terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Inexistente

E quem é você que do nada aparece com um envolope na mão?
Atravessa a avenida fora da faixa, correndo com sua saia comprida.
Toda menina, toda mulher. Sorriso discreto e olhos contornados.
Direcionou suas órbitas a mim e caminhou em minha direção.
Rasteirinha no pé, vem pela calçada com os cabelos bagunçados pelo vento.
Até atiro o meu cigarro pela metade, intimidado pela natureza saudável da moça.
Ela chega, ela para, o sorriso não desaparece.
Sua mão, até então inativa e livre, segura meu braço calmamente.
A pele é macia e suave. Sinto os pêlos se arrepiando e, então, respiro fundo.
Ela entrega o envolepe e beija minha bochecha.
Ela some no vento, na brisa fresca da tarde paulistana.
Um grão de areia na imensa praia paradisíaca.
Abro o envelope: "prazer, eu sou a mentira."

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