terça-feira, 28 de outubro de 2008

S02E09.I e S02E09.II

"Marcos abriu os olhos mas estava tudo escuro. Via de relance algumas pessoas que julgava serem paramédicos. Ouvia burbúrios e gritos de muitas pessoas, como também várias sirenes distintas e algumas mais ao longe, cada vez mais se aproximando. Seu carro estava tombado para o lado e vidros estavam espalhados por todo chão, em cacos. Do seu lado esquerdo tinha um outro carro com a parte frontal amassada e o vidro rachado. A chuva caía em seu rosto, tentava falar algo, mas não conseguia abrir a boca. Estava vivo e pensava muito nisso, para não cessar e morrer e estava com muito medo, pois sua perna esquerda não se mexia de jeito algum, e sentia seu braço esquerdo cortado, com o sangue escorrendo até a mão, esquentando-lhe o corpo.
Uma coberta o cobriu até o pescoço, enquanto alguém imobilizava o seu pescoço, e então o puseram em uma maca. A última lembrança que teve antes de apagar era a imagem de Bernardo e Renato conversando com dois policiais.
*
Marcos acordou assustado, com os olhos bem arregalados. Estava numa cama de hospital, com a perna esquerda para cima, engessada, um curativo no braço e uma mangueira de ar em seu nariz. Um pi pi constante ecoava pelo local, mostrando que seu coração estava firme e forte, batendo sem nenhum problema.
Na mesa, em sua frente, havia um arranjo de flores que, sem sobra de dúvidas, tinha sido feito pela sua mãe. Olhou para o lado e, ao invés de vê-la, encontrou Renato dormindo num sofá, meio desconfortável. Lá fora a noite estava linda, com um céu estrelado e, com uma dor de cabeça, olhou para o relógio que marcava meia noite e quinze.

Heis que a porta do quarto se abriu e Anahí entrou, com cautela. Olhou para Marcos e sorriu com surpresa:
- Até que enfim, menino! Achamos que você jamais iria acordar. Está se sentindo bem? Vou chamar a enfermeira...
- Estou bem sim. - disse Marcos ainda confuso. - Só uma dor de cabeça chata. Dormi muito?
- Há, apenas por três dias. Hoje é segunda-feira já. Sua mãe estava aqui até ontem, mandamos ela pra casa hoje e o Renato veio pra cá depois do serviço.
Marcos não acreditava. Ficou três dias desacordado:
- Ela está bem, minha mãe? Não queria deixá-la preocupada... - olhou para o arranjo de flores e notou que, além dele, tinha outro vaso com rosas brancas. - Quem mais veio me visitar?
- Ela está ótima. Os médicos disseram que você teve sorte de sair com vida e praticamente ileso do acidente, só quebrou a perna. - a cunhada apontou para o pé do garoto engessado e logo depois para as rosas brancas - Essas foram da Fabi, minha e do seu irmão. Rachamos para não gastarmos muito, afinal, temos que comemorar em grande estilo quando você se recuperar.
Marcos riu e olhou para o irmão, ainda adormecido. Sentia um remorso por ter causado todo aquele problema, não queria preocupar ninguém.
- Roberta passou por aqui também, no dia do acidente. Ela chorou muito, não entendi direito o porque, mas ela se sentia muito culpada. Alguns amigos seus passaram aqui também, da faculdade. Mandaram melhoras e fizeram uma cartinha com o nome de todos, com mensagem de todos, está na gaveta.
Marcos abriu a gaveta lentamente e leu a carta que iniciava com a caligrafia já conhecida de Anita. Mensagem de muitos amigos, motivando-o para sair logo e voltar a viver normalmente. Ficou muito feliz em saber que eles estavam se importando, por mais que esses últimos dias ele mal se importava com a faculdade. Percebeu, então, que era apenas a faculdade e não as pessoas que a freqüentavam. Pensou muito em Roberta, o que será que ela queria e se sentiu mal ao ouvir que ela pensava que era culpa dela. A culpa era dele, somente dele.
- Os médicos disseram que, assim que você acordasse, você ficaria mais um ou dois dias em observação e depois te dariam auta. - continuou Anahí, que tinha uma mãe enfermeira e então estava acostumada com essas situações. - Ah! E antes que eu me esqueça, tem uma menina que veio aqui todos os dias, uma tal de Stela. Disse para eu avisar à você que ela quer muito saber a hora que você acordar, que ela vem te ver no mesmo instante.
- Não avise ainda. Não estou muito bem para visitas. - Marcos respondeu instantaneamente. Não queria ver Stela, não alí no hospital, nas condições que ele estava.
A cunhada fez que sim com a cabeça e seguiu para o sofá. Levantou a cabeça do namorado e sentou, pousando a cabeça dele nas pernas dela, começou a fazer carinho e olhava para a janela:
- Ficamos assustados, menino! Isso não é coisa para se repetir, hein? - começou a menina.
- Eu sei, fiz a maior merda, desculpe. A Rô me ligou e eu fui às pressas para casa dela.
Anahí riu:
- É... Ela também estava aqui, batendo o cartão todos os dias, entrava no quarto e ficava horas sentada do seu lado. Eu jurava que um dia eu entrei e ela estava falando com você, mas ela parou assim que a porta se abriu.
Marcos ficou lisongeado e pasmo. Não imaginaria que Roberta visitaria-o tanto no hospital, como a cunhada estava dizendo.
- E ela não gostaria de saber a hora que eu acordei? Para ela você pode ligar, se quiser...
A cunhada riu. Balançou a cabeça negativamente e continuou fazendo carinho nos cabelos de Renato, que ainda dormia como uma pedra. Marcos sabia que o irmão só estava dormindo porque, provavelmente, ficou acordado os últimos três dias, sem sair do hospital (exceto na segunda que teve que trabalhar) e não aguentou mais e dormiu. O menino reclamou de fome e a cunhada, pacientemente, levantou-se e foi pedir uma refeição para as enfermeiras.
No momento em que ela saiu, a porta mal se fechara quando alguém entrou. Era Stela, com um ursinho na mão. Marcos não entendia como, mas parecia que ela sentiu alguma intuição, dizendo que ele acordou. Ainda em silêncio e com uma grande quantidade de lágrima no olhos, Stela se dirigiu para o lado da cama e deixou o ursinho no peito de Marcos, então o abraçou com cuidado e caiu nas lágrimas.
- Rezei tanto por você. Tive medo de te perder.
- Eu tô bem, Sté. - disse Marcos sem nenhum tom carinhoso ou rancoroso - Não precisa se preocupar tanto. Obrigado... pelo ursinho.
A menina levantou e enxugou as lágrimas, então sorriu. Passou as mãos delicadas pelo cabelo de Marcos e deslizou para seu rosto, que esquentou conforme corava. Os olhares se frizaram e continuavam em silêncio. Stela, com os olho ainda molhados pelas lágrimas, aproximou sua cabeça da de Marcos, como quem o tentasse te beijar:
- Não faça isso, Sté. - o menino cortou o momento que parecia-lhe mágico meses atrás. - Temos que conversar e entender exatamente o que está acontecendo...
- É verdade, me desculpa.
Stela ainda estava com a cabeça próxima de Marcos e foi se afastando lentamente. Quem visse agora acharia que os dois acabavam de trocar um beijo. Marcos ainda sorriu para a amiga e percebeu então que a sala não estava somente os, até então, três.
A sombra no chão o fez perceber que havia uma quarta pessoa na porta, parada. Achou que era a enfermeira e seu prato de comida, mas notou que estava errado quando viu os longos cabelos loiros já conhecidos. Roberta estava alí, parada, olhando para a cena e imaginando as hipóteses mais plausíveis para o que acabava de ver. Olhou secamente para Stela, que no momento se afastava da cama, abrindo espaço para Marcos ver que a menina, na porta, segurava um buquê de flores.
O quarto ficou em extremo silêncio, podendo-se só ouvir os pi pi's da máquina, que aceleraram um pouco com a aparição da dito cuja princesinha do menino."

2 comentários:

Adriana disse...

NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOSSA!
NOSSA, NOSSA, NOSSA!

Eu, que estou acompanhando desde o início a história de Marcos, fico imaginando as cenas a cada novo post. Sem dúvidas, esse foi um dos que mais gostei. Diria que, o ápice dessa nova temporada. Ou não? O que mais está por vir?
ANSIOSA, ANSIOSA, ANSIOSA!

Anônimo disse...

caraaaaaaaaaaio

tá mto legal mano
tá tipo seriado sauhsuhauhsahusuha

maaaano, tá mto legal mesmo
de verdade

consigo imaginar as cenas direitinho