segunda-feira, 13 de julho de 2009

Cego, Surdo e Mudo

Maçã vermelha da casca lisinha. Aroma de pomar, gosto da manhã. Presa pelo pequeno fio de cabelo ao que chamam os mortais de árvore. Fruto poderoso da semente ativa.
Rosas agrupadas em papéis apresentáveis. Cheiro de sorrisos, pétalas da vida. Unidas pelo simples fato de aproximação de dois órgãos nada atrativos visto pelo olhar humano. É aí que mora o que esses olhos chamam de perigo.
Quem vê com os olhos da cara, enxerga a vida, mas não a sente. Fúteis e banais são aqueles que fecham as pálpebras do coração para olhar somente a tão pequena camada sólida que nos envolve. Seres humanos.
Quando vão aprender? Quantos mais temos que pular? Quantos muros escalar? Seres humanos...
São tão seres que não agem conforme a nomenclatura. Ou até agem, mas o que é ser um humano? É pensar? Pois animais pensam.
Doce ilusão da racionalidade. Os mais cegos da razão por escolherem ser cegos de emoção. Surdos, incapazes de ouvir os altos berros do amor. Mudos ao tentarem expressar o que sentem, chorando todas as lágrimas que queriam ser ditas.
A camada fina que foi denominada derme se dissipa em meio tanto pedregulho, tanta crueldade. Miséria. Misericórdia. Dê o perdão e seja perdoado pelo mais cego de todos: você mesmo. Ame e seja amado pelo mais surdo de todos: você. Queira e seja desejado pelo mais mudo de todos: você.
Ai, ser humano. Até quando você vai viver nessa lenga-lenga de ir, mas não atravessar?

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