domingo, 30 de agosto de 2009

Queria saber voar...

Queria saber voar, chegar lá no alto e olhar aqui pra baixo. Tocar nas estrelas, sentí-las geladas, mesmo sabendo que são quentes. Perderia o medo de altura, que só tenho pelo receio de poder cair... mas eu flutuaria, assim como os meus pensamentos.
Se eu voasse, eu te levaria lá pro alto, uma vista mais bonita do que a que poderíamos ver juntos da Torre Eiffel. Percorreríamos a Muralha da China no tempo que nos fosse preciso e visitaríamos todos os cantos do mundo, de mãos dadas no céus. Te levaria para as Sete Maravilhas do Mundo e depois as do Mundo Moderno.
Buscaria o algodão que forma as nuvens, os cristais que brilham nas estrelas e armazenaria a luz da Lua em um pequeno pote pra você se sentir segura, caso tenha medo, um dia, do escuro.
Queria saber voar. Assim poderia escapar de todos os meus problemas e trazer as soluções para todos os nossos. Visitaria todo o mundo e todas as pessoas que eu poderia sentir saudades. Fugiria do perigo, pularia do avião se ele estivesse caindo, me salvaria de todas as possíveis maneiras de ter um fim trágico.
Mas então paro e penso. Qual seria a graça de ter tudo que eu bem quisesse sem ter de lutar por aquilo? Qual a graça de não sentir saudades, qual seria o objetivo da minha vida sem ter pelo o que lutar? Seria tão mágico quanto eu penso, poder ter tudo ao meu alcance? Nós, seres humanos, vivemos com um único objetivo: ter objetivos.
É... queria saber voar, não nego. Mas acho que estou bem mais feliz com meus pés no chão...

sábado, 29 de agosto de 2009

Minha pedra

Ando meio desligado e sem vontade. Ando pelo mundo, atravessando as ruas sem olhar e me preocupar se está vindo o carro. Eu ando assim faz tempo, com as duas pernas cansadas, com os pés ardendo e o olhar para baixo.
Ando notando que perdi a graça, que deixei o foco e escondi debaixo da cama o velho caderno de anotações. Ando fumando mais, bebendo mais e me perdendo mais. Ando perdido e sem visão, cego do cérebro. Ando deixando algumas memórias pela metade.
Nas ruas ou em casa, eu ando. Para baixo, para cima, para frente... mas ultimamente eu ando é parado. Ando pensando em mudar, cortar o cabelo de uma maneira diferente, esquecer o passado que ainda é presente e que me tormenta em ser o futuro.
Ando desligando a luz ao entrar no túnel, só pra poder ver você iluminando o final dele. Ouço músicas de amor, só pra andar pensando em você. Ando pensando muito.
Caminho sempre em frente, olhando as vezes para trás... mas parece que por onde eu ando, sempre vou me encontrar com você, minha pedra...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Você é uma droga

Você chegou faz uns 3 ou 4 anos, não consigo me lembrar, mas tudo bem. A culpa não é minha, você me faz girar, perder a cabeça. Não sei se estou melhor com você ou se fico bem pior quando você não está presente.
Você é uma droga!
Não sei se realmente eu gosto de você, não sei se você é a melhor coisa pra mim. Você já me fez passar muito mal, mas na maioria das vezes que nos encontramos, o prazer foi certo. Não posso negar que eu te amo. Você me faz muito bem!
Nas vezes que estamos juntos, eu não me importo se você vem pra passar alguns segundos, durar poucos minutos e eu aproveitar a minha felicidade o resto da noite apenas com você na minha cabeça, ou se você vem, faz uma hora ou duas sem se envolver comigo, depois começamos as nos tocar e por fim, como na maioria, você vai embora. O que eu gosto mesmo é de quando você vem e faz uma horinha comigo, depois me envolve no seu perfume e depois dorme aqui, pra eu aproveitar o restinho que te sobra durante a manhã.
Você é uma droga!
Você é, querendo ou não, um amor a curto prazo. Só mais uma que sempre vem e já se vai. Você é o gosto do mel que se esgotou, e cá entre nós: que mel, hein? Você é uma coisa passageira. Tenho que fingir até pra minha mãe que você não existe. Meus amigos não sabem o que pensam de você. Uns adoram sua companhia (e deixo aqui meu parenteses: esses só fingem ser meus amigos), outros preferem que eu não ande com você. Tem uns ainda que acham que você não me faz bem, mas que não se importa se eu estiver sobre efeito da felicidade que você me traz.
Você é, sem dúvida, uma droga! É uma longa aventura de amor e ódio. Uma longa filosofia num café francês. Sem dúvidas, você é uma droga.
Você me dá sono, me dá fome de viver, de sorrir. Sem você, eu sobrevivo. Mas com você, eu sobressaio. Eu vivo a vida, eu sinto meu sangue correr, sinto o calor do meu coração palpitar cada célula do meu corpor num festejo de felicidade talvez nunca sentido antes. Você sempre me surpreende, me impressiona. Nunca foi pior, os nossos encontros. Sempre é cada vez melhor.
Mas cá entre nós, numa boa: eu sei que você não me faz bem e que eu viveria bem melhor sem você. E se viessem me perguntar se eu quero ter mesmo uma filha, eu respondo: "Sim, eu quero ter." Mas com você eu não quero estar.
É... você é uma droga!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sem Ficção Por Hoje

As vezes me pergunto se Deus é realmente fiel e justo à Suas decisões. Com tantas catástrofes e desesperos rodeando o mundo, nos cercando num meio de desilusões e tristezas que acho que a maior vontade Dele é nos ver em lágrimas. A tal psicologia que diz "bater em seus filhos para que eles aprendam o certo". Pra mim isso é errado e talvez possa me arrepender de estar julgando decisões divinas, mas se Ele for tão bondoso como dizem, ele vai entender o meu sentimento de desprezo e decepção e irá me perdoar.
Ele era um homem como qualquer outro. Forte e alto, bem saudável e esportista. Com mais de dois metros de altura e cem kilos bem distribuídos, ele era sempre um ponto de referência no meio da multidão. "Está vendo aquele cara alí, aquele altão com um sorriso estampado, uma cara de simpático".
Um homem de característica bem viril, porem dócil como uma flor. A aparência de quem dominava sempre a situação, não deixando-a submeter à liderança. Ele tinha todo o controle e, acima de tudo, ele era feliz.
Casado com sua princesinha, toda a imagem máscula que tinha nas ruas, no trabalho e em qualquer outro ambiente externo era praticamente anulado da porta de casa pra dentro. A tratava com carinho, sorria toda manhã ao acordar do lado dela. Estavam sempre juntos em todos os lugares. Eram um casal que acima de tudo se respeitavam e se completavam.
Mas Deus prega peças e nossa vida muda. Hoje o homem que parecia tão forte chora no ombro da sogra. A muralha sucumbiu. Não sabe o que se passa na cabeça das outras pessoas, mas pouco se importa. Ele chora a perda de algo que ele chegou a acreditar que seria pra sempre, que jamais perderia.
Hoje ele chora o amor que foi-se embora, mas mal sabe ele que o amor sempre vai ficar alí. O amor, diferente do que muitos pensam, é um sentimento involuntário. Não se precisa de um coração ou de um cérebro para se amar. Basta ele sentir e lembrar de que a pessoa amada correspondia tudo que ele sentia.
Mas as lágrimas secavam seus pensamentos, o desespero cegava seu cérebro e sua ira contra Deus bloqueava sua sanidade. Ele perdera a mulher da sua vida, ela virou uma estrela. Descanse em paz, Michelle Servais.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Olhos vermelhos

Aqueles olhos vermelhos querem dizer algo
Querem gritar, bater na mesa, saltar pra fora da órbita
A ira que os cerca envolve os ares em lacrimejos
Enraizam no cérebro a repetição dos pensamentos.

Aqueles olhos vermelhos descansam
Olham fixamente pro ponto nulo do céu
Imagina-se preso, sufocado num véu
E então é coberto pela manta da pálpebra

Aqueles olhos vermelhos acordam
Cegos pelo céu, emudecidos pela lua
Mortos vivos de uma noite mal percebida

Aqueles olhos vermelhos choram
E chorando assim voltam a se fechar.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Flutuando Pensamentos

Tá bom, eu confesso que sou meio estranho. Dramático por natureza, exagerado por simples opção. Me entrego à romances que mal existem, fantasio histórias baseadas em filmes e idealizo o par perfeito, mas tudo isso só pelo instinto do ser humano que formei dentro de mim.
Hoje, sentado ao pé da janela da sala escura, fumo um cigarro e choro. Não sei se é por mim, não sei se é por você, por todos ou por nós dois. Olho pro céu cinzento lá fora, em seus tons púrpuras junto à massa cinzenta da poluição. Pra mim aquilo é arte, obra divina. Pra muitos, apenas mais um céu da cidade grande.
As luzes acesas dos meus vizinhos iluminam a sala superficialmente e ao fundo eu ouço a trilha sonora da minha madrugada. A melodia perfeita, o momento ideal e a lágrima sofrida de alguém que nunca deixou de ser alguém, ou ninguém. Apago o cigarro e deito no carpete, ainda olhando pela janela.
São tantos os pensamentos que me rodeiam, são tantos os nomes que me lembram, são tantos os momentos que me voltam que eu nem sei por onde começar. Me jogo, me pinto, vou pro meio da rua e grito. Esse sou eu e tudo que fiz não foi pra impressionar. Eu faço porque sou e não apenas porque quero ser.
O soluço que ouço já não vem mais de mim e então percebo que não sou o único coração naquela sala. Há, no mundo, muita gente e semelhanças. O que pode ser fatal pra você, é simplesmente cordial pra mim. Aceitemos as diferenças.
Agora o silêncio paira sobre o ambiente, flutuando todos os pensamentos que estavam em órbita no meu cérebro. O choro cessa no mesmo instante em que o último acorde é feito. Definitivamente: lavei a alma.
Um gesto tão simplório pode causar pantomimas constantes. Redundância, porém cabível. Buscamos a forma perfeita, dizer tudo que sentimos e pensamos com o corpo, com os olhos. E são nesses gestos simplórios que recitamos os melhores poemas.
A última lágrima cai e eu já nem me lembro o porque. O soluço que era de desespero imperceptível se transforma num suspiro de alívio da tensão. Olho pela última vez pela janela e vejo a lua. Fecho as cortinas.
Está na hora de pensar mais no que tenho por perto e deixar os pensamentos flutuantes de lado.

domingo, 2 de agosto de 2009

Sonhadores

Oito e meia e o relógio toca, despertando-me dos sonhos de uma realidade inexistente. É triste viver a realidade de ser um sonhador, pois o mundo vive, a Terra gira, o universo conspira e as personagens vestem seus figurinos na esperança de não serem realmente descobertas. E os sonhadores? Bom, eles vivem nas coxias do espetáculo sonhando em um dia, quem sabe, estabelecer uma personagem forte o suficiente pra sair detrás dos bastidores.
A platéia está sempre lotada, a contra regragem é realizada com peculiaridade intensa e as luzes já estão prontas pro show começar. Os astros e estrelas são aplaudidos em cada cena e os sonhadores vivem na tristeza do submundo, escondidos atrás de cada cenário, de cada cadeira, de cada fala ensaiada.
Uma peça infantil, um conto de fadas. A esperança de encontrar a fantasia perfeita que se encaixe em simetria com os objetos do local, esquecendo que o mundo ideal não existe.
É, está na hora de sair da Terra do Nunca e deixar de viver no País das Maravilhas....