quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Marcelo e Carol

O som era bem calmo na manhã de uma Fnac extremamente vazia. Os carpetes pretos da loja na Avenida Paulista estavam novos, como se fossem limpos a cada vez que alguém pisasse neles. A sessão de eletrônicos só encontrava-se os atendentes, de branco, alguns de preto, arrumados naquelas camisas pólos.
Na sessão de livros, no segundo andar, podia-se ver algumas pessoas adeptas à era Hype. Vestidos floridos e óculos escuros eram o que mais se viam naquela nova onda cult que movimentava a cidade, o estado e o país, algo como uma nova "Nova Era" ou uma onda Hippie Alternativo.
Toda aquela encenação deixava Carol um pouco enjoada, porém hipnotizada pelas novas tribos que estavam sendo formadas ou reformadas. Passou rapidamente pela sessão de livros e se dirigiu para o café, que estava com um movimento relativamente parcial para o horário.
Com uma blusinha branca de alças com bolinhas pretas, com as costas abertas, fechada como um espartilho. Uma saia que caía até um pouco depois dos joelhos, num xadrez mais largo do que o costume, fechada por botões do começo ao fim. Nos pés, uma rasteirinha e na cabeça os óculos escuros.
Parou por um instante na porta e achou o Marcelo sentado na bancada. Se aproximou e os dois se cumprimentaram e se sentaram em uma mesa, pediram um café da manhã. Marcelo pediu um café longo, sem açúcar, e 6 mini pães de queijo. Carol pediu um suco de laranja e um tostex.
- Como que tá a facul? - perguntou o Marcelo após engolir o terceiro pão de queijo numa só mordida.
Carol fazia faculdade de moda na Anhembi Morumbi. Suas roupas eram desenhadas por ela mesmo e sua avó costurava para ela.
- Está tudo indo. Nasci para isso, você sabe né Tché?
Os dois eram amigos fazia pouco tempo, mas a amizade aconteceu de uma maneira tão intensa que nenhum dos dois se lembra como se conheceram e nem quanto tempo fazia. Eles diziam que eram conhecidos desde criança e combinaram juntos para um não desmentir o outro.
Conversaram por alguns minutos e depois foram para a Paulista, para Marcelo fumar e eles andarem por lá.
- Você sabe o que é radical livre e qual a sua "importância" para você ter câncer? - perguntou a menina pela enésima vez para Marcelo, que, por sua vez, apenas tragou e olhou adiante.
Carol era uma das poucas do grupo que fazia parte da "geração saúde". Não bebia, não fumava e abominava drogas, mas não tinha preconceito para com quem usasse, até mesmo porque o seu acompanhante era um usuário não-compulsivo.
- Onde vamos almoçar com os dois? - perguntou Marcelo após alguns minutos de caminhada.
- Ela ainda não me ligou. - respondeu a menina olhando para ele através dos óculos.

Um comentário:

Adriana disse...

aaaaaaah, gostei Thi (:
quero mais!