terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Saudade

Hoje eu quis lembrar da infância, do cheiro de amaciante que tanto gostava, do gosto da salada de alface que comia forçado antes de ir pra escola, do como era chato aguentar-vos na perua da Tia Iracema, que anos mais tarde descubriria que era uma obra naturalista de um certo "sinhôzinho" Literário.
Me lembro de Chumbinho, meu primeiro apelido na primeira "panela" que participei. Me lembro da festa em que chorei pela mesma panela e os odiei quase que para sempre. Lembro-me de ouvir o hino brasileiro todo final de tarde às sextas-feiras e o hino do acampa todas as manhãs por 20 dias no ano.
Lembro-me da festa de despedida de um grande amigo que não fui por estar num campeonato de cartas, campeonato esse que me fez ter o prazer de conhecer outros tantos grandes amigos que guardo até hoje no peito. Lembro-me de cantar "Ao Senhor Agradecemos, Aleluia" antes de cada refeição em Sorocaba, Arujá e Itapecirica da Serra e de chorar, aos meus 12 anos, quantidade de lágrimas superior a todas que chorei durante os 11 restantes.
Lembro-me de passar para a manhã e ser um anônimo, um ser isolado que teve a chance de escolher a dedo em qual panela entraria. Deixei de lado os meninos que se achavam os melhores e resolvi andar com os mais quietinhos, onde conheci dois grandes amigos, um melhor amigo e um irmão.
Ainda me lembro da primeira namorada, onde nos conhecemos, o primeiro beijo... e o último. Lembro-me da formatura do terceiro ano, das festas que freqüentei com pessoas mais jovens, porém mais experientes. Também me lembro do primeiro cigarro, do primeiro porre e do segundo também, da sensação de estar deixando de ser virgem e do coração apertado ao ter terminado um grande romance.
Fecho os olhos e ainda vejo os dias em que passei em outra cidade, em Minas Gerais, onde conheci muita gente bacana, amigos de um amigo meu, que me faz sentir saudades até hoje. Amigo este o que não fui na despedida pelo campeonato de cartas, o mesmo que senti ódio em minha infância. Isso prova que crianças realmente dizem coisas que não pensam, é normal.
Lembro-me da viagem do carnaval, onde passei grandes momentos com grandes pessoas e também do fim do ano, com as mesmas pessoas e no mesmo local. Lembro-me de quando eu entrei na faculdade, que me rasparam o cabelo, que fiquei feio.
Ainda consigo ouvir o barulho de Jorge Ben Jor e o gosto da tequila em meus lábios quando lembro da primeira balada que fui, pela faculdade.
Lembro-me da primeira vez que entrei em cena em um teatro de verdade, e da última também. Lembro do que senti, das pernas tremerem e do coração palpitar. Lembro das pessoas geniais que conheci pelo teatro. Algumas que nem são do elenco, mas hoje fazem parte da minha vida, outras ainda fazem parte da minha "família"!
Lembro de hoje, de ontem, do mês passado, do ano passado e da década passada. Lembranças que trazem saudade. Guardo para mim todos os momentos, tanto bons como ruins, o que vale a pena é sentir aquela nostalgia toda e ver que a saudade, se olharmos de perto, é um sentimento bom, porque nos mostra que há pessoas no mundo que, mesmo longe, valem a pena de se lembrar...

4 comentários:

Anônimo disse...

sauhsauhsuhaushauhsauhsa
como eu ri
com vc chorando aos 12 anos :S

achei esse o mais bonito
talvez pq eu esteja ai \o/

saudade!

Anônimo disse...

*-*

Gabriela disse...

ah, a saudade nos faz ter certeza de que o passado valeu a pena, né? mesmo com sofrimentos, decepções e coisas que julgavamos como ruins, hoje podemos avaliar os aprendizados e as novas descobertas. fim é uma palavra muito forte e nada acaba, só passa. não acaba porque você leva sempre o sentimento de viver com você, se ter aprendido, crescido.
é, é tudo muito lindo. despedidas são necessárias para que novos encontros aconteçam e sejam melhores ainda do que no início.

ai, infância, pré-adolescência. adoro :)

beijinho, thi.
adoro, ok! de verdade.

;*

Adriana disse...

Saudade é SENTIR que existe o que não existe mais.
Você é o meu preferido nesse meio, Thi.
Parabéns, parabéns, parabéns!