terça-feira, 16 de março de 2010

Cozinha

Eu já não sentia tanto nojo quando decidi me sentar no chão sujo e asqueroso daquela cozinha.
Entre os pisos, o cimento escuro era como uma crosta de sujeira que ia do verde ao preto. Alí sentado pude notar os azulejos oleosos e uma grande quantidade de mofo nos 4 cantos superiores.
Sentei-me para tomar o gole da coragem, mas acabei com uma dose de ânsia.
Debaixo do fogão, já não sabia o que eram grãos de feijão e baratas mortas. Em cima dele, uma panela transbordava vida.
Eu nem podia respirar fundo, com medo de pegar uma doença contagiosa. Besteiras!
Levanta. Enche o balde, abre a porta e diga "bem vindo" ao sol. Uma sacola, duas sacolas, três sacolas.
Oito sacolas de lixo cheias. E é só o começo.
Varre, recolhe, passa. Água, limpeza, água e pano limpo. Pano sujo.
Lava, seca e guarda a louça. Tudo em ordem, alfabética, numérica e simétrica.
Pega a escada e troca a lâmpada. Desce, guarda e acende a luz.
Pronto, agora você pode voltar a respirar.

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