quarta-feira, 31 de março de 2010

Pra fazer bonito na avenida

D'outro lado da avenida, vendo carros e baratas, debaixo do vermelho do tráfego e em cima da sujeira, ele deita.
Entre rezas de Deus e cigarros do Capeta, ele revive. Com fome, com sede e com ódio, mas também com muito amor nos olhos.
Repudia a pena, exalta a compaixão e compreende a humildade.
Atravessando a mesma avenida, fora da faixa, ela acorda. Cara inchada, remela no canto do olho e café da manhã na mesa.
Entre o banho quente e a descida de elevador, ela vive. De saia comprida, blusinha branca e cabelos presos.
Passa o perfume, já na porta de casa e solta os cabelos.
Ela dança no salão dos transeuntes e ele assiste ao espetáculo. Ela sorri só para fazer charme e ficar bonito na avenida.
E, no fim, ele aplaude.
E ela agradece.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Olha lá...

E olha lá o trem.
Vem em velocidade alta, passando pelo alto, cortando as florestas mais densas.
E olha lá o trem.

terça-feira, 23 de março de 2010

O Clube de Criação

Aconteceu algo engraçado nesse mês, e eu tive que deixar aqui a minha opinião sobre isso.
O Clube de Criação de São Paulo apresentou a categoria Estudantes que estará no 35º Anuário, em 2010. Segundo o presidente falou, "é fundamental dar espaço para pessoas que estão entrando no mercado e essa nova categoria é uma porta importante que está se abrindo para estudantes."
Eu assino embaixo sem pensar duas vezes. É muito legal que estudantes de publicidade e propaganda, universitários famintos por criatividade, jovens talentos da propaganda possam ganhar uma oportunidade desde o começo. O mesmo presidente diz que essa categoria chega com o papel de oferecer oportunidade e visibilidade aos mais novos. Eu assino embaixo novamente.
Eu, como um bom universitário e aspirante a grande criativo, fui dar uma olhada para ver se isso tudo poderia dar em samba. E aqui vai o que eu acho:

"Atenção senhores do CCSP, tudo que escrevo abaixo não é uma crítica nem ofensa para com vossas pessoas. Mas uma crítica que envolve não só quem está por trás do nome CCSP, mas todos aqueles que estão inseridos no mercado publicitário.
Vocês criam uma nova categoria para entrar no Anuário em 2010, uma categoria para que estudantes possam mostrar seus talentos, provar suas capacidades e, ainda, para que esses mesmos estudantes vejam que a vida não é fácil e é preciso ralar e batalhar para ser reconhecido.
Até aí, tudo bem, boa iniciativa. Porém, quando vamos analisar o Como Participa, vemos que há uma taxa de inscrição. Tudo bem, nada nessa vida é de graça, ainda mais quando se tem um prêmio. Mas cobrar R$120,00 de um estudante para ele receber um troféuzinho barato e sua peça no anuário? Logo vocês, senhores responsáveis pelo Clube de Criação de São Paulo?
Logo vocês que são grandes figuras de proa de agências renomadas. Agências essas que pagam para esses mesmos estudantes que vocês estão cobrando R$120,00, um salário entre R$400,00 e R$700,00. É mais que 25% do salário que ele ganha, pra poder comer na faculdade, poder almoçar nos bairros chiques que suas agências se encontram. E ainda tem aqueles que pagam aluguel e contas de luz com esse salário.
E isso porque não citei nem as agências que não pagam para estagiários, pois é uma honra e, parafraseando Diabo Veste Prada - "a million people would kill for that job". Isso acabou! Ninguém quer trabalhar na pré-história, ninguém quer viver do passado. Aprende-se tanto com o dinossauro, quanto com uma nova bactéria benigna.
Está na hora do mercado publicitário valorizar de verdade as novas cabeças que estão chegando. E não tentar duvidar da nossa inocência e sede ao pote."

Era só isso.
Valeu.

domingo, 21 de março de 2010

Crise

Oceanos imundos, camada atmosférica atingida.
A cada minuto, três ou quatro pessoas morrem de fome nos países mais pobres. A cada nascimento na África, uma pessoa morre portando o vírus da AIDS.
Crianças que trabalham, clandestinamente em empresas ou vendendo balas nos semáforos das metrópoles. O salário mínimo que aquele pai de família ganhava - até ser mandado embora - alimentava 3 das 4 bocas famintas que ele tem em casa.
É carna de vaca louca, gripe aviária, febre amarela. É Haiti, Chile e Indonésia. Tsunamis, Catrinas e El Niños anunciam o 2012 não tão distante. O mundo está acabando.
Jovens que abusam de drogas e marcam pra sempre suas famílias e de outras pessoas que não eram tão inocentes assim, mas não era chegada sua hora.
O pulmão do mundo está escasso, em secreção contínua.
O mundo está em crise. E você aí em crise porque sua vida está pacata?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Errata de uma verdade mentirosa

O post anterior não teve a repercussão que eu queria, então tentarei ser o mais breve e sucinto possível para explicar a situação.


Acima de tudo, eu não sou um preconceituoso. Eu sou ascendente nordestino, meu pai é loiro de olhos azuis, meu sobrenome é judeu e tem gente por aí que diz que sou gay e eu não me importo com isso.
Que isso fique bem claro, não quis de maneira alguma rebaixar os negros. Existem alguns posts do meu blog que falam exatamente sobre isso.


Eu não sou prepotente. Talvez seja um pouco, porque acho que no fim, todo mundo tem um quê de prepotência, mas tem que saber dosar. Porque senão vira palhaçada.


O objetivo do post era dizer barbaridades, chocar por chocar. E no final eu dizia que a verdade seria dita, mas não hoje, não naquele post. Pois nele só tem besteiras e mentiras.


Quem ainda se sentir ofendido, sinta-se a vontade para meter o pau. Estamos aí para isso.
E desculpas para quem ainda se sentir ofendido, não é do meu caráter causar tanto assim.

Errata escrita, desculpas sinceras pedidas.

terça-feira, 16 de março de 2010

Que a verdade seja dita

***UPDATE 06/05/2010***
Não bastasse o post acima com uma breve explicação do que realmente se trata o texto abaixo, estou reforçando para que os próximos leitores do texto não pensem que sou um racista ou filho da puta.
O texto é uma crítica e tão somente isso. Uma crítica a todas aquelas pessoas que julgam outrem sem sequer conhecê-las, assim como fizeram alguns indivíduos ao lerem este texto.
Reforço: não sou racista. O texto causa choque e impacto, mas é apenas um gênero literário, a ironia. Por favor, não o levem ao pé da letra. Sinta-se à vontade para lê-lo, relê-lo e criticá-lo. Mas eu peço encarecidamente para que parem por um ou dois minutos e interpretem o texto como uma crítica e não como uma raiva transmitida em palavras.
No demais, boa leitura.
Obrigado.
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Que a verdade seja dita.
Eu sou imaturo e irresponsável. As vezes falso e imoral, não julgo nada e julgo a todos. Egoísta, egocêntrico, ególotra. Não ligo e não meço as consequências, a não ser que estas venham ferir os meus sentimentos e desejos.
No mais belo português: eu cago para aqueles que eu realmente não conheço.
Sou preconceituoso, odeio negros, odeio pobres, tenho NOJO de quem mora na rua, de quem ganha um salário mínimo e de quem é negro. Aliás, acabo de cometer um grande erro gramátical, afinal, todo preto é pobre. E ladrão.
Que a verdade seja dita.
Todos amigos que eu digo que são meus amigos são na verdade os meus interesses de curto, médio ou longo prazo. Assim que consigo o que quero deles, os jogo fora como materiais descartáveis, porque para mim a amizade nada mais é do que um lixo. Um lixo reciclável, afinal, quando quero tenho o poder de trazê-los de volta para mim.
Eu sou prepotente, porque eu realmente me acho melhor que a grande maioria que estão perto de mim. Os que são melhores que eu, simplesmente invejo, mas aprendo com eles.
Não suporto o meu trabalho, não suporto minha faculdade.
Neste ano eu mudei de grupo, porque meu antigo grupo me odiava e eu não suportava mais eles, afinal, eram todos péssimos, um bando de incompetentes. Busquei um grupo onde vi que poderia exercer a posição de líder. Um grupo bem meia boca, bem fraco onde eu poderia me envolver facilmente.
Que a verdade seja dita.
Escolhi a integrante que parecia mais inocente e conquistei-lhe o coração. Pronto, já estava dentro.
Não aguentei um trimestre. Elas eram burras demais para mim. E quem me conhece sabe que eu odeio gente burra. Elas não merecem a vida, a inteligência, não merecem o conhecimento. O que eu fiz? Convenci meu antigo grupo, aquele que me odiava, de que na verdade eles me amavam e precisavam de mim de volta. Pronto, já estava dentro de novo.
Eu não presto e eu sei, mas eu não estou ligando para isso. Continuo vivendo e andando de cabeça erguida. Afinal, querendo ou não, eles sabem que eu sou melhor que eles.
E que a verdade seja dita.... mas não hoje.

Cozinha

Eu já não sentia tanto nojo quando decidi me sentar no chão sujo e asqueroso daquela cozinha.
Entre os pisos, o cimento escuro era como uma crosta de sujeira que ia do verde ao preto. Alí sentado pude notar os azulejos oleosos e uma grande quantidade de mofo nos 4 cantos superiores.
Sentei-me para tomar o gole da coragem, mas acabei com uma dose de ânsia.
Debaixo do fogão, já não sabia o que eram grãos de feijão e baratas mortas. Em cima dele, uma panela transbordava vida.
Eu nem podia respirar fundo, com medo de pegar uma doença contagiosa. Besteiras!
Levanta. Enche o balde, abre a porta e diga "bem vindo" ao sol. Uma sacola, duas sacolas, três sacolas.
Oito sacolas de lixo cheias. E é só o começo.
Varre, recolhe, passa. Água, limpeza, água e pano limpo. Pano sujo.
Lava, seca e guarda a louça. Tudo em ordem, alfabética, numérica e simétrica.
Pega a escada e troca a lâmpada. Desce, guarda e acende a luz.
Pronto, agora você pode voltar a respirar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ausência explicada

O barulho da chave entrando na fechadura quebra o silêncio de muito tempo no corredor. A porta está emperrada e custa a abrir, mas com um pouco de força ela se abre e você percebe suas juntas enferrujadas.
O cheiro não é um dos mais agradáveis, a sala está escura e demora-se alguns minutos até eu encontrar o interruptor de luz.
Click. Luz e desespero. É pó, são teias de aranha, é abandono.
Já tinha me esquecido da última vez que abri a porta e desisti de entrar, mas hoje eu estou decidido: vamos reformar tudo isso.
Vou até a lavanderia, pego um balde e o encho de água, pego vassoura, rodo, panos limpos e começo a limpeza. É hora de deixá-lo como no passado.
Me desculpe, não vou mais deixá-lo abandonado.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Eu simplesmente não ligo

Sempre me perguntam porque não me exercito ou vou na academia "puxar peso".
Será que ninguém entende que já sou alguém muito forte.
Além disso, meu intelecto é ciumento demais para eu me dividir.

terça-feira, 9 de março de 2010

O mal do século

EU PRECISO ENCONTRAR AQUELA GAROTA QUE VI POR TRÊS SEGUNDOS NO CHATROULETTE!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Clichês e realidades

Muitas pessoas divagam pensamentos sobre o que é uma frase clichê. É ser batido, é falar o que todos sabem de maneira simples e repetitiva. Se você ouvir a mesma frase de diferentes bocas, aquela frase automaticamente vira uma frase clichê.
E sacrificam muito aqueles que dizem coisas clichês, e transforma-se em uma tarefa muito complicada a de não ser assim. Exige repertório, conhecimento amplo de palavras e sentimentos, para transformar o simples "fulano não te merece, você merece coisa melhor" em algo menos clichê.
E hoje é um dia em que todas as mulheres recebem inúmeras ligações, e-mails, scraps no orkut, replies no Twitter dizendo as mesmices que elas vêm ouvindo há mais de 30 anos.
Então paro e reflito por alguns instantes: para que você vai criar diferentes formas de dizer, se de maneira simples você pode expor a sua ideia?
A diferença entre o clichê e a realidade é que o clichê é algo batido que nem sempre pode ser tido como verdade absoluta.
Por isso eu digo hoje o maior clichê da história feminina:

Mulheres, eu parabenizo vocês hoje e sempre. Afinal, todo dia é dia das mulheres.

Sejam felizes.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O que é a maioria?

Se não o controle dos fracos.

Uma proposta

A proposta é tão simples quanto andar sobre a água.
Deixa tua mão descansar no meu peito.
Deixa seus cabelos soltos no meu rosto.
O beijo e o abraço são de graça, mas o amor...
É só esperar que um dia ele chega.