É, logo eu. Logo eu que fui tão calmo e sereno, levava a vida numa boa, olhando para a traseira do ônibus perdido. Logo eu. Que nunca fui de correr muito atrás da bola, de bagunçar a casa alheia, de dar o mais forte tapa na cara, parcelado em eternas prestações.
Logo eu que não me abalava com a idéia do vício eterno, que era cético pela incerteza e idolatrava a existência da dúvida. Que cresci entre o chão e a vela acesa, passei da lua para o sol nascente, sem não antes perder a ceia de pão e vinho.
Logo eu que olhei pra trás e não conseguia enxergar vestígios do meu passado... É que ele estava na minha frente.
Logo eu que já não conseguia mais sentir o “tumtumtum” na minha pele, passando pelos meus ouvidos e me acordando de sinapse. Logo eu que nem lembrava mais o cheiro da infância. Logo eu que me esqueci das visões que não me importava.
Logo eu, que tinha medo do pingo d’água. Que argumentava contra, só pra fomentar a discussão. Que debatia pelo prazer da dúvida eterna. Logo eu.
Logo eu que nunca me importei tanto com o material. É, não. Talvez eu tenha mesmo um pé na senzala.
E ode ao paradoxo.
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2 comentários:
Fiquei curiosa. Qual é o paradoxo?
Thi, adoro o modo como vc escreve..
Deixa até q eu (como leitora) termine o texto concluindo aquilo que logo pra mim, é um paradoxo.. super me identifiquei com várias passagens.
Continue a escrever, continue a escrever rs. momento Dori hahaha
BjOx
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