quarta-feira, 26 de maio de 2010

Através do espelho

Ao me olhar através do espelho, meu reflexo é distinto.
Somos tão iguais e diferentes.
Se minha barba não cresce, do meu reflexo exagera. Se eu canto a minha música, ele apenas toca.
Se as minhas piadas são engraçadinhas, as dele são esdrúxulas e de cunho negativo. Não me importo.
Se eu me entrego, ele se guarda. E se eu me guardo, ele me aponta por trás do espelho e ri.
Se eu acredito, ele se nega. Ele é cético, sarcástico e irônico... eu só estou aprendendo a ser. E do outro lado do espelho eu tenho um bigode. E se eu falo, ele apenas ouve.
E ao me olhar através do espelho também vejo meu reflexo bem semelhante.
Somos dois apaixonados que carregam a gentileza no bolso. Consigo olhar nos meus olhos e enxergar que alí o amor existe, e também a compreensão.
E encontramos na música uma saída, uma chegada. E na cerveja de cada dia uma risada.
Meu reflexo ama, sente e fala bem. Eu também. Ansiamos demais, vivemos demais.
Mas o melhor de tudo é poder sentar com meu reflexo na praça e conversar a noite inteira sem ter que se lembrar que o amanhã existe.
É paz, somos paz.

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