sábado, 18 de junho de 2011

Fernando Pessoa.

Eu juro que não me lembrei de você, mas me fizeram buscá-la.
Atrás do monte, debaixo da escada. Tive até que levantar o meu tapete pra varrer o que sobrou de ti nesses longos anos.
Acontece que muita gente me fez falar seu nome e agora ele não sai da minha cabeça.
Muito menos os porquês, os poréns e os entretantos.
O que aconteceu, eu sei, já aconteceu. Mas eu tenho o direito de ter minha conspiração armada em minha cabeça. Afinal, quem seria eu se você tivesse acredito em mim?
Ou quem seria você se não tivesse? Essa que está aí agora.
Você desfila numa passarela onde os espectadores são meros aplausos do espetáculo. São mais alguns procurando o número da sua cadeira, pra buscar a segurança de estar no lugar certo.
Na hora certa.
E é errado, eu sei. Mas nunca tive a coragem de te consertar. Talvez nunca tive mão para manusear com calma os seus problemas. Mas eu tinha coragem.
E eu refiz as edições anteriores da nossa história. Mudei capítulo tal, esfreguei a página treze. Mas nenhum fato eu deixei de transformar em verdade, mesmo sabendo que naquela história eu já fui tanto herói quanto vilão.
O mais engraçado de tudo é que transformei meu antro de inspiração em uma nada agradável. Eu não aceito, muito menos desejo. Mas está aqui, está ali.
Está lá.
Você até hoje está lá. E eu não esqueço.
E até quero. E quando sonho em refilmar essa minha trajetória, com alguns ajustes, e penso n'outra como princesa, me dá esse medo. Esse medo de se perder no labirinto do quintal do meu próprio castelo.
É o fim. É o fim?
Ninguém sabe, e nem me importa.
Porque hoje o assunto é só você. Nem pensei nela, nem na amada. Só em você.
E confesso que abriu-se lagos, e borboletas voaram, e sinos tocaram.
Ao, hoje, descobrir que você ainda se lembra de mim.
Deveras,
Eu, mesmo.

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