quinta-feira, 28 de abril de 2011

Uma obra-prima

Escrevo estes versos num caderno velho e sujo, porque é com minhas mãos tocando as folhas mais suaves que consigo me lembrar do que sinto com você. Será tão longo e efetivo o texto que vem correndo atrás desse grafite desgastado, como quem corre atrás de um sonho e se desespera ao vê-lo partir ao meio? Não há apontador que afie mais essa incerteza sobre essas entrelinhas.
Ao encostar no papel, vejo o literal acontecer diante dos meus olhos. O meu mundo desabando sem hesitação, transformando o branco no preto, o vazio sendo tomado pelo medo, pela fome. Pela esperança, que logo se devaneia entre as curvas do "p" de paixão e os de perdido. E perdido finalizo a frase com as minhas reticências...
Mas meu raciocínio, como um mapa, consegue me colocar no caminho de volta e então corro para alcançar os dois pontos de partida: eu e você. E mal cheguei, já deu pra perceber que essa história toda não teria tantas exclamações de alegria, mas sim milhares de interrogações que sequer um dia seriam respondidas. Por que? Por que não?
E enquanto escrevo posso ouvir uma contraditória borracha ao pé do ouvido. Ora me influenciando a pegá-la o quanto antes e apagar cada momento que vivemos, cada sonho e suas novas oportunidades, cada hora, minuto, segundo... Vez e outra, apenas ignorando meus anseios e insistindo para eu seguir em frente na escrita desta história.
Mas agora chega, esse é o fim da linha. E é aqui que vou terminar o que nem deveria ou até mesmo foi começado nesse caderno velho e sujo. E amarrotado.
Termino meu texto e ponho o ponto final.

Mas sinto como quem ainda não estivesse virado a página.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Só se for...

Sua cabeça gira e você perde o sono. A náusea chega e avisa "eu vou ficar". Você se senta na varanda da sua casa e prefere apagar a luz. Pra pensar.
Pra não pensar.
Mas a lembrança vem, você fecha os olhos e as mãos, respira fundo e a amarga saliva desce pela sua garganta.
O sabor da angústia.
O aperto no coração faz o sangue fervilhar e você consegue pintar nesse quadro negro que insiste em chamar de pensamento a visualização da crueldade.
E mais uma vez a saliva escorre pela sua garganta, dessa vez doce.
O sabor da vingança.
A coisa é ruim e você quer que ela vá embora. Mas ao mesmo tempo cerra os dentes na tentativa, muitas vezes positiva, dela continuar dentro de você.
Até que você finalmente suspira e chora. E, como num pesadelo, você pega o controle remoto para desligar brutalmente aquela cena de filme de terror. Mas ainda insiste em lamber os lábios para que nunca se esqueça daquele gostinho.
É. Sofrer de ódio é terrível.
Por isso eu prefiro sofrer de amor.

Nota: Agradecimento especial pela frase perdida que gerou o post: Yuri Braga

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Da paixão

É engraçado ver você dizendo não, mas seus olhos dizendo sim.

domingo, 17 de abril de 2011

Saudade

Eu não acreditei quando me disseram que você estava na porta.
Meus olhos piscaram duas vezes e se fecharam. E então pude sentir o seu perfume.
Do sofá para a cozinha, num pulo, fui cumprimentá-la. Eram apenas sorrisos. Você se soltou de sua companhia e veio direto para mim, e me deu as mãos.
E de mão dadas seguimos para a sala, onde nos sentamos naquele mesmo sofá. Onde já passamos inúmeros grandes momentos.
Com minhas mãos lhe ergui até meu rosto e lhe beijei os lábios.
E lhe envolvi entre meus beijos e abraços.
Enfim, reacendemos a nossa paixão.
E nós matamos a saudade.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A lua desceu.
Mergulhou numa noite sem estrelas, num buraco negro de ilusões.
Não brilhou como o clichê, nem voltou para buscar o que deixou pra trás.
Ela só desceu, se escondeu.
E a noite voltou a ser mais uma penumbra para os perdidos da escuridão.

sábado, 9 de abril de 2011

A sua volta

E cá estou, deitado em meu divã imaginário. Criando ilusões do porque você me deixou mais uma noite.
Como de costume, o cigarro está aceso. O cinzeiro se lota enquanto eu tento esvaziar a minha mente, mas de alguma forma tudo o que eu penso é no vazio que você me traz. A cada trago eu busco puxar sua presença e me lembro de lhe expulsar junto à fumaça.
E como um bêbado apaixonado, volto a lhe tocar nos meus lábios.
Não me vejo sonhando sem seu toque suave em meus olhos. Procuro motivos para me esconder debaixo da coberta, só que eles somem ao notar a sua falta. A sua volta.
Vez e outra meu celular avisa que as horas passam, até o barulho lá embaixo me diz que tudo está se despertando. Menos eu, sem você.
Estou dormindo o sono dos ausentes e a culpa é toda sua.
As pessoas te chamam de vários nomes.
Mas hoje eu gostaria de lhe chamar insônia.