não fosse o bem maior.
Que veio dos males que sua companhia me causou.
E me causaste euforia em noites solitárias.
Ai de mim, ai de mim.
Se não fosse você para me abraçar neste frio.
E esquentar as minhas mãos.
Desbravar os 7 mares da minha mente trépida.
Ai de mim, ai de mim.
Se não encontrasse essa metade.