terça-feira, 6 de abril de 2010

Olhos fechados

É na mesa, na estrada e na passarela. Ela passa de saia, de sorriso e olhos fechados.
Do sorriso, do perfume ou desses olhos que se fecham. É tudo tão lindo, tudo tão fascinante. Tudo tão arte.
Obra, matéria, vera prima. Deveras dona da maldade e da bondade, da flor acima do abismo.
E tudo fez-se o mar, o céu e a destruição. Com todo amor e carisma fez do teto a minha casa, do sopro a minha alma e dos olhos a minha vida. Felicidade.
E quando o sol se despede do seu céu azul, eu armo a despedida, eu despedaço, despercebo. Não noto o som, nem mesmo o flerte. Só vejo os olhos fechados de frente com a porta aberta e fechada.
E se o mistério vem à tona, o padre vem com o raciocínio. Da flor que vem o amor e a promessa,
vem também o espinho que lhe fere a carne. E dessa sai o sangue da dor, da morte e da vida; com sangue se fez a nova crença, de verdades e mentiras pintadas numa parede que nunca fora branca.
E ainda assim eu não nego. Seus olhos fechados são as únicas preciosidades que eu já vi passar e ficar.

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