segunda-feira, 10 de maio de 2010

Atlântida

Fui visitar Atlantis.
Dobrei o meu barquinho de papel e segui pelo oceano com uma bússola que sempre indicava o sul, ao invés do norte. Foram 4 noites, 2 dias e poucas horas para eu me encontrar perdido na imensidão azul, verde, amarela e vermelha.
Ao chegar numa ilha desconhecida, tive certeza de que Atlantis não fora engolida pelas águas do mar. Ela estava lá. Minha menina, minha Clito, jovem orfã. O sorriso de uma deusa, o canto de uma sereia, um jeito de mulher.
São seres bravos, esses de Atlantis. Lhe agarram as pernas e te afundam no desconhecido oceano. Te desacordam e te levam para as profundezas do que eu mal cheguei a conhecer. Um desprazer de prazeres, uma desordem de sentimentos, um caos aquático.
E de todos os cidadãos de Atlantis, possessivos por conquistas, Clito conseguiu o que parecia mais difícil de conquistar: minha saudade.
Me pego rezando para Atlas, oferecendo o mundo para voltar lá. Mas acordo em meu quarto escuro com um barquinho de papel rasgado e molhado ao pé da cama. Dos olhos não saem lágrimas, do peito não sangra a dor. Só aquele sentimento bagunçado de quem um dia quis brincar de ser Poseidon.
E até hoje me perguntam o que fui fazer em Atlantis.
Eu respondo sem pensar: fui buscar o meu ocalco e não vou descansar enquanto não trouxer pra casa o que foi meu um dia.

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