segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ouça

Água por todo lado. Ilhado. É assim que eu estou, num pequeno espaço onde não tenho pra onde correr. Estou preso em uma armadilha, em uma ilha na qual ninguém enxerga, só eu, mas eu enxergo os outros e a vida contínua que eles levam.
Você está alí, nem dois metros de distância, separados por um mar de incertezas e sentimentos escondidos. A ponte poderia ser erguida, mas eu não quis, eu ainda não quero. Por enquanto.
Grito ora e meia para você se virar e ver que cá estou, só te esperando. Quero te trazer para minha ilha chamada coração. Amor e romance. Carinho e, acima de tudo, respeito. Grito com uma voz inaudível, mas você não me ouve. Uma voz que só sai por dentro, que não chega aos lábios e sequer emite som.
Olha para cá, olha? Ouça meus olhos profundamente embalados nesses seus. Encontre-me neles e deixe-me te tirar pra dançar, se envolva no ritmo lento e dançante que tento transmitir. Deixe eu te levar para um outro lugar, uma outra vida.
Ouça as entrelinhas da última carta que enviei na garrafa. Eu vi que foi você quem pegou. Columbina é você, só não quis deixar tão visível assim, logo de primeira. Não quero te assustar com minhas frases, muito menos com meus gritos, mas eu quero que você me ouça. Ouça o que te tenho guardado aqui dentro, ó.
Sento na areia e continuo a te olhar, alí tão distante e tão próxima. Talvez o meu grito não seja a melhor maneira de te fazer me notar.

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