terça-feira, 4 de maio de 2010

Distração

Me pego distraído e me encontro desligado, desatento e desperdiçando o tempo. O café e o filme acabaram, puxo três vezes a fumaça do último cigarro e a noite ainda caminha pelo púrpura da madrugada.
O prato sujo do jantar ainda está na mesa, mas ainda tenho fome. Aquele vazio que preenche, que estufa o nada, o vácuo que alimenta o roncar dos órgãos. O livro ao lado é a sobremesa, tenho fome de histórias.
Então isso é que é viver? Respirar, assistir e descrever. Acordar, sentir e perceber. Viver. Ter sede de água, de coca e cerveja. Ter sede de música, de mistério e de palavras. E a cada copo virado mais uma anedota contada, com ou sem risadas da platéia, com ou sem sorrisos bobos da menina.
É quando você começa a deixar de lado a contabilidade dos aniversários e parte pro caminho já dito sem volta. Quando senta no balcão do bar e pede sua gelada em preocupação com quem te observa, te analisa e se questiona. É quando você começa a deixar de acreditar que o acaso realmente brota em árvores.
E pra cada cigarro apagado no cinzero improvisado, um novo pensamento. E é então que eu me pego assim, desligado, desatento e distraído.

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