domingo, 7 de junho de 2009

A Última Era

Os guerreiros da última Era eram em sete. Seis e mais um comandante que viviam solitários, vagando pelas terras perdidas da Terra de Ninguém, ajudando os desamparados e lutando bravamente contra os exércitos do mal.
O caçula do bando era um jovem rapaz que tinha um tutor braço direito que o acompanhava na sua jornada junto aos guerreiros. Com sua espada embainhada e mochila nas costas, andava sempre por último, observando todos que alí estavam.
O comandante era um homem bondoso, de aparência nada medonha. Subestimado em batalha, sempre ganhava uma boa briga na arte das duas espadas em mãos. Com movimentos velozes e friamente calculados, conseguia pensar rápido e criar toda uma estratégia de defesa ou ataque em apenas segundos.
O braço direito do comandante era um homem alto, forte e do rosto sem amigos. Vivia ao lado do comandante dando opiniões e o ajudando com qualquer problema que aparecesse. Em campo de batalha, nunca teve medo de correr para cima do oponente e sabia se defender sozinho. Era auto-suficiente.
Ao lado dos dois sempre andavam mais dois soldados. O primeiro tinha uma especialidade única em furtos ágeis. Com a metade do tamanho do braço direito do comandante, e com pernas tão rápidas quanto uma lebre, perambulava pelas cidades e vilarejos procurando por comidas e equipamentos fáceis de serem roubados.
O segundo não era humano. Um ser alto, dos cabelos longos e negros, da pele bem branca e os olhos bem verdes e orelhas pontudas. Sua voz era melódica e, além de falar a língua do seu povo, também falava a língua humana. Tinha pleno domínio na arte carismática e conseguia sempre tudo o que queria sem usar suas armas. O caçula do bando sempre o achou apaziguador demais para estar num grupo de justiceiros.
O último que andava na frente do caçula e seu tutor, era também um jovem rapaz, porém muito mais alto e muito mais forte do que ele. Usava uma armadura pesada e era três ou quatro vezes mais alto que o braço direito do comandante. Na mão direita, punhava uma espada longa de duas mãos, apenas com uma. No outro um grande escudo de metal.
Em um certo dia, os guerreiros decidiram acabar de vez com o mal das Terras de Ninguém e partiram em direção do castelo do Mais Mal Impossível travar uma longa batalha com ele e suas duas aliadas, as Bruxas Más do Inferno.
A batalha durou e perdurou por muitos e muitos dias. Os guerreiros estavam exaustos e o cansaço começou a vencê-los. O primeiro, e talvez o único que não poderia morrer, foi o comandante. Morto com uma apunhalada nas costas da Bruxa Má do Inferno Mór, caiu de joelhos na terra, quando o céu escureceu. As nuvens cobriram o azul em um tom cinza escuro e o grito do braço direito do comandante ecoou por toda Terra de Ninguém. O que não foi suficiente e nem serviu de incentivo, pois minutos depois o braço direito foi morto por um feitiço da Bruxa Má do Inferno Aprendiz.
Desacreditados das duas mortes e totalmente exaustos da batalha, os guerreiros viram-se, pouco a pouco, desistindo daquela guerra. O ágil e habilidoso guerreiro ladrão foi o seguinte e ainda quase escapou de ter a cabeça decaptada, porém não teve sorte e o destino não o deixou ser tão ágil assim.
Quatro dias se passaram e a batalha continuava travada nos campos do castelo de Mais Mal Impossível. Eram apenas quatro guerreiros contra um exército de mal caráters e porcos imbecis que lutavam por algo que nem sequer acreditavam!
O ser que não era humano e o tutor do caçula lutaram até o último instante que aguentaram e o guerreiro alto, muito alto, e forte morreu logo em seguida, deixando o caçula sozinho naquele deserto de podridão.
Sem destinos ou rumos, o caçula simplesmente usou das habilidades do seu querido amigo ladrino. Em meio de tanto soldados imundos, infiltrou-se no meio deles e adentrou no castelo, usando uma pequena capa preta e com os pés descalços. Por lá ficou...
Anos se passaram e o caçula ainda estava lá, sentia-se perdido e parecia ter tornado parte de toda aquela sujeira que sempre teve nojo e mal olhar. Todos os dias, ia até o cemitério onde os guerreiros foram enterrados e sentava de lápide em lápide para conversar sozinho com o vento que alí soprava.
Certo dia, quando tinha saído para o cemitério, encontrou uma jovem senhorita que por alí estava, sentada na beira de uma árvore, lendo um livro. O caçula sempre se admirou por livros e foi até àquela moçoila que não parecia nem um pouco ser uma cidadã do Mais Mal Impossível. Conversaram por horas e então ela se foi, deixando com ele um convite de acompanhá-la em sua nova jornada.
Aquela foi a última vez que caçula foi visto. O último guerreiro da última era, uma era que chegou ao fim. Um fim que só começou com uma vontade de se fazer somente o bem...

Um comentário:

Paula disse...

Amei!
Esse eu entendi... tb só faltava nao entender.

Love you and Miss You
bjbj