quinta-feira, 6 de maio de 2010

Licença poética

Mataram a licença poética.
Apontaram o dedo, criticaram e julgaram-na. Colocaram a pobrezinha contra a parede e apedrejaram sem dó, sem entendê-la. Espalharam o boato de que a licença poética era mentira, era verdade. E ainda juraram sua cabeça à morte.
Os mais ignorantes mobilizaram. Sairam nas ruas com cartazes, fizeram greves nas ruas, pintaram as avenidades com o tão sonhado sangue da coitada. Os mais cultos protestavam a ignorância e lutavam pela vida da incompreensível licença poética. Os indiferentes discutiam o futebol do domingo, a novela das oito e as aulas difíceis de cálculo 2.
E há quem diga por aí que a licença poética nem ligou muito para o trantorno. Ela acreditava nas pessoas, na inteligência delas. Mais uma vez: pobrezinha. Foi pega de surpresa depois de tempos e lhe arrancaram a carcaça, o couro. Desmoralizaram-na.
Faz tanto tempo ou foi ontem mesmo, eu já nem lembro, tento me esquecer. A licença poética morreu, mas ainda perambula por algumas mentes mais dispostas.
E ainda dizem que é difícil de interpretar a mente de um gênio. Esses nunca ouviram falar sobre ela, que até hoje faz e causa confusão.
Descanse em paz, mas não aqui.

Um comentário:

Gabriela disse...

GENIAL :)

a ignorância matou a licença poética.