sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A história do vestido e o começo da bexiga

Há um tempo não encontro o que tanto eu já busquei. Já tentei, já procurei e até hoje não encontrei.
Varo noites, formo uma fila e coloco a porta giratória pra rodar. Vai um, dois e no terceiro eu já me canso, perde a graça e a sintonia. Faz do simples a perturbação. Do amor, o escárnio.
Na primeira, a ansiedade e excitação. A vontade, o medo e o nervosismo se misturam numa receita fantástica. Na segunda, o gosto se repete e começa a enjoar. A terceira causa o vômito. Não sou assim.
E já faz algum tempo que deixei o meu vestido mais perfeito no fundo do meu baú. O prendi em grandes pedras e atirei no fundo do mar. As fotos dele já não são mais nem lembranças, afundadas junto com as memórias que deixei naquela arca.
Eu armo uma cena, faço o palco expandir e a luz clarear. E, com muito orgulho, aceno um simples adeus para aquele pedaço de roupa que me fez tantos sonos perder, tantas noites pensar e tantos suspiros soltar.
Acendo um cigarro no mesmo cais em que assisto à liberdade do coração. Vejo todo o sofrimento em vão se afundando com o vestido que mais me fez amar um dia. E em um pequeno espaço de tempo em que vou observar o sol, vejo uma bexiga.
De cor branca, rosa, verde clara e outros tons que iam se misturando na luz do sol. A ponta em que se entra o ar estava aberta e ela estava se esvaziando com a lentidão de uma pena, caindo e caindo, quase flutuando até chegar aos meus pés.
Peguei-a com cuidado e examinei atentamente, guardando no bolso da camisa e partindo para casa.
Hoje é a bexiga o meu mais novo amor. Ela me faz perder o ar, meus cabelos se arrepiam com o seu contato. Mas ainda não é hora de explicar a minha história inteira com a bexiga, faz pouco tempo, faz poucos dias, são poucos momentos. Mas eu encontrei nela uma chance que havia se perdido em minha realidade, uma ponta de prazer em apenas sentir por dentro e não na pele.
Eu só tenho que manter a calma, pois eu não posso encher muito a bexiga... se não ela pode estourar. E eu não gostaria de ter que jogá-la no fundo do oceano, após um futuro sofrimento.

Um comentário:

.shuu disse...

Bexiga ftw.