sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Flutuando Pensamentos

Tá bom, eu confesso que sou meio estranho. Dramático por natureza, exagerado por simples opção. Me entrego à romances que mal existem, fantasio histórias baseadas em filmes e idealizo o par perfeito, mas tudo isso só pelo instinto do ser humano que formei dentro de mim.
Hoje, sentado ao pé da janela da sala escura, fumo um cigarro e choro. Não sei se é por mim, não sei se é por você, por todos ou por nós dois. Olho pro céu cinzento lá fora, em seus tons púrpuras junto à massa cinzenta da poluição. Pra mim aquilo é arte, obra divina. Pra muitos, apenas mais um céu da cidade grande.
As luzes acesas dos meus vizinhos iluminam a sala superficialmente e ao fundo eu ouço a trilha sonora da minha madrugada. A melodia perfeita, o momento ideal e a lágrima sofrida de alguém que nunca deixou de ser alguém, ou ninguém. Apago o cigarro e deito no carpete, ainda olhando pela janela.
São tantos os pensamentos que me rodeiam, são tantos os nomes que me lembram, são tantos os momentos que me voltam que eu nem sei por onde começar. Me jogo, me pinto, vou pro meio da rua e grito. Esse sou eu e tudo que fiz não foi pra impressionar. Eu faço porque sou e não apenas porque quero ser.
O soluço que ouço já não vem mais de mim e então percebo que não sou o único coração naquela sala. Há, no mundo, muita gente e semelhanças. O que pode ser fatal pra você, é simplesmente cordial pra mim. Aceitemos as diferenças.
Agora o silêncio paira sobre o ambiente, flutuando todos os pensamentos que estavam em órbita no meu cérebro. O choro cessa no mesmo instante em que o último acorde é feito. Definitivamente: lavei a alma.
Um gesto tão simplório pode causar pantomimas constantes. Redundância, porém cabível. Buscamos a forma perfeita, dizer tudo que sentimos e pensamos com o corpo, com os olhos. E são nesses gestos simplórios que recitamos os melhores poemas.
A última lágrima cai e eu já nem me lembro o porque. O soluço que era de desespero imperceptível se transforma num suspiro de alívio da tensão. Olho pela última vez pela janela e vejo a lua. Fecho as cortinas.
Está na hora de pensar mais no que tenho por perto e deixar os pensamentos flutuantes de lado.

3 comentários:

yuri braga disse...

porra, esse é realmente um post pra ter no nome do blog. nunca tive coragem, mas você fez isso com classe.

parabéns, foi incrível.

Fagaraz disse...

matou a pau
=]

Bia disse...

A última frase.. concordo com ela...